E nós, a onde vamos?


Por: João Vicente Machado

    Assistimos na segunda-feira passada, dia 06/04/2020, ao programa PENSE BRASIL em edição virtual, de iniciativa da FUNDAÇÃO JOÃO MANGABEIRA DO PSB, que elegeu como tema: “O PAPEL DO ESTADO NO COMBATE À PANDEMIA”.

    O programa foi mediado pelo ex-governador RICARDO COUTINHO, presidente da FUNDAÇÃO citada, tendo como conferencista o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS e como debatedora, a ex-prefeita de Salvador e hoje deputada federal pelo PSB da Bahia, LÍDICE DA MATA.



        

Em que pese o tema ter um foco na pandemia que assola o mundo, a abordagem sobre o papel do estado na economia terminou tendo um destaque especial, muito elucidativo e esclarecedor.  

O professor prendeu as atenções dos internautas e na sua fala fez uma contextualização da geopolítica que preside o atual cenário mundial, pontuando um a um, o papel dos atores da ribalta econômica.

    Assistimos nos últimos tempos a desconstrução sistemática do papel do estado como agente econômico, vitima  de acusações diversas, tais como: antro de corrupção, de ineficiência, de letargia, de burocracia, de incapacidade, de marasmo e de incompetência. Através da imprensa oficial ou das milícias virtuais, inculcaram na consciência da população desinformada essa diatribe, para abrir as portas do país ao beatificado e “inocente” capital privado, sequioso de lucro fácil.

  As empresas nacionais, organizadas sob a forma de órgãos públicos, autarquias ou de economia mista, sempre foram geridas por indicações políticas, fruto de acordos celebrados em alianças eleitorais, fato corriqueiro na ótica da política liberal.  O PMDB “velho de guerra” que virou MDB, chegou a ter 7 (sete) ministros e um vice presidente no governo Dilma Rousseff. Não somente conspirou como participou do golpe votando contra a presidenta legitimamente eleita.  Foi alem e desembarcou um vagão cheio de adesistas no governo de Themer/ Bolsonaro, eles que acabavam de desembarcar de um ministério do cordão encarnado para assumir imediatamente outro no cordão azul. Isso sem falar nos partidos de menor coturno.

É possível que algum desses predicados, ocorra em algum lugar onde houver a presença do estado. Essa é uma prática milenar até em países onde as leis são rigorosas como na China e no Japão onde a corrupção é severamente punida, inclusive com morte. 

Vez por outra um agente público é alcançado, o que dificilmente ocorre na iniciativa privada, albergue de lobistas contumazes, corruptores e corruptos.

Alojam nos governos, intelectuais orgânicos do naipe de Paulo Guedes, que passam a operar no desmonte do estado, com o discurso neoliberal de estado mínimo.

Agora, diante de mais uma das muitas crises do capitalismo, estamos assistindo uma apelação geral pela volta do estado à economia, não para salvar o povo, mas para salvar o capital, igualmente à estória de Chico Buarque de Holanda na música Geni e o Zepellin. 

Eles que estão alucinados para restabelecer as relações de mercado a pergunta que fez o PROF  BOAVENTURA na sua fala: “ Estarão pensando em recompor um  mercado composto de cadáveres?”
Um aviso aos navegantes: o neoliberalismo brasileiro esta fazendo água e tudo indica que não vai atravessar a tormenta. Aguardemos.



  




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