Por: João Vicente Machado;
Reza a lenda que no período da Velha República, além do voto da mulher ser cerceado, o ato de votar, era severamente vigiado, indo desde o voto de cabresto até o voto de Bico de Pena. Os protagonistas desse folhetim eram sem dúvidas os velhos coronéis e oligarcas e os figurantes era o povo.
A área territorial dos estados era dividida em currais eleitorais, sob o domínio e controle do coronelismo e das oligarquias cafeeiras, cacaueiras, canavieiras e agropastoris. Quanto ao voto, esse poderia ser:
Voto de Cabresto: era a forma autoritária de direcionar o voto da população mais pobre, fortemente vinculada por laços econômicos aos coronéis e às oligarquias, coagindo-a a votar sob ameaças de demissão e até de ameaças físicas.
Voto a bico de pena: essa modalidade de voto era também opressora como a primeira, porem era mais ostensiva. A cédula eleitoral era posta sobre uma mesa e o trabalhador de pena (era o nome da caneta) na mão, era obrigado a votar sob o olhar vigilante e ameaçador do coronel, acumpliciado com o aparelho de estado
Como tudo enfim se renova, essa prática eleitoreira absurda não seria a exceção. Notadamente em se tratando do modelo de economia política liberal burguesa, que nada mais é do que um gato de sete ou mais fôlegos.
O Brasil realizou no dia 06 de outubro de 2024, o primeiro turno das eleições gerais para as prefeituras municipais e as câmaras de vereadores de mais de 5.500 municípios brasileiros. A lisura do pleito já começou a ser questionada antes mesmo que o processo eleitoral tivesse sido aberto oficialmente e prosseguiu até o dia das eleições.
Com o advento da cibernética, a metodologia da dominação política passou a contar com instrumentos de mais modernos de subordinação tais como:
um volumoso montante de capital financeiro; a engrenagem de todo aparelho ideológico do estado como a imprensa falada escrita e televisada, as milicias digitais, os cabos eleitorais opressores, igrejas fundamentalistas e segundo indícios, até com o concurso de facções criminosas organizadas com inspiração e métodos usados pela Máfia Siciliana na Chicago dos anos 1930. Ou seja, as facções que já têm as cidades divididas em zonas, só permitiam a entrada de políticos nas suas áreas, se com elas tivessem afinidade.
Pelo que se informa esses métodos não são novidade e são usados pela direita mundial. Essa ideologia da dominação vem aumentando, vem avançando perseguindo a unanimidade de uma ideologia única e de direita.
Alguém haverá de perguntar por onde anda a esquerda outrora tão combativa. A triste realidade é que a esquerda outrora combativa, hoje em dia aderiu à ideia de reformar o capitalismo liberal com uma política pública para cada demanda popular. Nesse passo para cada 10 políticas públicas propostas uma é aprovada e depois tem seu orçamento contingenciado.
Então no Brasil não há esquerda autentica e sim um liberalismo de esquerda onde algumas lideranças passa a pregar a convivência pacifica a troco de uma ou outra compensação mínima diante do grande volume de carências da classe dominada. Não é preciso dizer que essa prática leva ao divisionismo.
O saudoso Leonel Brizola, um nacionalista assumido dava lições à esquerda com frases como essa:
Precisamos nos reciclar com urgência, assumindo sem medo ou acanhamento uma posição firme de autentica esquerda para adquirirmos força própria. Isso nos fará entender melhor a divisão de classes e que a imensa maioria da massa oprimida dela faz parte, inclusive nós.
É preciso entender de uma vez por todas, que reformar o capitalismo é malhar em ferro frio e que seu modelo de economia política é o grande rolo compressor da massa oprimida.
É preciso retomar o processo de formação política, bem como o processo de formação de quadros de onde brotarão novas lideranças.
Desde já nos escrevemos no projeto de implementação dessa ideia. Quem mais se habilita?
Referências:
O capital. Tradução Carlo Cafiero
A filosofia do direito de Hegel- Carl Marx
Fotografias:
voto de cabresto – Pesquisar Imagens (bing.com);
eleição à bico-de-pena – TOK de HISTÓRIA (tokdehistoria.com.br);A pirâmide da desigualdade global da riqueza. Artigo de José Eustáquio Diniz Alves – Instituto Humanitas Unisinos – IHU;