Uma história de amor

Por: Neves Couras;

 “Enquanto os homens imaginarem que o Evangelho
é coisa de religiões estarão marcando passo para
encontrar as soluções que o mundo precisa.”D.Helder Câmara

Quase todos os casamentos têm início com uma história de amor. Evidentemente, sonhamos que essa história dure para sempre, principalmente quando começam a chegar os filhos. Imaginamos uma família feliz, com as crianças brincando pela casa. Sonhos, sonhos e mais sonhos.

No entanto, nossa vida não é traçada apenas nesta existência. Ela é, acredite ou não, a soma das ações de todas as nossas encarnações ao longo de milhares de anos. Falo desse fato para lembrar que somos, hoje, a nossa melhor versão.

Sendo assim, nossos acertos com o espírito com quem iremos nos casar, bem como os filhos que iremos receber, são organizados antes de nossa volta à Terra. Lembrando, ainda, que a Terra é um planeta de provas e expiações, ou, como gosto de chamar, a nossa escola.

A família que formaremos é a união de espíritos afins, assim como de espíritos com quem, em outras encarnações, fomos desafetos. Deus nos dá a oportunidade de virmos juntos para que, por meio do amor, possamos saldar nossos débitos. É por isso que não existe casamento perfeito nem família perfeita, pois somos imperfeitos e estamos aqui em busca da perfeição.

Como escola que é este planeta, seu Criador nos deixou os Dez Mandamentos e os Evangelhos, dizendo-nos que, se os seguíssemos, tudo seria maravilhoso. Mas sempre há um “mas”: não nos foi ensinado que a vida continua e que a morte é apenas uma troca de matéria densa por outra menos densa. E, quando chegarmos ao outro lado, na Pátria Espiritual, precisamos assistir ao filme desta existência e, diante das cenas de algumas de nossas ações, nos é ensinado que teremos de voltar para corrigir o que foi feito em desobediência ao Evangelho.

E, nessa volta, nosso corpo trará sinais de algumas coisas que fizemos. Lembremos que retornamos por meio do ato de fecundação entre um homem e uma mulher. Ou seja, receberemos como filhos espíritos que foram nossos amigos ou com quem tivemos desafetos.

É importante salientar que, antes da concepção de um filho, os pais são reunidos na Espiritualidade para conhecer antecipadamente o filho ou a filha que receberão. Nessa fase do processo de preparação do espírito que receberemos como filho, já tomamos conhecimento de que muitos precisarão de muito amor e, ainda assim, nos comprometemos a recebê-los.

Essa introdução serve para refletir sobre a responsabilidade espiritual que envolve a chegada de um filho, especialmente quando ele nasce com alguma condição psíquica, neurológica ou física que foge aos padrões considerados “ideais” pela sociedade. Receber um filho nessas circunstâncias exige maturidade emocional, compromisso e profundo amor. Compreende-se que essas experiências podem estar ligadas a vínculos de outras existências ou a aprendizados mútuos entre pais e filhos, sempre com finalidade de crescimento e reparação, nunca como punição.

Graças à Divindade, apesar das muitas dificuldades que podem surgir ao acolher um filho autista, com síndrome de Down, esquizofrenia ou outras condições, há pais e mães que assumem essa tarefa com dedicação, afeto e coragem, transformando o cuidado em um verdadeiro exercício de amor e evolução espiritual. No entanto, há situações em que esse compromisso não é plenamente assumido, resultando em rejeição, abandono ou negligência.

Do ponto de vista espiritual, o não cumprimento consciente de responsabilidades assumidas representa uma perda de oportunidade de aprendizado e amadurecimento. A criança que vivencia o abandono não está “em falta”: seu percurso faz parte de sua própria experiência de vida e, segundo essa visão, segue seu caminho amparada espiritualmente. Já aqueles que se afastam de seus deveres podem enfrentar, ao longo da vida, dores profundas e conflitos internos decorrentes dessa ruptura, não como castigo, mas como consequência natural de escolhas não elaboradas com responsabilidade e amor.

Não é sem conhecimento que D. Helder fez a afirmação que está no início desse texto.
Cara leitora, espero que cada um de nós, sejamos capazes de cumprir com o “Amarás como eu vos Amei”. Caso contrário além de sofrermos do outro lado, deveremos voltar para cumprir com nossos compromissos.

 

 

 

 

 

 

 

 

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[1] Dom Helder Câmara , psicografia de Carlos Pereira – Revolução pelo Amor, Camaragibe, PE: Editora Despertar, 2015.

 

 

 

 

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