Árvores Exóticas. Vantagens e Desvantagens!

Por:  João Vicente Machado Sobrinho;

A presença das árvores no panorama terrestre, nunca foi tão importante para a vida animal como agora. Estamos diante de alterações climáticas calamitosas e, não podemos creditar apenas à natureza pelos desastres que vêm acontecendo. Esse fenômeno de origem natural, vem sendo acelerado pela ação da homo manus e tem castigado o planeta terra com catástrofes de grande magnitude, espalhadas pelos mais diversos biomas terrenos. Inclusive os do “Nosso Brasil de Caboclos de Mãe Preta e Pai João”.

As causas dessas alterações recorrentes e cada vez mais impactantes, são diversas. Todavia, não resta nenhuma dúvida que a homo manus é a principal e mais deletéria de todas as causas dessas alterações. É bem verdade que as catástrofes naturais sempre existiram, porém em moldes toleráveis, de modo a permitir a adaptação por parte dos seres vivos. É por demais conhecida da humanidade a extinção de inúmeras espécies que viveram no passado e não sobreviveram por falta de adaptação. Foi o caso dos dinossauros, pterossauros, elefantes mamutes e mais recentemente, no século XX, o tigre da Tasmânia, dado como extinto no século XX.

Na fauna brasileira, em que pese o Brasil ser um país ainda muito jovem, a lista de animais extintos e em extinção é considerável. Essa é uma prova inconteste da ação predatória humana. Exemplos não nos faltam de animais extintos tais como: a limpa folha do nordeste, o rato de Noronha, o caburé de Pernambuco. Além daqueles animais que estão em processo de extinção como: arara juba, boto cor de rosa, baleia franca do Sul, gato maracajá, jacutinga, gato maracajá, mico leão dourado, lobo guara, entre outros.

Aconteceu com a flora mundial e brasileira, algo praticamente semelhante àquilo que impactou à nossa fauna, de modo insensato, preocupante e de reversão praticamente impossível. O desmatamento desordenado e galopante a que os diversos biomas foram submetidos, além da extinção de várias espécies vegetais, provocou vários efeitos colaterais agudos no solo, na água e na atmosfera, tornando-se uma porta larga para a desertificação de enormes áreas em todo planeta terra.

Não obstante ser a flora muito mais rica em espécies catalogadas do que a fauna, a perda definitiva de espécies vegetais pode ser considerada significativa. Segundo os estudos feitos por pesquisadores da Universidade de Estocolmo e do Reino Unido e divulgados na Nature Ecology & Evolution o ritmo de extinção de plantas é 500 vezes mais rápido do que o das espécies animais. A partir do ano de 1900, desaparecem três plantas por ano, ou seja, 375 espécies de  plantas já foram extintas no total.

Declaradas como extintas são: o Sândalo do Chile, a Oliveira de Santa Helena e o Silfio, uma planta considerada miraculosa. Todavia, na UTI vegetal encontram-se várias espécies conhecidas nossa, como: Pau Brasil, Araucária, Palmito-Juçara, Jequitibá-Rosa, Jacarandá da Bahia, Baraúna, Angico etc.

A questão ambiental, para nós é a única bandeira que poderá unir a humanidade em prol de uma causa comum de interesse coletivo. Num período em que estamos vivendo a 6ª extinção de espécies numa celeridade inusitada, o autodenominado homo sapiens como espécie que é, não irá ter escapatória seja ele triliardário ou mendigo.

Não há como negar que uma parte da humanidade já comunga com a ideia da sustentabilidade, como a única saída para o apocalipse que se prenuncia e já começou a acontecer. Todavia, há uma minoria liberal capitalista, ávida por lucro fácil que, pelo fato de crer que o capitalismo pode tudo, se arvora de um poder que imaginam que têm para brigar com a natureza. Essa é uma crônica de morte anunciada, para a qual os grupos econômicos e financeiros estão indiferentes e inertes.

O clamor dos ambientalistas, dos cientistas, dos pesquisadores e dos organismos nacionais e internacionais que cuidam do meio ambiente, vem conseguindo inculcar nas novas gerações e até nas gerações mais vetustas, as ideias da preservação e da sustentabilidade. Algumas iniciativas de mitigação racional e reversão de danos ambientais têm sido postas em prática, porém de forma amadora e improvisada. Principalmente quando se trata do plantio de novas árvores nas áreas urbana, rural ou de reflorestamento de áreas devastadas.

Não há arvores boas ou más, assim como não há animais bons ou maus. Todos os seres vivos que habitam o planeta terra têm a sua utilidade na cadeia alimentar.

O que existe de fato, são seres vivos sejam eles animais ou vegetais, mais ou menos adequados para um determinado bioma. Portanto, em se tratando de plantio de novas árvores, devemos conversar com a mãe natureza e a ela perguntar o que plantar, onde plantar e quando plantar, seja no sitio urbano, seja ou em outro bioma qualquer.

O programa Cidades com Futuro foi criado por autoridades urbanísticas, de amplo conhecimento internacional, para tratar das questões ambientais diversas. Sob o guarda chuvas financeiro do Banco de Desenvolvimento da América Latina-CAF, é voltado para a criação ou desenvolvimento de cidades inclusivas, espacialmente integradas, com entrega de serviços sociais básicos e de cobertura universalizada. Exemplos é o que não nos faltam:

. Água e saneamento da cidade do Panamá
. Desenvolvimento, regeneração urbana e habitação em Guayaquil- Equador
. Transporte e conectividade em Lima (Peru)
. Resiliência em Manaus
. Educação e formação de competência em Buenos Aires
Igualdade de Gêneros em Quito- Equador
. Produtividade e inovação tecnológica em Medelin-Colombia
. Segurança cidadã em Bogotá-Colômbia
. Pegada de carbono em La Paz-Bolívia

No tocante à urbanização inclusiva já tratamos do tema num artigo da nossa lavra, publicado aqui no nosso sítio JVM em abril de 2024, em que mostramos o papel do estado na cidade de Medelín na Colômbia que sediou o famoso Cartel de Medellín cuja leitura recomendamos:
Histórias, Estórias e outras Potocas | Site do João Vicente Machado;

A partir do arrazoado inicial feito, iremos nos reportar, principalmente às espécies de árvores exóticas usadas no planejamento urbano das cidades. Convém lembrar que as plantas usadas, tanto para o planejamento urbanístico das cidades quanto da zona rural ou para o reflorestamento de áreas degradadas em ambos os casos, devem sempre serem selecionadas. São espécies que podem ser catalogados como nativas ou exóticas, a depender das suas origens.

. Árvores nativas: são aquelas que crescem naturalmente nos diversos biomas terrestres, sem a intervenção da mão humana. Em sendo naturalmente adaptadas, elas são fundamentais para o equilíbrio ecológico, fornecendo alimento e abrigo para a fauna local, além de adubo natural para as demais espécies.

. Arvores exóticas: diferentemente das árvores nativas, as espécies vegetais consideradas exóticas não são originárias do local onde se encontram. Para lá elas foram levadas pela mão humana, sem ter a mínima adaptabilidade ao local. Foram introduzidas ou de forma não intencional ou por má fé e podem causar grandes impactos ambientais ao bioma como um todo.

A adaptação é o maior trunfo dos seres vivos para alcançar longevidade. Ao longo dos milênios aquelas espécies que não conseguiram adaptação ao meio ambiente em que vivem pereceram. Anteriormente já tratamos dessa questão da adaptação, inclusive com exemplos, portanto insistir no uso de plantas inadequadas é desperdício de tempo e de dinheiro.

No Brasil existem muitos exemplos de árvores exóticas, que além do mais são invasoras. Elas se espalham para além da área onde foram introduzidas, passando a competir por espaço com as nativas, causando sua morte ou extinção. Pela “vantagem” de crescerem mais rapidamente, as exóticas são as preferidas dos gestores públicos mais apressados, que têm o olhar voltado para próxima eleição, diferentemente do estadista que olha para o próximo século.

O número de exóticas é muito grande e não dá para abordar  em um único artigo. Por conseguinte, escolhemos três espécies mais usadas para detalhar o nosso raciocínio.

Algaroba: de nome cientifico prosopis juliflora e comum algaroba (Br). No Brasil ela foi introduzida de forma pioneira na cidade de Serra Talhada, no ano de 1942, com sementes procedentes de Piura-Peru.
Existem registros de duas introduções acontecidas na cidade de Angicos no Rio Grande do Norte-Rn, no ano de 1946. Desses dois locais ela se alastrou pela região, principalmente pelo semiárido.

Tanto no nosso cotidiano vital, quanto na nossa atividade laboral nos deparamos com situações vantajosas e desvantajosas. Na apropriação e manejo das espécies vegetais, essa premissa também é válida. Com a algaroba não poderia ser diferente.

Vantagens:

. Alimentos: por ser rica em nutrientes as vagens da algaroba trituradas e moídas, podem ser ministradas como alimento aos animais e até aos seres humanos como integrante da ração diária.
. Madeira: o tronco da algaroba tem miolo rígido e pode ser usado tanto na construção civil quanto como comburente.
. Reflorestamento: no caso de áreas degradadas ou desertificadas podem ser usadas na recobertura vegetal.
. Biodiversidade: a algaroba pode ter um papel importante no restabelecimento da fertilidade de ares degradadas e calcinadas, restabelecendo a produtividade.
. Biotransformação: o caldo doce extraído das vagens pode ser usado na produção de bebidas fermentadas.

Desvantagens:

. Invasão: a algaroba tem uma grande e indesejável desvantagem de se tornar invasiva e, de sufocar espécies nativas, com grandes alterações nos ecossistemas locais.
. Impacto na Fauna: o risco inerente à monocultura pode impactar a fauna local, provocando a deserção de espécies animais.
. Perdas econômicas: a vagem ministrada in natura aos animais, pode provocar a morte de alguns ruminantes. Eles apesar de poli gástricos, não conseguem digeri-la e como ela é vitrificada pode ferir o intestino.
. Disseminação indesejada: Em não digerindo a semente, ela passa incólume pelo trato estomacal e intestinal dos ruminantes e através das fezes provocará uma disseminação desordenada, de forma inconveniente e indesejável.
. Exaustão dos aquíferos subterrâneos: Pelo alta exigência de água a algaroba é também denominada pelo camponês como aguarroba, uma corruptela do seu nome em espanhol.

A sua estatura da algaroba varia entre 4 e 8 metros de altura e, dependendo da região, poderá chegar até aos 18 metros. É oportuno enfatizar que o uso da algaroba é possível sim, desde que seja feito em local adequado com um manejo correto e em obediência a todos os pressupostos de preservação da biodiversidade. Uma coisa é certa, a algaroba não é a árvore indicada para urbanização das cidades.

Castanhola: de nome cientifico Terminalia Catappa, a castanhola é popularmente chamada de amendoeira da praia, coração de nego, sete copas ou guarda-sol. É originária da Ásia, sendo considerada uma espécie vegetal invasora de grande porte, que pode atingir até 35 metros de altura. Ela também, igualmente à algaroba, tem suas vantagens e desvantagens.

Vantagens:

. Medicina tradicional ou herbática: as suas folhas, as cascas e as sementes são usadas para tratar algumas doenças como: problemas digestivos, distúrbios respiratórios, diabetes, e inflamações diversas.
. Aquários: as folhas secas da castanhola são usadas em aquários ornamentais e também em filtros, pelas suas propriedades curativas.
. Biodiesel: a amêndoa da castanha é uma das alternativas e podem ser usadas para a produção de biodiesel.
. Rusticidade e rápido crescimento: para o urbanismo imediatista ela atende com muita rapidez e é a cereja do bolo.

Desvantagens:

. Decomposição lenta das folhas: nesse particular reside uma grande desvantagem da castanhola. A árvore nativa é adaptável ao bioma em que vive e guarda semelhança com os seres animais no que concerne viver em sociabilidade, ou seja, dar e receber.
Poderíamos dizer que a castanhola é egoísta e insociável, pois as suas folhas caídas demoram muito a se decompor para se transformarem em adubo. Ou seja, não são generosas nem com ela própria.
. Liberação de ácidos e taninos: liberam ácidos húmicos e taninos baixando o PH da água.
. Raízes profundas: as suas raízes são profundas e destroem paredes e calçadas e pavimentos.
É outra árvore exótica não recomendada para urbanização de ruas nas cidades.

Nin indiano: é a caçula das árvores exóticas chegadas ao Brasil e, talvez por ser a noviça das exóticas, ela é também seduz como arvore da moda, para os desavisados e os desinformados. O nin indiano é prejudicial de várias maneiras, não somente ao bioma predominante no semiárido que é a caatinga, como também as aves urbanas adaptadas às cidades.

Vantagens:

. Como repelente de Insetos
. Como protetor de rebanhos contra ectoparasitas como os carrapatos
. Como anti-inflamatórios e analgésicos
. Tratamento da acne e de doenças cutâneas
. Tratamento de sarna

Desvantagens:

. Toxico para alguns animais
. Exaure e empobrece o solo
. Desequilibra os ecossistemas
. Danifica estruturas e instalações prediais e encanamentos públicos de água
. Como voraz invasora, poderá destruir a flora nativa da caatinga
. Pode interferir na capacidade de reprodução de espécies animais e vegetais nativos da caatinga, tornando-os estéreis
. O seu pólen pode ser toxico para as abelhas.

Chamamos especial atenção para as duas ultimas desvantagens que pode sim afetar o animal humano.

CUIDADO! NÃO PLANTE NIM INDIANO E SE PUDER ELIMINE-O!

 

 

 

 

 

 

Referências:
Animais extintos e em extinção no Brasil – Pesquisa Google;
Espécies vegetais declaradas extintas – Pesquisa Google;
Brasil tem maior número de espécies de árvores ameaçadas de extinção;
CT240Prosopis.pdf-Algaroba;
Castanhola – Terminalia Catappa – Projeto Verde;
NIM INDIANO: ENTENDA OS RISCOS AO BIOMA LOCAL QUE O CULTIVO DA ÁRVORE PODE TRAZER;

Fotografias:
Dinossauros – Pesquisa Google;
Mamutes – Pesquisa Google;
Tigre da Tasmânia – Pesquisa Google
Limpa folha do nordeste – Pesquisa Google;
Caburé-de-Pernambuco: características, alimentação, reprodução e causas da extinção | Pássaros;
Rato de Noronha – Pesquisa Google;
Pulpwood O Caminhão Traz a Madeira Para Carregar No Navio De Carga No Porto Foto de Stock – Imagem de material, madeiras: 149477256;
Cidades-esponja e corredores verdes: o que há de mais atualizado na adaptação à crise climática – Jornal da USP;
Arvores nativas do brasil – Pesquisa Google;
Algaroba – Pesquisa Google;
Ração da vagem de algaroba – Pesquisa Google;
Castanholas árvore – Pesquisa Google;
A Amêndoa da castanhola para biodiesel – Pesquisa Google;
PROIBIDA A PLANTAÇÃO DA ESPÉCIE NIM INDIANO NO MUNICÍPIO DE CARNAÚBA DOS DANTAS Prefeitura Municipal de Carnaúba dos Dantas

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