Morreu: descansou

Por: Neves Couras;

Estas palavras tornaram-se comum quando sabemos que algum amigo ou conhecido morre, ou desencarna sob nosso ponto de vista. A ideia de que, ao deixar a terra, irá se viver com anjos, sobre as nuvens, mesmo passando a viver em algum lugar que só tem coisas belas e viver a em perfeito  não é bem real, segundo depoimento de muitos que já partiram e continuaram a sua tarefa.

Nosso irmão Humberto de Campos, ainda como Irmão X, no livro “Pontos e Contos” psicografado por Francisco Candido Xavier, nos conta uma história que precisa ser analisada por quem tem a noção de desencarnar é sinônimo de viver no paraíso.

Nosso Irmão conta a história de um amigo ao qual ele chamou de Sergio. Este, tinha um certo conhecimento dos conhecimentos do Espiritismo cristão, era muito prestativo em todo trabalho solicitado, mas tinha um defeito: era “demasiadamente triste, pessimista e vivia em desacordo com todos processos da experiencia humana” Não se negava a realizar nenhuma tarefa a ele solicitada, mas desejava morrer, abandonar esse mundo e entregar-se ao descanso ao lado das entidades iluminadas do plano invisível.

Ricardo, amigo de muito tempo o assistia do campo espiritual. Sérgio observara-lhe a fisionomia iluminada, através da visão mediúnica, e recordava imediatamente a ideia de morte.

Dirigia-se choroso ao benfeitor, com o mesmo tema, quanto desejava partir, para, segundo ele, cooperar na vida mais alta! Dizia que a Terra o asfixiava o coração, que em tudo havia dor, desalento e incompreensão.

Ricardo sorria e o levava a escrever: “Sergio meu caro, extingue os pensamentos da morte, porque somente a vida persiste na eternidade. Não desprezes o ensejo de servir no mundo. Todos temos para com o Planeta imensos débitos que devemos resgatar, de espírito confortado e feliz”.

Para quem não acredita na reencarnação, pode parar para pensar o causa de tantos sofrimentos. Ninguém nasce com isenção de seus compromissos. Precisamos acreditar que quando temos propósitos de sentimentos, e, confiamos em nossos instrutores, teremos sempre a ajuda D´Eles.

No entanto, a ideia fixa de morte do corpo físico, é uma obsessão perigosa que poderá nos arrastar a desenganos cruéis. “Atende à vida filho meu! Não te percas em lastimar o desentendimento das criaturas; repara, acima de tudo, a zona de serviço que elas te oferecem e dá-te, ao trabalho com amor”.

Nos momentos de tristeza não te entregues ao desequilíbrio. Lembre-se que cada um de nós estamos no lugar de serviço que o Senhor te destinou. Reflete nesta realidade e continua servindo a causa do bem.

Apesar de toda assistência que os Instrutores davam a Sérgio ele lia as orientações desse teor que chegava as lágrimas. Contudo, Sergio continuava:

“A existência humana, todavia, me assusta. Pensar na morte é a minha consolação. Nada me interessa na Terra, onde o tempo demora terrivelmente passar. Desejaria servir junto de vós, amado amigo, a fim de descansar o coração e alcançar a paz”.

Ricardo ainda tentava convencer ao amigo que a vida do outro lado era cheia de afazeres assim, como as responsabilidades. Dizia ainda: Sérgio, nossos deveres são bem pesados e dolorosos por vezes. Não vivemos em paisagem aérea, exonerados de obrigações difíceis.
Continua Ricardo a tentar convencer utilizando todos argumentos, incluindo inclusive a possibilidade de repouso, mas nada convencia Sérgio.

Finalmente, Sergio contraiu uma simples gripe, mas seu ardente desejo de morrer impediu-lhe de controlar eficientemente a máquina orgânica. Quando todos amigos esperavam esperançosos o seu reestabelecimento físico. Ricardo o encontra o amigo e no limiar da vida, falou como quem não encontrava outro remédio senão a conformação.

– Boa sorte, meu amigo! Planejaste a morte e abandonaste o corpo! – Então sigamos em frente!
Sergio o aplicou forças magnéticas, para que Ricardo e juntos partem para o trabalho. A princípio Sergio encantado com o trabalho, mas aos poucos, reconheceu que Ricardo dispunha de raríssimas horas de repouso, durante o dia. A noite também estavam cheios de atividades.

Finalmente, Sergio reconheceu que o ritmo de trabalho era exaustivo. Humilhado e vencido dirigiu-se, em pranto ao benfeitor, penitenciando-se. Ricardo ainda fala ao amigo que o trabalho na terra eram mais suaves e constituíam verdadeiro paraíso em comparação com os deveres atuais.

Ricardo apenas olha o amigo e fala que não há mais nada a fazer. Que ele prossiga com suas atividades, pois essas não poderão ser dispensadas.

Esse relato trazido pelo Irmão X nos mostra que a vida na terra é necessária para cumprirmos com nossos deveres, e, de certa forma, para nos preparar para quando, ao partirmos, estarmos prontos para novas atividades muitas vezes até mais demandantes do que as que realizamos aqui na Terra. O paraíso está em podermos nos dedicar inteiramente ao serviço do próximo sem as amarras da carne.

 

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