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O choro da viúva

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Por:Neves Couras;

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Há situações da vida humana que por mais que você já tenha visto alguém passar, mesmo em sua família, quando você passa por situação idêntica são reveladoras as atitudes das pessoas no sentido de observarem e criticarem seu comportamento.

Estou passando pelo que se costumou chamar de luto, mas eu diria que é um tempo de recomeço. Foram 44 anos de convivência que não quero classificar nem de bom nem de ruim. Vivi! Desde o ano de 2014, começamos a conviver com um quadro de Alzheimer de meu marido. Falo desse verbo no plural, porque não é uma enfermidade que atinge apenas o portador da doença, mas toda sua família.

Em outras oportunidades já falei dessa doença neste espaço, e, hoje, não vou falar especificamente dela, mas do que vivenciamos durante esses dez anos que durou nosso aprendizado nada é fácil em se tratando dessa doença.

Pois bem, foram anos de mudanças de comportamento, aperfeiçoamento dos defeitos, desconhecimento de relacionamentos, desrespeito e uma enormidade de problemas pelos quais passamos que daria realmente para se contar uma grande história que, dependendo de quem a vivenciou pode ter, inclusive, momentos de muito humor.

Desde a primeira semana de pandemia em 2020, nossa vida teve que passar por infinitas mudanças. Desde o local que morávamos, até a convivência com filhos e comigo mesma. Foram dias e noites longas.

É como se você estivesse vivendo um grande vendaval que não se sabe quando e nem como terminaria. Permitam-me chamar de vendaval, por falta de outro substantivo que possa qualificar a vida de uma família durante 4 longos anos. Não parecia que os dias só tinham 24 horas, nem que o mês só trinta dias. Tudo é infinitamente longo quando se trata de sofrimento e de situações dificílimas de serem enfrentadas.

Graças à minha fé na divindade que nos protege e nos guarda com a mesma intensidade que o sofrimento surge, tivemos força para, com toda dignidade e com todo carinho e respeito possível, dar o cuidado necessário.

Nesse contexto, surge um balaio de coisas, sentimentos, que passamos, surgem as surpresas que nenhuma família precisava sentir e saber. Imaginem o que uma mulher e filhos passam. Ou melhor, ninguém é capaz de imaginar. Essa, é uma daquelas situações que apesar de não desejar que nenhuma família passe, só sabe quem vive.

Em função dessas situações tão adversas, confesso, que foram longas noites e muitos dias que meus olhos derramaram todas as lágrimas que acredito existirem em um ser humano. Não sei como elas são produzidas no organismo, mas sei que no meu, elas tiveram muita abundancia de produção ainda em minha infância, e agora neste período, também foi uma grande produção.

Acredito que se você chegou até essa parte desse texto, poderá está se perguntando: – Por que falar de lágrimas? Porque elas servem para aliviar nosso peito de dores que não somos capazes de falar com ninguém.

Em outros textos, falei de minhas grandes amigas da natureza. Elas, além da bioenergia que me davam, me ouviram, principalmente nestes últimos quatro anos, sem demonstrarem nenhuma “cara feia”, nenhuma falta de tempo, tão pouco reclamavam de meus momentos de fraqueza.

Neste estágio que hoje me encontro, já tenho mais forças e, até tempo para agradecer toda compreensão que recebi de tantas amigas de perto e de longe, dos que me vinham em sonhos para ficarem comigo para quando acordar, ter lembranças de seus sorrisos, de seus carinhos. E, da Mãe Natureza, que se recorremos a ela, certamente, recebemos todo carinho e toda compreensão que pude merecer.

Quanto ao choro da viúva, ela tinha derramado toda sua produção. Elas aliviaram meu coração quando eu precisava. Quando a paz passou a habitar em mim, cessaram. Não precisamos de lágrimas para demonstrar nada. Não precisamos chorar para dizermos que estamos tristes, nem tão pouco chorar significa respeito, carinho e sentimento de dever cumprido.

Com a dor e com o tempo, aprendamos a sermos mais compreensivos, pois somos seres diferentes que têm sentimentos que são demonstrados cada um a seu modo. Respeitem a falta de lágrimas da viúva no momento do enterro, porque você não sabe nada, mas nada mesmo, dos sentimentos que passam na cabeça dela naquele momento.

As minhas lágrimas banharam minha face quando meu coração estava cheio de dor e incertezas. Como acredito que a morte só nos livra do corpo físico, desesperar-me ante a partida de um ente querido não demonstraria nada além da superficialidade das minhas crenças. Na partida, sinto saudades, lembro-me dos bons momentos, mas também me regozijo ao saber que cumpri o meu dever ante ao próximo sendo fiel aos ensinamentos do Cristo Jesus e ao meu coração.

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