Bolhas cognitivas

Por: Emerson Monteiro;

Esses tempos digitais assim acontecem, submetidos que ora somos desde sempre. Entre os pensamentos e as palavras ali habita o silêncio. Nisso, desvendar do mistério o que ele representa de um outro universo além deste daqui. Milhões de fragmentos de tantos afazeres significam isto, nada menos que existir somente. Olhar ao léu e ver o percurso aonde se chegar, mesmo que destituídos de imaginação. Cercar o Tempo e reverter o Destino a lugares sombrios. Construir novos rios, novos mares, céus e salvação, diante dos fatores mínimos que movimentam braços e pernas, estômago e cérebro, só entregues ao ritmo das alturas lá de longe. Deixar transcorrer as idades e os ventos perante cores e formas. Sobreviver a tudo, por isso. Refazer o itinerário do passado e distinguir entre amores e melodias, sons e luzes. Convergir nessa estrutura das horas face a face consigo próprio. Senhores de si pelas nuvens dos séculos. Pequenos autores de monumentos espalhados pelos desertos de quantos estiveram e de outros que irão chegar ao raiar dos dias.

Ser invés de apenas resistir aos movimentos. Colher na alma o crivo da realidade. Sustar, no ânimo, a força viva da mais pura liberdade. Tocar em frente ao sol de todo dia. Existir qual norma essencial de contar dentro da visão o motivo de estar e permanecer onde quer que esteja agora e eternamente. Saber enquanto vive, a distinguir os sulcos de todos instantes, nas falas e trilhas do Infinito. Nos gestos, a marionese da imortalidade. Sustar a razão durante o espetáculo cuneiforme de muitos métodos. Reunir o furor da Natureza em novos entes que transportam a carga dos impossíveis meios. Saltar os precipícios e conter na vontade o instinto de haver conhecido as chamas dos milênios, enfim.

E reconhecer debaixo da crosta deste mundo vário o espaço descomunal entre pensar e esquecer. Convergir, pois, as dobras do horizonte numa única vertente, a preencher o desejo e, depois, sorrir, afinal, do quanto restava de encontrar de vez a Felicidade.

 

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