Há uma orquestração geral advinda dos adeptos da política neoliberal que creditam aos gastos públicos todos os males da face da terra, incluindo no meio desses gastos o expoente da vilania que é o funcionalismo público.
Toda essa campanha, a rigor, tem como alvo indireto o servidor público, com o propósito velado de se valer da desqualificação, da relativização e da redução do seu papel para justificar a ausência do estado na economia e, promover a transferência do controle e da gestão dos órgãos públicos para a iniciativa privada.
Ao classificar o servidor público como: incapaz, incompetente, relapso, irresponsável, privilegiado e por conseguinte nefasto e desnecessário ao serviço público, o establishment utiliza a imprensa oficial e as milícias digitais regiamente pagas, para repercutir essa adjetivação depreciativa, de modo a inculcar na população a imperativa necessidade de transferir toda gestão pública para a “eficiente gestão” da iniciativa privada.
Em nenhum momento queremos avalizar o desvio de comportamento de quem quer que seja, inclusive de servidores públicos relapsos. Não é esse o nosso propósito!
Todavia se observarmos bem, em qualquer órgão público ou privado iremos encontrar servidores e empregados relapsos, cujo trabalho deixa a desejar. Todavia são casos isolados, pontos fora da grande curva que delineia o mundo do serviço público, ou seja, são exceções à regra. Até porque, como é sabido por quem tem um mínimo de informação, quem gera riqueza não é o capital e sim o trabalho.
Se esse trabalho não fosse prestado com eficiência e eficácia ao longo do tempo, a economia mundial não teria gerado e acumulado um PIB de U$50 trilhões de dólares, de acordo com dados do Banco Mundial.
Para avaliar a magnitude desse número, basta saber que o PIB dos USA é de U$ 21,43 trilhões de dólares, ou seja 42,86% do PIB mundial.
No caso do setor público, em que o verbete servidor dá origem à palavra servir, significa dizer que ele existe para servir à população e é pago pelo povo exatamente para isso.
Ora, o crescimento populacional a cada dia gera mais necessidades e exige naturalmente e cada vez mais, uma prestação de serviços públicos que satisfaça as necessidades da nação, na esfera da saúde, da educação, da agricultura, da infraestrutura de estradas e mobilidade, além de habitação digna, de saneamento básico, de segurança etc. Assim o servidor público é e sempre será necessário à nação. O estado que existe ou deveria existir para a nação, tem a obrigação de contrata – los.
Portanto ao estado, no latu sensu da palavra, cabe: recruta – los, seleciona – los, capacita – los e recicla – los para que estejam sempre aptos a prestarem um serviço público de qualidade.
Aqui no nosso Brasil de Caboclo de Mãe Preta e Pai João, o ritual de suprimento dos estágios funcionais citados anteriormente, são quase sempre encurtados como forma de queimar etapas e habilitar os detentores de cargos comissionados, via de regra protegidos dos maus políticos, os quais, ignorando deliberadamente o instituto do concurso público, amparam os seus apaniguados incompetentes, com capacidade laboral limitada e sem perfil para o exercício da função pública, por vezes complexa.
É ou não é essa a prática corrente?
A cena hilariante é personificada pelos próprios protagonistas da má política, principalmente aqueles saltimbancos que oportunisticamente fazem parte da base de sustentação de quaisquer governos que venha a se eleger, independente do partido ao qual pertença, desde que os seus interesses sejam satisfeitos.
Como a proposta de privatização de órgãos públicos, tem passagem obrigatória pelo congresso, os congressistas na sua maioria, além de votarem favoravelmente a todas as propostas do governo de plantão, ainda engrossam o coral de ataques ao servidor público, fazendo o papel de caixa de ressonância do governo, para ao final votarem fielmente a favor.
Estão aí como prova os servidores da CEDAE/ RJ, dos Correios e Telégrafos , da Eletrobrás, do Banco do Brasil, da Telebrás, das distribuidoras de energia como a SAELPA e a CELB para não citar os demitidos de todos os órgãos públicos privatizados anteriormente através do processo de privataria tucana, que foi depois sequenciada pelos governos Themer/Bolsonaro, ultra neoliberais.
No processo de desqualificação que eles lançam sobre os nossos serviços públicos, usam até a informação distorcida de que o país é campeão mundial de cabide de emprego público o que não encontra amparo nas informações oficiais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, que aponta para números bem diferentes daqueles que nos são mostrados.
O desmonte dessa farsa pode ser constatado no gráfico que se segue, elaborado pela Associação dos Funcionários da Fundação Oswaldo Cruz –ASFOC, onde estão inclusos desde os Estados Unidos da América – USA, a catedral do capitalismo, que tem uma população de 328 milhões de pessoas, além da Noruega com 5,3 milhões de habitantes, que usaremos como comparativo, pois não é fora de propósito a comparação entre eles para um melhor juízo de valor. Usamos o exemplo da Noruega por ter o maior índice de servidores contratados,para comparar com o Brasil.
A listagem nos mostra a relação de 16 países, incluindo o Brasil, onde são exibidos os percentuais de funcionários públicos contratados em relação às suas respectivas populações.
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Oslo – Capital da Noruega
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Pela relação o país que mais contrata servidores públicos é a Noruega, um pequeno país do norte da Europa, com 30% de servidores e o que menos contrata é o Brasil com apenas 1,6%.
As diferenças entre os dois países citados existem e uma delas está no contingente populacional pois, enquanto a Noruega tem uma extensão territorial de 323.895 Km2 para uma população de 5 milhões de habitantes, o Brasil muito maior, tem uma área territorial de 8.516.000 Km2, para uma população de 210 milhões de habitantes.
A Noruega ostenta entre os países listados, o melhor Índice de Desenvolvimento humano – IDH, enquanto o Brasil, nesse aspecto ocupa o 84° lugar;
Em se tratando da mortalidade infantil, enquanto a taxa da Noruega é 3 mortes para cada 1000 crianças nascidas vivas, no Brasil a mesma taxa é de 13 mortes por cada 1000 crianças nascidas.
A taxa de desemprego aberto da Noruega pós pandemia é de 10,7%, enquanto a do Brasil que vive a pandemia é de 15%;
Poderíamos continuar com os comparativos, mas uma mosca soprou no nosso ouvido dizendo que alguém não aceita comparar a Noruega com o Brasil e nisso daí nós estamos plenamente acordes.
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Porto de Santos – Terminal Graneleiro |
Realmente a comparação seria muito desigual e desvantajosa para a Noruega em termos de condições materiais, pois o Brasil além de ser muito maior, é o 4° maior produtor de grãos do planeta com 268 milhões de toneladas contabilizadas em 2020; é autossuficiente em petróleo, tem sol, tem clima e tem solo para produzir qualquer tipo de alimento de que necessite.
A produção de grãos da Noruega em função da área e do clima, não é suficiente sequer para o consumo interno e a importação de alimentos ainda é necessária. O país é produtor de petróleo nas aguas fundas do Mar do Norte e tem uma generosa produção de pescados, inclusive o famoso e valorizado bacalhau da Noruega e apesar da disparidade potencial tem uma coisa que o Brasil não tem e que explica o porquê dos seus excepcionais índices de desenvolvimento. A Noruega tem 100% da população alfabetizada e isso por si só, justificaria o fato de um país diminuto, nos dar tamanha lição de desenvolvimento.
A comparação com os demais países vamos deixar à cargo dos leitores e internautas como dever de casa.
Sem maiores delongas vamos a outro aspecto que é espinho de garganta de 11 a cada 10 neoliberais que é a questão do número de servidores e os seus salários.
O salário mínimo necessário para o trabalhador brasileiro viver com dignidade, foi instituído em 1936, com a promulgação da Lei n° 185/1936 e segundo estudos do DIEESE valeria a valor presente, a importância de R$ 5.421,84.
O valor pago pelo salário mínimo do Brasil nos dias atuais, apesar da relutância e transgressão dos empregadores, é de R$ 1.100,00 enquanto o salário médio no Brasil é de R$ 1.380,00.
Na Noruega o salário mínimo é de U$ 1.148,00, que convertido em real na data de hoje e com uma cotação de US$5,27 por R$1,00, vale R$ 6.049,96 ou seja 426% maior do que o salário mínimo do brasil.
Não é necessário descer ao detalhe para constatar a brutal concentração de renda no nosso país que historicamente tem driblado os salários de todas as maneiras, inclusive pagando salários diferenciados para negros e mulheres, aprofundando a mais valia absoluta e relativa na medida em que a automação aumenta.
Salários impagáveis, custo Brasil, quebradeira e outros bordões repetitivos, é um terror propalado para fugir das acanhadas leis salariais vigentes e aprofundar a concentração de renda através da mais valia. O resto? O resto, no dizer de Humberto de Campos, comentarista esportivo de Campina Grande e de saudosa memória: “ o resto é conversa mole para bovino dormitar”.
As mentiras disseminadas pela classe dominante de um modo geral repetem um dos 11 princípios de Joseph Goebbels que ensina: ” uma mentira repetida 100 vezes acaba virando verdade”, ou ainda o que se ouvia no filme faroeste: ” Se a lenda for maior do que o fato, publique – se a lenda”
“Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o brasil”
Consulta:https: www.ibge.gov.br;
www.google.com.
www.amazon.com.br/desordem-mundial
Fotografias:www.falandodeviagem.com.brwww.portosenavios.com.br