Por: Mirtzi Lima Ribeiro;
Estar atenta ao próximo, pensar em todos à volta, manter a sensibilidade nas relações pessoais, cuidar, valorizar, primar por ser assim com as pessoas do círculo mais intimista (semelhante à matilha entre os lobos), é o ideal a ser alcançado.
Entretanto, nesse mundo em distopia, esse item de qualidade de vida, esse elo, esse enlevo, esse lado poético e de vínculo afetivo, que era tão presente nas famílias de antigamente, tem sido esquecido na atualidade (muitos só pensam apenas em si mesmos).
Lembro do meu bisavô, das minhas avós e meus avôs, que me ensinaram desde menina a ser cuidadosa com os afetos, através de suas atitudes.
Então, eu ajudei ativamente a cuidar dos meus irmãos mais novos com tanto amor e cuidado, que jamais esquecei dessas lições aprendidas através do exemplo com eles: a eles era dada atenção genuína, a cada detalhe, mesmo sendo uma família grande e de poucos recursos.
Cresci ajudando a cuidar de mim e de meus irmãos, depois, de sobrinhos. Levei esse modelo para o meu coração e trouxe esse conceito para minha vida, inclusive com amigas e amigos mais achegados, com conhecidas e conhecidos, e até com gente que nem conheço.
Algumas pessoas acham isso utopia, outras, que é querer ser abrangente demais, já outras têm repugnância, e outros, só enxergam negatividade nesse estilo de vida.
No meu entender, é a maneira mais viva e significativa do ser humano viver em comunidade, em convivência saudável e rica de aprendizado.
A minha intuição e leituras me dizem que esses conceitos de intimismo, de envolvimento, de comprometimento e de vínculo afetivo, deverão retornar à vida das famílias de modo melhorado daqui para frente, entre o Séc. XXI e XXII.
Por que digo isso? Porque o ser humano ficou tão focado em si mesmo, tão ausente do outro (que está tão próximo), tão distante emocionalmente, que o diálogo se perdeu.
Não há mais trocas reais e daí surgem as anomalias e os abismos internos, cuja resposta é a quantidade de medicamentos que se toma para inúmeros transtornos emocionais, desencontros e desentendimentos pessoais existentes, as muletas que se buscam para preencher esse vazio no coração. Portanto, o ser humano
precisa reencontrar esse elo perdido.