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O jumento seria de fato nosso irmão?

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O Padre Antônio Batista Vieira foi um clérigo cearense nascido na cidade de Várzea Alegre, vizinha à minha Lavras da Mangabeira, no Sul do Ceará. Nasceu em 14 de junho de 1919 e faleceu em 19 de abril de 2003.

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Cursou o seminário menor na cidade do Crato entre os anos de 1930 e 1936, indo complementar os estudos pertinentes ao seminário maior, no famoso seminário da prainha em fortaleza, onde se ordenou em setembro de 1942.

Além de religioso era professor, jornalista e escritor. Um homem de letras, um verdadeiro intelectual que chegou a ser articulista dos jornais de maior circulação do estado do Ceará, exercendo ainda o vigariato nas paroquias das cidades sertanejas do Icó e Iguatú onde foi muito respeitado e querido pelo povo. A sua notoriedade terminou por lhe render um mandato de Deputado Federal pelo MDB, que exerceu no curto período entre fevereiro de 1967 e janeiro de 1969, quando foi atingido pelo arbítrio do golpe militar de 1964 tendo seu mandato cassado.

Preocupado com o extermínio dos jumentos, tanto no Ceara como em todo nordeste brasileiro, Vieira encampou uma campanha em defesa do inofensivo e indefeso animal, chegando a fundar um clube mundial dos jumentos. Essa ação humanitária acabou lhe motivando a escrever a sua obra mais conhecida: O Jumento é Nosso Irmão.

O livro inspirou um compositor conterrâneo seu, José Clementino. que compôs um xote que Luiz Gonzaga imortalizou.


Hoje fazemos uma indagação não ao Padre Antônio Vieira, o visionário defensor da espécie asinina que nos deixou em 2003, mas às autoridades governamentais, ambientais e sanitárias do Brasil: será que o Jumento Ainda é Nosso Irmão? será que o tratamento que vem sendo dado ao jumento não vem transgredindo a Lei de Proteção aos animais?

Além do que dispõe a Constituição Federal existe a Lei 9605/98 que criminaliza o ato de abuso e maus tratos como ferir e mutilar animais domésticos ou silvestres, nativos ou exóticos.

Pelo que temos conhecimento através da imprensa existe um frigorifico instalado no sertão da Bahia, mais precisamente na cidade de Amargosa, a 240 Km de Salvador que vem abatendo jumentos em larga escala, exportando a pele para a China e a carne para a Coreia. O ritmo do abatimento é preocupante e pode decretar a extinção de uma espécie cuja existência na face da terra é milenar.

A outra pergunta que não quer calar é dirigida ao próprio gênero humano, que se autodenomina como animal racional: que compulsão incontrolável e patológica é essa que move o bicho humano a transformar tudo em dinheiro? seria a maldição que se abateu sobre o Rei Midas, figura mitológica que em tudo que tocava virava ouro?

Se a racionalidade humana for testada, talvez ele perca em racionalidade para outros animais ditos irracionais. Vejamos: se colocarmos um saco de milho no terreiro de qualquer fazenda, o cavalo vem, come, se farta e se afasta. Vem o porco, depois o carneiro, depois o bode, repetem o mesmo ritual comem o que necessitam e se afastam.

Vem o “animal racional,” olha para um lado, olha para o outro, coloca o saco de milho nas costas e leva para si, independentemente da necessidade de outro da sua espécie. Em sã consciência, há racionalidade numa atitude dessas?

Pelos números que temos entre os anos de 2010 e 2014 o Brasil abateu 1000 jumentos.
Já entre 2015 e 2019 foram abatidos 91.600 jumentos. O frigorifico de Amargosa vem abatendo 4.800 jumentos /mês e em torno de 57.600 jumentos /ano.

É verdade que o jumento perdeu espaço como animal de montaria e de tração diante do surgimento da máquina, importância que também afetou o cavalo e o burro mulo. Todavia tanto para o cavalo quanto para o burro mulo houve uma reinvenção o que pode perfeitamente acontecer com o jumento.

A opção de eliminar o jumento por considera-lo inútil não seria também um plano futuro para a espécie humana diante da automação e da inteligência artificial? É bom pensar nisso?

 

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