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Em tempos de campanhas politicas, ressurge  a questão da mobilidade urbana, que a cada ano se agrava. Esse é  um serviço de  prestação continuada, de suma importância na vida das pessoas, que  a  cada ano  vai ficando cada vez  mais precário.

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Por já havermos  publicado  aqui mesmo nesse espaço, alguns textos referentes ao tema, recebemos dos leitores do sitio JVM,  vários  pedidos  republicação.

Para evitar a repetição do que já propusemos, trazemos hoje um dos  artigos da nossa lavra,  publicado em  15 de novembro de 2021 cujo link se segue.

Vamos revê-lo juntos?

https://joaovicentemachado.com.br/wp-admin/post.php?post=6898&action=edit

A escolha adequada de um modal de transportes

Por: João Vicente Machado Sobrinho;

O movimento é uma das primeiras reações dos seres vivos, notadamente aqueles que compõem o gênero humano, desde os seus primórdios quando ainda eram nômades. A inter-relação entre os seres vivos desde a comunidade primitiva, sugeria o movimento como forma de vencer o medo recíproco. Muito tempo depois e até em obediência a uma reação natural, serviu como ponto de partida para o estudo da física básica que se iniciou pela cinemática  que nada mais é do que movimento.

Numa época do nomadismo, o único meio de locomoção  conhecido era o pedestrianismo. Ou seja, toda locomoção humana era feita a pé. A mais famosa movimento de  massas que conhecemos, foi através da bíblia que registra a narrativa do êxodo comandado por Moisés e posteriormente sequenciado por Josué em busca da Terra Prometida.

Simultaneamente surgiu a ideia do uso dos animais como meio de locomoção, tendo o camelo como veiculo pioneiro.

O Êxodo – De Moisés a Josué

Ainda hoje o camelo é utilizado como veículo de transporte humano, é usado nas caravanas que transitam pelo  deserto. Foi em  lombos de camelos que na década de 1910 do século XX, Terence Eduard Lawrence, o Lawrence da Arábia, um oficial do exército inglês, diplomata e escritor, viveu uma verdadeira epopeia na 1° Guerra Mundial. Lawrence fomentou a revolta árabe contra o império Turco Otomano, narrada no seu livro, Os Sete Pilares da Sabedoria, cuja leitura nós recomendamos.

Antes disso, milênios se passaram até que fosse descoberta a roda, possibilitando a construção das grandes obras da história como é o caso das pirâmides do Egito.

Nas grandes construções eram utilizados rolos cilíndricos de madeira, em forma de rodas  sobre tabuas longas, que facilitavam o deslocamento de imensos blocos de rochas usados na estrutura dos monumentos históricos.

Hoje em dia, na era da velocidade e da cibernética, fatos históricos como esses podem até parecer duvidosos para as pessoas mais jovens. Todavia foram fatos reais, que representaram na verdade um grande avanço científico e tecnológico para a época.

No Brasil da atualidade vivemos dois cenários preocupantes que estão a exigir atenção e providências dos governantes em todas as esferas de poder. A questão da mobilidade cobra deles uma solução eficiente, eficaz e sustentável para a locomoção de pessoas e das mercadorias.

O primeiro cenário é palpável e revela com clareza,  a esperada exaustão do modal rodoviário atualmente em uso prioritário no país. Os gigantescos congestionamentos se repetem no nosso dia a dia, provocando um trânsito lento, devagar, quase parando, tendo como uma das causas o número descontrolado de veículos automotores em circulação.

Os veículos automotores vêm aumentando de número de forma continua e descontrolada, atropelando o planejamento de toda nossa infraestrutura viária, exigindo políticas públicas de mobilidade que possibilitem sair do impasse.

O segundo cenário é de ordem econômica e vem se agravando com o aumento galopante dos custos operacionais, consequência dos injustificáveis reajustes semanais dos preços dos combustíveis e lubrificantes, que inviabilizam o uso de veículos automotores, prejudicando o trabalho de muita gente.

A substituição do modal rodoviário por outro mais adequado, nos parece inevitável e para comprovar é bastante analisar detalhadamente os modais de que dispomos para uma escolha adequada de um substituto. O êxito dessa mudança dependerá de um planejamento que nos encaminhe a uma solução economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Para os que não têm intimidade com o tema, é necessário que algumas conceituações sejam apresentadas para facilitar um melhor entendimento da nossa ideia, começando pela definição do verbete de cada modal.

Chamamos modais de transporte as modalidades de transporte disponíveis, considerando o meio por onde o deslocamento acontece, ou seja, se através de rodovias, ferrovias, pela água, pelo ar, etc.

Desse modo, os tipos de modais de transporte mais conhecidos no Brasil de hoje são:
1. Modal Rodoviário
2. Modal Ferroviário
3. Modal Hidroviário ou Aquaviário
4. Modal Aéreo ou Aeroviário
5. Modal Dutoviário
6. Modal Infoviário

O Brasil colônia sempre conviveu com as sequelas decorrentes das dificuldades financeiras de Portugal cuja economia estava em declínio. Apesar disso e até talvez por isso, o Brasil já flertava de há muito com a Inglaterra e não tardou a criar uma dependência econômica do imperialismo britânico, dependência essa que se aprofundou a partir de 1822.

O modus operandis britânico era igual à relação imperialista desvantajosa que o país tem hoje com os Estados Unidos. A Inglaterra, o império econômico da época, tinha em seu favor a autoria da primeira revolução industrial acontecida por volta de 1760. Exibia orgulhosa a máquina a vapor recém descoberta, como um troféu tecnológico que revolucionou o mundo industrial, movido até então através à força humana.

Diante de um país jovem, imberbe e ainda imperial como o Brasil, potencialmente rico, o flerte com a Inglaterra virou namoro, o namoro acabou em casamento que iria durar mais de um século. O Brasil sempre entrava com o pescoço e a Inglaterra entrava com o facão.
Naquela época teve início a nossa dependência de capital externo que nos levou ao endividamento continuo que ainda hoje nos mantem dependente.

A máquina a vapor abriu as cortinas para a implantação de novos meios de transportes e para a modernização dos meios de transportes já existentes. Isso aconteceu com a navegação marítima e fluvial, até então movida à vela ou através da força humana. Na navegação de longo curso foi implantada a máquina a vapor para substituir o uso da vela ou a força humana usada nas galés.

Quem teve a oportunidade de ver o filme épico Bem Hur, deve lembrar da figura do ator Charlton Heston remando juntamente com diversos remadores que eram  escravos como ele.

Em 1866 a Alemanha anunciava ao mundo a descoberta do motor à combustão ou à explosão como queiram, um invento revolucionário que mudou definitivamente os rumos da história. A descoberta alemã, além de se apresentar como alternativa mais eficiente ao uso da máquina a vapor, propiciou a descoberta do veículo automotor, abrindo as portas para navegação aérea através do avião.

A essas alturas quatro ou cinco dos tipos de modais de transporte hoje em uso estavam descobertos e à disposição da humanidade.

A revolução técnico/cientifica no segmento da eletrônica que viria em seguida, completaria o leque de modais de transporte citados no início, notadamente a partir da segunda guerra mundial. Daí para as descobertas tecnológicas em eletrônica foi um passo decisivo para o desenvolvimento do primeiro computador programável. Nesse aspecto a nossa Paraíba sobressaiu – se de forma pioneira.

A Escola Politécnica de Campina Grande, a saudosa Polí,  instalou o primeiro computador do Norte e Nordeste e o terceiro do Brasil, um IBM1130.

Toda e qualquer opção por modal de transportes que viermos a adotar, apresentará vantagens e desvantagens, ou seja, existirá sempre um preço a pagar. Com os modais de transportes listados anteriormente não é diferente.

O primeiro e mais antigo dos modais de transporte é o Modal Aquaviário que vem da época da canoa ou piroga, usada pelos indígenas e ainda hoje em uso intenso em algumas regiões como a Amazônia. Em países costeiros ou de grandes volumes de água fluvial, cortados por rios, lagos e mares interiores, esse modal poderá ser mais ousado e movimentar até navios de médio e grande calado como é o caso dos rios da Amazônia brasileira.

O Modal Aquaviário é o que recebe menos investimento público e por isso não tem tido o desenvolvimento que o potencial brasileiro permite.

O Modal citado apresenta grandes vantagens sobre os demais, sobretudo pela maior capacidade de transporte de cargas ou passageiros por embarcação. Além disso é muito menos impactante ao meio ambiente, com baixíssimos lançamentos de monóxido de carbono (CO) na atmosfera. O custo operacional é baixo e a manutenção das aquavias é quase nenhuma, por motivos óbvios.

A nossa adesão ao Modal Rodoviário usado majoritariamente pelo Brasil atual, aconteceu a partir da década de 1960 como uma exigência da indústria automotiva que estava se instalando e se apresentava ávida por mercado.

No decorrer do tempo o transporte rodoviário começou a apresentar desvantagens, diretamente proporcionais ao número de veículos em circulação, o que tem levado os especialistas a pensar cada vez mais intensamente na necessidade de opção por outro modal hegemônico.

Vejamos as desvantagens do Modal Rodoviário:
A insegurança nas estradas brasileiras transformou o modal rodoviário no mais perigoso do Brasil. Ele se destaca nas estatísticas oficiais com um índice de 97% de acidentes de tráfego, seja em vias urbanas, seja na malha viária.

Além disso o modal rodoviário tem uma incidência muito forte de roubos de carga que, segundo as estatísticas da CNT para o ano de 2019, ocorreram mais de 18 mil roubos de cargas. Nos estados de maior densidade populacional que é o caso do Rio de Janeiro e de São Paulo, no mesmo ano de 2019, aconteceu quase um roubo por hora e isso é assustador.

Outra grande desvantagem do modal rodoviário é a baixa capacidade de carga dos veículos automotores. Como o volume de cargas em circulação é cada vez mais crescente, há necessidade do aumento no número de veículos que, além de atravancar o tráfego já congestionado das estradas e das urbes, causará danos permanentes às rodovias que exigirá mais e mais conservação, manutenção e ampliação. Tudo isso contabilizado, reflete diretamente no preço do frete.

Os preços crescentes dos combustíveis e pneus vêm contribuindo pra acelerar a inviabilidade do modal rodoviário hoje sob o olhar cada vez mais crítico dos organismos internacionais de meio ambiente. Há uma preocupação mundial com o lançamento de monóxido de carbono (CO) na atmosfera cada vez em maior quantidade, o que torna o modal rodoviário insustentável em termos econômicos e ambientais.

O Modal de Transporte Ferroviário, foi por décadas relegado a segundo plano, sendo por fim sucateado por falta de investimentos públicos. Aliás, historicamente o grande investidor em infraestrutura sempre foi o estado. Tudo quanto temos em infraestrutura de estradas, em abastecimento de água e coleta de esgotos, em construção de grandes obras civis, em irrigação de grandes áreas, em grandes construções de obras viárias como pontes e viadutos, transmissão de energia etc, foi construído com dinheiro público, dinheiro nosso. O investidor privado foge desse tipo de investimento como o diabo foge da cruz. O ente privado nunca se interessou por plantio, pois a ele só interessa a colheita.

Em termos de ferrovias, logo após a dita independência de 1822, o Brasil teve um aporte de significativos investimentos feitos pelo capital inglês, não por interesse filantrópico, mas por interesse na venda dos seus produtos industrializados e na compra de matéria prima, ou seja, era interesse indo e voltando.

Nessa época o financiamento inglês abarcava uma gama de atividades e os exemplos pontificavam em nomes e siglas inglesas, como exemplo a Great Western do Brasil uma multinacional inglesa responsável pela construção e operação de ferrovias principalmente na região nordeste.

Surgiram também outras empresas de origem inglesa, com atuação em outros segmentos econômicos como transportes urbanos: Brazillian Street Rawlwei, Parahyba Tramweis; abastecimento de água, Parahyba Watter Company; e até em ecoturismo, The Botanical Garden Railroad Company, etc.

Há de se destacar também o financiamento do capital inglês a iniciativas locais como aqueles que foram feitos ao Barão de Mauá para a construção da estrada de Ferro de Petrópolis e Estrada de Ferro Central do Brasil.

A partir de então, pouco ou quase nada se acrescentou em modernização tecnológica às ferrovias que sucumbiram de vez no Processo de privatizações neoliberais, pilotado inicialmente por Fenando Henrique Cardoso, que jogou a última pá de cal nas nossas ferrovias.

Além do transporte de cargas o Modal Ferroviário transporta também pessoas e na nossa avaliação, logo, logo estará de volta ao nosso cenário de transportes pela indiscutível viabilidade econômica e sustentabilidade ambiental.

As vantagens de uso do modal ferroviário, são tanto de ordem econômica como de ordem ambiental. O Brasil como signatário de acordos internacionais de preservação do meio ambiente, tem obrigação de cumpri-los sob pena de represálias severas.

Segundo as  informações técnicas, cada vagão de trem é capaz de transportar 120 t de carga. Assim sendo uma composição ferroviária de 20 vagões sendo rebocada por duas locomotivas, transportará 2400 t de cargas, o que corresponde a 80 carretas de 30 toneladas. Simples assim!

O investimento inicial na construção das ferrovias poderá até ser considerado elevado em decorrência da viabilidade do traçado que se obriga a priorizar uma declividade que permita a transposição do relevo.

Além disso há o acréscimo de custo das desapropriações necessárias principalmente na travessia do sitio urbano das cidades.

Todavia na análise do binômio custo X benefício, o modal ferroviário termina sendo muito vantajoso em relação ao modal rodoviário onde o custo de construção ampliação e manutenção permanente da malha viária é muito mais oneroso.

Além disso, as locomotivas gastam muito menos combustível e oferecem mais segurança na entrega, tendo uma média de apenas 700 acidentes por ano, 1% do número de acidentes nas estradas.

Isso faz do modal ferroviário uma alternativa barata, eficiente e segura, além de ambientalmente sustentável.
Quando falamos de ferrovias e imitando o poeta Fernando Pessoa, recordamo-nos saudosos “o trem da minha aldeia” presente na nossa infância e adolescência. Ele transitava fagueiro desde a princesa do Cariri que é a agradável cidade do Crato até a capital Fortaleza, e nele viajamos muitas vezes.

Em termos de integração havia um entroncamento no Distrito de Lavras da Mangabeira de nome Arrojado, que apontando para o leste, cortava todo sertão da Paraíba e tinha como destino final a cidade do Recife capital de Pernambuco.

Nunca conseguimos esconder a nossa mágoa que virou revolta, contra o desmonte feito pela incompetência da iniciativa privada que, mesmo assumindo o compromisso de investir e modernizar a Rede Ferroviária Federal, antiga REFESA, reduziu o que existia simplesmente a sucata e as estações a escombros.

Como todo mal sempre traz um benefício, a crise dos combustíveis provocada pelo governo entreguista de Bolsonaro irá fortalecer e ressuscitar o modal ferroviário, nos devolvendo a melhor opção de transporte de cargas e de passageiros que existe no mundo. Quem viver verá!

O TEMA É AMPLO, MAS OPORTUNAMENTE VOLTAREMOS A ELE COM PROPOSTAS, INCLUSIVE PARA A PARAHYBA. ME AGUARDEM!

 

 

 

 

 

 

 

Consulta: https://www.hivecloud.com.br/post/modais-detransporte;www.diariodorio.com;www.cagepa.pb.gov.b/linhadotempo;Transporte ferroviário no Brasil – Wikipédia(wikipedia.org);https://www.estantevirtual.com.br/livros/t-e-lawrence/os-sete-pilares-da-sabedoria

Fotografias:https://br.pintehttps;//istoe.com.br/452198_A+BALA+DE+PRATA+DE+LAWRENCE+DA+ARABIArest.com;https://twitter.;https://www.youtube.com/watch?com/geopizzza/stat;https://whttps://mundoeducacao.uol.com.br/quimica/funcionamento-motor-combustaoww.youtube.comhttps://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/watch;

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