As reviravoltas da história

Por: Neves Couras;

Nestes últimos dias, assistindo ao noticiário, fiquei um bom tempo refletindo sobre algumas coisas que, para o cidadão comum, como eu, são difíceis de entender no que se passa por trás das cortinas do cenário da política e das regiões.

Apesar de ter vivido minha juventude no período da Ditadura, só tomei conhecimento do que realmente aconteceu quando saímos de Brasília, em 1975, e voltamos para a Paraíba. Por questões de diferença no ensino, eu já estava terminando o curso técnico em Estatística em Brasília e, aqui, teria que prestar o vestibular. Assim, tive que reiniciar o que se chamava, na época, de Científico.

Lá, não víamos as matérias de Humanas e Biologia e, por isso, tive que recomeçar. Foi aí que, convivendo e revendo a história de 1968, desde quando saímos de Pombal até 1975, percebi que vivíamos em um mundo desconectado da história.

Eu trabalhava no centro do “poder”. Acreditem, eu não sabia de nada do que estava acontecendo. O nome desse processo chamava-se Ditadura. Apenas nos diziam que não poderíamos sair de casa sem documento e, muitas vezes, estávamos tomando um lanche em uma lanchonete e éramos rodeados por um aparato policial com armas enormes, revistando todos.

Quando chegamos à Paraíba, voltei a cursar novamente o terceiro grau. Convivendo com colegas cujas famílias tiveram que se mudar para cá e até trocar de nome, apenas porque o pai era professor, demorou para que eu tivesse real conhecimento das coisas que vivíamos. Mas, graças a Deus, tudo passou.

Falo dessas questões porque ainda dói muito saber o que aconteceu e como estivemos próximos de perder novamente nossa liberdade.

Após a Constituição Cidadã de 1988, conhecemos um Congresso composto por pessoas como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e tantos outros que ficaram em nossa memória. Aprendemos que o voto é um dos direitos mais preciosos que possuímos.

No entanto, nossa gente ainda, seja por desconhecimento ou por não saber o que significa dar o voto a alguém, troca esse voto por um saco de cimento, uma cesta básica, quinhentos tijolos ou por alguns trocados em caixas de fósforo com cinquenta reais, entregues no dia da eleição. Nosso povo vota sem saber o valor desse instrumento que nos dá o direito de escolher quem nos representa.

Naquele tempo, votar tinha um valor tão grande que lembro de meu pai e de minha mãe saindo para votar. Meu pai com o único terno que tinha, mas, naquele dia, precisava estar impecável. Minha mãe com o vestido de linho mais bonito que possuía e sapato scarpin, pois a ocasião exigia respeito.

Hoje, é triste olhar para a maioria dos políticos que estão à frente de qualquer instância do poder. Nos municípios, as atitudes de muitos governantes nos envergonham, sendo caçados por falta de ética e honestidade.

No “alto clero”, misericórdia. O que está acontecendo com os homens em nosso país? Só se elegem para se locupletar. As casas legislativas parecem bolsas de valores. Inclusive, as negociações feitas na calada da noite só prejudicam o povo que os elegeu para lá estar. Precisamos aprender que são tantos partidos que, quando se reparte entre eles o que é nosso, nada sobra para investir em políticas públicas.

Vivi o período da ARENA e do MDB, um tempo marcado por profundas limitações democráticas. Ainda assim, havia certa previsibilidade institucional e alguma noção de responsabilidade com a coisa pública. O cenário atual, no entanto, revela uma crise ética que envergonha e preocupa.

Senhores políticos, nosso povo precisa de moradia digna, de hospitais ou UPAs, sistema criado com base no sistema de saúde de Cuba. Se tivesse funcionado como planejado, não teria morrido tanta gente na COVID, período que também foi mais uma oportunidade para se retirar dinheiro do povo.

Precisamos de creches com alimentação adequada e equipe multidisciplinar para atender verdadeiramente as crianças que necessitam de atenção especial. Na verdade, toda alimentação nas escolas públicas é especial, muitas crianças tem ali a sua única refeição do dia. Se alimentam na creche e só voltam a comer no dia seguinte, porque em casa não há alimento.

Precisamos de atenção aos idosos, e não de migalhas, mas de atendimento de verdade.
Sei que há algo sagrado para todo político: o Fundo Partidário. Por que se precisa de tanto dinheiro? Deixem um pouco para as políticas públicas. A situação das mulheres é uma questão urgente que precisa ser estudada e revista neste país.

Por último, preciso falar da minha indignação com a maioria dos políticos de nosso país. O povo brasileiro é hospitaleiro, ordeiro, mas muito fácil de enganar. Confesso que vou pensar e conversar bastante para analisar em quem votar. Precisamos levantar a ficha de cada candidato, conhecer seus pais, avós e o próprio “filhinho” que está se candidatando nas próximas eleições.

Pensemos, amigos! Pensemos!
O voto é o maior instrumento que temos para escolher nossos representantes e garantir a DEMOCRACIA NESTE PAÍS — Coração do Mundo.

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