As artimanhas do Destino

Por: Emerson Monteiro;

Entre Tudo e Nada, bem ali habita, numa cabana esquecida, o Tempo e as pessoas. Ambos cercados de circunstâncias, e conduzem lentamente o foco do que existe e existirá, indiferentes, no entanto, ao senso do definitivo. Quais, deixam correr o rio das horas através das veias do inexistente. Nesse âmbito inexplicável transitam as multidões inteiras, livres, talvez, do princípio da espontaneidade original. Transitam e obedecem, e dormem logo adiante, nas ruínas de um passado inapelável.

São inúmeras as chances de avistar o fim dos abismos, todavia de olhos por certo ainda fechados à raiz dos acontecimentos; perenes seres andam soltos no palco das ocasiões e se deixam ofertar nos altares dos sacrifícios, isto, por vezes, mas, por cima, cheios de fulgor e vaidades.

Fortes atitudes desse impossível proceder persistem de tal modo que impõem condições inevitáveis às criaturas que as adotam em tais procedimentos, e deixam sobre as palhas que disso resultar. Alimárias do Ser Absoluto, cumprem nisto papeis justos, determinados. Obedecem ao mecanismo da própria consciência, contudo. Firmam pés na crosta deste Chão e só repetem o pouco daquilo que lhes chegar aos sentimentos.

Fôssemos, pois, avaliar os extremos aonde chegar e tão só ilustraríamos as artes de que nos fazemos crer. Daí o desejo incontido das crenças, dos valores, das aventuras humanas em tantos universos até quando despertar na verdade donde vêm todos, seres e objetos, tradições e movimentos, ilusões e conhecimentos. Um exército de pudores a ilustrar o foco das alturas, nós, minúsculos amores dos sonhos em movimento.

Passados foram, por isso, os perenes milênios, enquanto apenas aprendíamos a tocar o firmamento com mãos inseguras, tateando o escuro das distâncias entre os dias e as noites, no sabor de sobreviver, a quanto custo, nessa jornada silenciosa rumo à linha tênue que divide o Ser e o Nada.

 

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