
Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
Alguns percorrem o Caminho de Santiago e outros vão a algum Ashram ou a retiros com o objetivo de empreender uma busca espiritual.
Eu já tive experiências desse tipo e descobri que podemos alcançar o resultado dessa busca em qualquer lugar ou momento.
O que se faz necessário é permanecer atento, receptivo e procurar ter uma energia limpa, despida de rusgas ou entraves. Para isso devemos banir emoções pesadas, a exemplo de ódios, ressentimentos e rancores. Joguemos essas coisas densas no fogo para que queimem e sejam transformadas.
É preciso deixar-se, abandonar-se, ou seja, permitir a si mesmo sentir e seguir o fluxo, abraçar o vento, estar imbuído de amor na hora de subir no tapete mágico que convida a alcançar voo.

Deus, como dizem certos tratados místicos antigos, está no desconhecido. Mas, também nos sopra vislumbres no aroma dos incensos e das flores sob o efeito da brisa. Ele se mostra no desabrochar de uma flor, no canto dos pássaros e no jardim da nossa casa.
Não é necessário peregrinar, subir montanhas, ir a cidades santas, nem trilhar antigos caminhos sagrados. Eles estão impregnados de energia e magia, é verdade, cuja aura é sempre iluminada. Mas o portal para o acesso ao vislumbre Divino pode estar no parapeito de sua janela, no canteiro de ervas ou flores de sua casa, em alguma igreja silenciosa, naquele oratório simples de sua casa, ou frente ao mar, ou diante de uma mata, no amanhecer e no pôr do sol, ou no abraço de quem amamos.
O portal também pode ser acessado ao lermos poemas, livros inspirados, ao ouvir canções que nos trazem enlevo, ao estarmos sob a água do chuveiro, na oração silenciosa feita com a emoção mais refinada e na entrega comovida da prece que brota do nosso mais íntimo ser.
Não precisamos ir a nenhum lugar específico, quando compreendemos que o nosso corpo é o verdadeiro templo, é sagrado, é o receptáculo das bençãos em forma de dons, talentos, criatividade, bondade, justiça, adoração, admiração e amor.

Não é preciso buscar a Deus quando Ele já mora em nós, nem ir para perto Dele quando nunca nos afastamos Dele, quando estamos Nele e vivemos para Ele. Quando tudo o que fazemos é dedicado a Ele, e por isso é executado com esmero, de modo cabal, pontual e desprendido de egos ou vaidades. Se agradecerem, ótimo! Se não reconhecerem, não haverá nenhum problema porque foi ofertado a Deus e não aos humanos.
A nossa mente e o nosso coração trazem em si sementes de luz, que ficam cá dentro latentes, à espera de peregrinarmos até esse canto sagrado, até nos sentarmos à sombra de seus jardins secretos, até despertarmos para a sua existência e esplendor.
Quando isso acontece, todo o resto passa a ser acessório e sentimos que encontramos o pote com o tesouro que estava escondido no fim do arco-íris. Por isso nos sentimos afortunados pela experiência que nunca cessa, sempre trazendo algo novo e novas descobertas.
Véu a véu caem diante de nossos olhos, e enfim, vamos enxergando mais nitidamente. Os horizontes vão se abrindo. O nosso cone de percepção vai se ampliando. Assim, a experiência será sempre rica de significado.
 
				 




