Por: João Vicente Machado Sobrinho;
Nos idos da adolescência da nossa época, o desabrochar do amor era vivenciado em clima de sonho e era sempre temperado com muito romantismo. A incerteza da conquista amorosa almejada era o alimento da curiosidade dos jovens adolescentes, e nos empurrava para a prática de simpatias as mais diversas, sempre em busca de respostas para um devaneio intenso e oculto.
Uma dessas simpatias, muito conhecida de todos, agregava-se às demais simpatias pré-existentes e, nos meses de maio dedicado as noivas e junho ao tríduo junino, completava as experiências e fazia a festa da galera. Impulsionadoras de devaneios e de uma ansiedade latente, as simpatias na maioria das vezes eram decepcionantes. Para a sua prática esperançosa, era sempre utilizada uma flor de margarida que ia sendo gradualmente despetalada, uma a uma, ao som do bordão: bem me quer, mal me quer, bem me quer, mal me quer, até que a última folha fosse arrancada.
Com o pensamento focado na esperança de uma conquista amorosa muito ansiada porém secreta, a simpatia somente poderia ser coroada de êxito se o ato de arrancar a última pétala coincidisse com a última frase do bordão falado: bem me quer!
Pronto, estava descoberto o príncipe mitológico ou a princesa dos sonhos dos da(o)s jovens! O sucesso ou o fracasso da conquista amorosa pretendida poderia acontecer ou não, dependendo da aceitação de outrem, além da habilidade do conquistador(a). Viveriam eles felizes para sempre? Nem sempre!
Não obstante, deixemos de lado o romantismo onírico e inofensivo dos jovens enamorados, para cair na realidade da vida no seu cotidiano. Passemos então a apreciar com uma potente lupa filosófica, as atitudes e o desempenho daqueles que têm por obrigação nos representar no parlamento, como parte de um dos poderes tripartite. A eles compete a governança do aparelho de estado e a gestão do modo de produção e de acumulação liberal capitalista, usando todo o poderio do aparelho de estado burguês.
Nos últimos dias, temos assistido o modus operandis dos referidos gestores, os quais ocupam vários segmentos da superestrutura do aparelho de estado brasileiro.
Encenaram publicamente um deplorável espetáculo: de ambição desmedida, de traições, de ilusionismos, de engodo, de dissimulações e logro, tendo como protagonistas alguns dos personagens políticos que foram eleitos, para segundo eles próprios defenderem os interesses do povo.
O espetáculo deprimente que assistimos foi intensamente narrado pela imprensa oficial e pelas milícias digitais à serviço do establishment. À medida que notícia ia sendo dada, era intercalada com opiniões nem sempre imparciais de alguns comentaristas, que pareciam devidamente orientados.
O iconográfico ilustrativo que mostraremos em seguida é o desenho do modo como é organizado o aparelho de estado liberal capitalista, e ressalta o poderio do poder econômico da classe dominante.
É um instrumento didático que pode ser usado para expressar o pensamento do filósofo Karl Marx, que escancarou exploração de classes de forma inquestionável.
É fundamental que tenhamos clareza teórica suficiente para interpretar o modus operandis da economia política liberal capitalista burguesa. Sem isso não iremos nunca entender a essência da exploração de classes. E o que é pior, seremos tomados pelo desalento e passaremos a aceitar tacitamente o discurso do explorador, sem esboçar nenhum questionamento ou reação.
Passaremos a dar credito a uma teoria falaciosa que prega o fim da história anunciado por Francis Fukuyama, além de crer nos castigos divinos anunciados por pregadores religiosos charlatões.
Desse modo não deveremos nos ater ao discurso ortodoxo fácil, de diversos porta vozes da figura fantasmagórica do mercado. Até porque ao longo do tempo só houve mudança das moscas, o pirão continua sendo o mesmo.
O elenco de arautos de agora é composto por figuras amorfas, insipidas e inodoras tais como: Artur Lira, Rodrigo Pacheco, Pérsio Arida, Edmar Bacha, André Lara Rezende, Maurilio da Nóbrega, Henrique Meirelles, Joaquim Levy, Paulo Guedes, Roberto Campos Neto et caterva.
Nos cabe como vítimas da exploração estudar e tentar desconstruir com argumentos o que eles pregam como dogma de fé. Não devemos nos esquecer que todo esse pessoal é egresso do sistema financeiro e a ele retornarão uma vez cumprido os seus papeis nos diversos governos liberais pretéritos.
No que lhes compete por ofício eles conseguiram obter excelentes resultados para a classe dominante, em detrimento dos explorados cujo contingente a cada governo liberal vai empobrecendo gradualmente até chegar à miséria absoluta.
Atualmente, quase todos eles prestam serviços à banca internacional e a rigor se comportam como felpudas raposas “zelando” pelo galinheiro do capitalismo selvagem.
Recordemos um pouco da atualíssima teoria da práxis, para que armados de argumentos possamos enfrentar os liberaloides direitopatas de plantão:
“A sociedade é baseada em relações de produção, e é dividida em Infraestrutura e Supraestrutura. A primeira das divisões constitui a base material, basicamente sendo as relações de produção e o capital. A supraestrutura é o topo ideológico, constituído pela política, religião, instituições, justiça, comportamento, a vivência social como um todo. Karl Marx enuncia que a Supraestrutura é determinada pela Infraestrutura, portanto a base material sobrepõe o topo ideológico. Todos os acontecimentos humanos são, pois, estabelecidos pelas relações de produção.
A relação entre as classes sociais não é harmônica. É um vínculo conflituoso, uma verdadeira disputa. Esta disputa move a história, ou seja, a luta de classes move a história. Todas as mudanças históricas que ocorreram e que continuarão a ocorrer, eclodiram devido a um conflito entre uma classe dominada e uma dominante.
As classes sociais passam por momentos constantes de desigualdades sociais. Uma classe exerce domínio sobre a restante, ocasionando o problema da desigualdade. As desigualdades sociais acontecem devido à existência da propriedade privada, visto que uns são detentores dos meios de produção e outros não. Os burgueses, detentores dos meios de produção, buscarão manter a exploração constante para ter uma alta lucratividade e, consequentemente, uma renda elevada. Marx soluciona o problema da desigualdade com o pensamento em prol da extinção da propriedade privada dos meios de produção, com isso a burguesia seria extinta, visto que perderia sua forma de exploração e acúmulo de riqueza.
A alienação representa o estado em que o trabalhador se encontra na sociedade, sem perceber os mecanismos burgueses de controle social. O operário não é capaz de perceber a existência do exército industrial de reserva, tal como da Mais-Valia. O proletariado se torna ignorante ao processo social do qual faz parte.
É através da prática que a situação presenciada pelo trabalhador mudará. Somente uma revolução é capaz de extinguir o governo da burguesia e, por conseguinte o Capitalismo. Dever-se-á instaurar, no lugar do governo exploratório burguês.”
“As revoluções são a locomotiva da história”
Ao contrario do que muitas pessoas pensam, as eleições burguesas nunca foram e jamais serão a via de saída para a transformação do modo de produção capitalista de modo a torná-lo inclusivo. Muito pelo contrário, elas são um engodo que confere passaporte para o livre trânsito ao ultraneoliberalismo em defesa da classe dominante.
Destarte, a única utilidade do sistema eleitoral liberal burguês é nos permitir a chance de acumular forças para enfrentar de forma organizada as lutas populares libertadoras que com certeza estão por. É bom ter sempre presente que;
A roda da história não tem marcha a ré. Ela só anda para a frente. Quem viver verá!
Referências:
Principais conceitos resumidos – KARL MARX (wordpress.com);
Fotografias:
Malmequer, bem me quer… Quer-te? – Associação RUMOS NOVOS – Católicas e Católicos LGBTQ (Portugal) (sapo.pt);
Principais conceitos resumidos – KARL MARX (wordpress.com);
Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em… (kdfrases.com)