Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
Dizem que em um experimento, um cientista colocou uma pulga em um pote de vidro alto com uma tampa que o fechasse e minúsculos orifícios para ela respirar.
Aprisionada, a pulga pulava e se chocava contra a tampa, até que diminuiu a altura do pulo em função do obstáculo. Estava aí estabelecido um limite para ela. Quando a tampa do vidro foi retirada, ela continuou pulando baixo como se ainda houvesse impedimento.
Fato semelhante acontece à mente humana. Muitos colocam um limite imaginário e não o ultrapassam. Isso inibe o pensamento, além de tornar estreitas tanto as ideias quanto a cognição.
O obstáculo interno diz: “eu não posso”, “isso não é para mim”, “não devo querer”, “não devo ousar”, “não devo sonhar”, “não posso ser isso ou aquilo”, “quem sou eu para ter ou fazer isso?”, “não tenho esse talento”, “é preferível desistir do que lutar ou me esforçar”, e, inúmeras outras sabotagens.
Toda ideia negativa repetida fica impregnada na memória e em cada célula do corpo como verdade, arraigando conceitos ruins a respeito de si mesmo, dos outros e da vida. Se a maioria dos pensamentos for nessa direção do “eu não devo” e “eu não posso”, a vida desanda e estanca.
Pessoas crescem quando se determinam a remover a “tampa”, e a partir daí podem fluir com a vida, que é repleta de ensinamentos porque está sob um enfoque do eterno aprendizado, em um fluxo contínuo e ascendente. Ela é um caminho a ser percorrido e isso é viver com significado. Pode haver erros e acertos, assim como tropeços e desvios, mas as pessoas aprendem a se reconduzir.
Todos os que vivem para se libertar da “tampa” imaginária, farão constantemente uma varredura com o objetivo de se livrar das barreiras que foram impostas à sua mente em algum momento de suas vidas. Além disso, todos os dias aparecem motivos para deslizes, erros e cansaços. Portanto, o trabalho é ininterrupto. Com isso, pouco a pouco, quem se assume passa a ser bem resolvido consigo e na medida em que consegue sair da redoma, enxerga o mundo sob um prisma de vanguarda.
Viver é uma aventura em que todos podem se machucar, cair, se despedaçar por dentro, receber pancadas da vida assim como daqueles a quem devotam apreço. Mas o entendimento de superar limitações lhes dá forças para respirar, se curar, se remendar, se erguer e seguir em frente apesar de suas cicatrizes.
Embora tenham passado por sofrimentos, esses indivíduos gostam de demonstrar e levar aos outros que é possível transcender obstruções e tristezas, que apesar disso e talvez por isso, devem se dispor a viver e a compartilhar a sabedoria que acumularam decorrentes de suas experiências. Não perdem a doçura e o encanto apesar de suas dores.
Infelizmente há certos tipos de ser humano que parecem estar convencidos de que a “tampa” continua lá na parte de cima do vidro e insistem em pular baixo, em não acreditar que podem superar suas dificuldades e limitações (então se deixam vencer por elas).
Esses não se nutrem de modo a debelar seu lado frágil e sem vida, terminando por esgotar as energias que restam. Ficam estagnados frente àquilo que classificam como dificuldades.
Podemos esmorecer em algum momento porque ninguém é de aço, mas, tão logo seja possível, é melhor se restaurar e fortalecer. Aí sim, é que se deve “arregaçar as mangas” e agir ou içar as velas e partir.
Então, que procuremos ser aquela mente que transcende limites e se supera a cada dia. Ser aquele indivíduo que, apesar de suas imperfeições, compartilha com os outros seus aprendizados e suas vitórias, disseminando sabedoria, esclarecimento e discernimento.
Os sábios e iluminados também padecem com seus sofrimentos, são excluídos, são desprezados, perseguidos, injustiçados, atacados, xingados e até assassinados. Infelizmente isso acontece!
Lembremos que homens e mulheres de coragem e de grande valor para a humanidade foram assassinados, a exemplo de Jesus Cristo, Martin Luther King Jr., Mahatma Gandhi, Indira Gandhi, Joana d’Arc, entre tantos outros. Se estes iluminados foram imolados, imaginem aqueles que só dispõem de um espírito colaborativo e cooperam com os outros!
Mesmo assim, é de bom alvitre continuar sendo aquele ser humano que, apesar dos pesares e quebrantos, dá a mão aos seus semelhantes para que se avance enquanto humanidade.
E para isso é preciso realizar uma transformação: sepultar o pensamento derrotista da pulga que pula baixo, os preconceitos que engessam, os ranços, mágoas e rancores que teve. Chega um momento em que é preciso deixar ir ou invalidar o que nos paralisa, nos pesa ou nos barra.
É preciso fazer isso para seguir em frente e voar além, muito além, sempre! Lembremos da célebre frase do boneco do filme Toy Story, o Buzz Lightyear: Ao infinito e além!