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A Guerra do Ópio na China e seus Paradigmas

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Imagem: BRASIL ESCOLA

A origem de todas as guerras e conflitos registrados na história, foram na grande maioria, promovidos pelo gênero humano e, são de ordem eminentemente econômicas.

O nascedouro de toda discórdia remonta ao tempo do comunismo primitivo, onde o clã, assim definido pela antropologia, era uma célula que aglomerava familiares, descendentes e/ou ancestrais. A sobrevivência de todos  advinha do extrativismo, que com o tempo foi  abandonado em decorrência do processo de sedentarizarão, A sedentarização originou as classes sociais e estimulou a prática perniciosa e egoísta da acumulação de bens de um clã, em detrimento de outros.

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Engels, o milionário, amigo e parceiro de Karl Marx, escreveu um livro de leitura indispensável, tratando desse tema: A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado.

A origem da família da propriedade privada e do estado – Pesquisar (bing.com);

Como empregado da Cagepa por mais de 40 anos, fizemos parte da diretoria do Sindicato que representa os trabalhadores daquela Empresa, o combativo e aguerrido Sindiágua/Pb de tradicional e invejável história de lutas.

Juntamente com os camaradas Netovitch Maia Duarte, José Reno de Sousa, entre outros valorosos companheiros de caminhada, sempre houve entre nós, o entendimento de que a formação política era de fundamental importância, tanto para formação de novos quadros políticos. quanto para a organização das lutas populares, no nosso entendimento o caminho único e seguro para o socialismo.

Por volta do ano de 1988 do século passado, a diretoria colegiada da entidade decidiu unanimemente, contratar junto ao Núcleo de Educação Popular Paulo Freire-NEP em São Paulo, um Curso de Economia Política. Para nossa sorte o NEP designou como monitor um profissional de alta qualificação de nome Humberto, (?) de saudosa memória. O curso foi realizado aqui mesmo na Parahyba, nas dependências do Centremar, onde hoje funciona um seminário católico.

O sucesso do curso foi tamanho, que mesmo depois de tanto tempo, ainda guardamos na memória grande parte do conteúdo, inclusive sobre a pouco comentada Guerra do Ópio, as suas causas, a violência da Inglaterra e as suas consequências.

Atualmente estamos diante da disseminação de vários conflitos armados espalhados pelo Brasil, em que facções criminosas rivais, disputam a distribuição e a comercialização de drogas. Essa tem sido uma cena comum no cotidiano da cidade do Rio de Janeiro e, agora recrudesceu no Rio Grande do Norte, com onda de muita violência. Refletindo sobre essa guerra doméstica movida pela droga, me veio à lembrança as preleções do professor Humberto sobre a guerra do ópio na China.

Pelos registros históricos, o conflito entre a Inglaterra e a China  teve origem com a crescente comercialização de forma semiclandestina, de um psicotrópico comercializado  pelos ingleses, à base de uma planta chamada papoula. A droga que era levada para a China por grupos comerciais  ávidos por lucros, arrastou dezenas de milhões de chineses à dependência química, ferindo de morte a incipiente economia do país.

O mundo estava vivendo a época da segunda revolução industrial e a Inglaterra que era a potência econômica dominante de então, através dos seus agentes econômicos necessitava  expandir o mercado para os seus produtos manufaturados. Sendo assim, voltou o olhar para a China como possível parceira e para lá se dirigiu levando a droga na garupa.

A definição da história nos mostra que:

“A denominação Guerras do Ópio é conferida a dois conflitos armados registrados na China no século 19. Os conflitos foram travados entre os países ocidentais e a Dinastia Qing, que permaneceu no governo chinês entre 1644 e 1912.
A primeira Guerra do Ópio foi registrada entre 1839 e 1824 e foi travada entre a Grã-Bretanha e a China. A segunda Guerra do Ópio ocorreu entre 1856 e 1860 e dessa feita envolveu a China, a Grã-Bretanha e a França.”

A China era um país imperial muito atrasado, que foi agredido durante muitos anos por grupos econômicos  internacionais, principalmente os ingleses. O país só viria se libertar do jugo da opressão econômica  depois que o povo chinês, fazendo valer a sua esmagadora maioria, resolveu promover uma revolução popular socialista, em que a vitória final ocorreu em 1948.

Depois de uma longa revolução comandada por Mao Tsé Tung, e uma vez satisfeitas as necessidades primárias da população de maioria miserável, em apenas 75 anos a China transformou-se na maior potência econômica do planeta terra. Fruto da obra revolucionária  seus 8 bilhões de habitantes tiveram acesso a: trabalho, comida, moradia digna, transporte,  educação de forma universal e lazer.

No período da primeira guerra do ópio e  ao se deparar com uma grande parte da sua população em estado de dependência química, a China proibiu o comércio de drogas, levando os britânicos a  reagir de forma violenta. Os dois conflitos, ambos vencidos pela Inglaterra, aconteceram primeiramente em 1839 e depois em 1860. Ao final a Inglaterra impôs à força o comercio livre do ópio em todo território chinês.

Como os capitães da indústria mundial da época e necessitando de matéria prima e mão de obra barata, os ingleses enxergaram na China e na Índia os endereços certos para os seus planos expansionistas.

A China se mantinha fechada para a entrada de produtos estrangeiros, mas mesmo assim os ingleses encontraram uma fenda que permitiu  a passagem e a comercialização do ópio. Diante do livre trânsito, os britânicos aumentaram consideravelmente o comércio do ópio que entrava em território chinês pelo porto de Cantão no sul do país.

Era um comércio sujo mas muito florescente e muito lucrativo.  Mas apesar da impositura,  as reações ao ópio cresciam na medida em que aumentava a dependência da população chinesa.

Apesar das tentativas impotentes  de barrar o comercio da droga, o número de dependentes crescia e o governo chinês aprofundou as restrições ao comercio e ao consumo da droga. Para tanto apreendeu 20 mil caixas de ópio que seria comercializado pelos ingleses.

Os britânicos não deixaram o prejuízo barato e reagiram mais uma vez de forma violenta, enviando uma frota de navios de guerra para a China, para destruir todo bloqueio comercial chinês nas proximidades de Hong Kong.

Ao final da primeira guerra e com a derrota dos chineses, os dois países assinaram um armistício em 1842, no qual a China se obrigava a pagar uma indenização de guerra e entregar Hong Kong aos britânicos. Ou seja, a China pagou para ser agredida.

Mal concluída a primeira guerra, os ingleses impuseram novamente a sua presença, ampliando o comércio dos seus produtos. Diante da natural reação da China teve inicio a segunda guerra do ópio em 1856.

Os chineses resistiram com as condições precárias e desiguais que dispunham,  enviando tropas para lutar contra os navios ingleses e, simultaneamente, destruindo as fábricas que produziam produtos estrangeiros. Dessa vez, a Grã-Bretanha contou com o apoio da França que se sentiu prejudicada, e em 1860 novamente saiu vencedora de mais um conflito contra os chineses.

O desenrolar das guerras do ópio na China nos mostra nitidamente como age o capital para impor o processo de dominação, fazendo até uso de droga para ser transformada em dinheiro.
O imperialismo não respeita fronteiras e não está nem um pouco preocupado com as condições de vida dos povos por ele explorados. Ao capitalismo liberal, o que importa e o que conta de fato é o lucro. Venha ele de onde vier e de qualquer que seja a origem.

Percebam que mesmo sendo derrotados, os chineses  ainda tiveram de indenizar a Inglaterra pelas despesas bélicas. Sem dinheiro suficiente, se obrigaram a entregar ao domínio inglês a cidade chinesa de Hong Kong que, durante o longo período de 100 anos foi transformada numa cabeça de ponte para as ações da Inglaterra na Asia.

Contam que durante o período da guerra do ópio, havia uma placa escrita na parede dos restaurantes chineses onde se lia:

“É proibido entrar cachorro e chinês.”

Essa frase é um opróbio  que corta na alma de quem tem o mínimo de nacionalidade e amor à pátria.
Imaginemos nós, uma placa em qualquer restaurante brasileiro proibindo a entrada de nós  brasileiros! De que seriamos capazes?
Não é sem razão que a corrida armamentista e espacial é privativa das potencias econômicas.

A Rússia herdou da União Soviética o maior arsenal de guerra do planeta terra, que foi montado no período da guerra fria para se defender dos Estados Unidos.
Hoje em dia esse  arsenal está de posse da Rússia, frequentemente acossada pela OTAN, entidade que congrega aliados dos Estados Unidos e de quem está sempre à serviço.

Na guerra geopolítica que trava com  a Ucrânia e os países capitalistas que lhe dão apoio, a Rússia ainda não foi invadida e nem será, por meter medo nos adversários que temem o seu poder de fogo.

Até a pequena e pobre Coreia do Norte, para se defender das agressões imperialistas construiu o seu poderio bélico que pode até não ser grande, mas é letal. A Coreia do Norte está sempre ameaçada, porém nunca foi nem será agredida, por puro medo dos seus artefatos e do poderio bélico da China sua aliada.

Todos esses acontecidos nos fazem lembrar um provérbio latino atribuído a Flávio Vegecio:

“Si vis pacem, para bellum.” Ou seja:
Se queres a paz, prepara-te para guerra!

Mutatis mutandis o enredo da guerra do ópio pode ter servido de paradigma para o que vivemos hoje a nível de Brasil e de mundo. Há algumas perguntas que até hoje não foram suficientemente respondidas. Senão vejamos:

. A quem pertence de fato o tráfico de drogas no Brasil? A resposta recai sempre sobre alguns nomes como: Escadinha, Fernadinho Beira Mar, Marcola, Ian, Tuta entre outros.

É difícil crer que esses sejam os verdadeiros donos do tráfico. Mega distribuidores eles  podem até ser, mas os donos e ainda mais presos? Talvez não!

. Será que o chefe maior do tráfico mora mesmo na favela? se isso for verdade, é um forte indicativo de que a cocaína, que é mais cara do que o ouro, não tem valor no Brasil.

. Se o Brasil não produz uma folha sequer de coca, como a pasta de cocaína entra no Brasil?

O Brasil se limita a Oeste com o Uruguai-1.069Km, a Argentina-1.262Km, o Paraguai-1.366Km, a Bolívia-3.424Km e o Peru 2.995Km, numa extensão total de 6.420 Km

A fronteira com a Bolívia tem 2.610 Km através de rios e canais; 63Km por lagoas; 751Km por linhas convencionais.

A fronteira com o Peru tem 2.003Km através de rios e canais; 709 Km por divisores de água e 284 Km por linhas convencionais.

Então dos 6.419 Km de fronteira total, com os dois países plantadores de coca totaliza 1.035 Km. O restante, 5.384 Km é limitado por água.

Observem que uma fronteira com uma extensão como essa, é de difícil fiscalização e não é qualquer traficante de favela que tem esquema para vulnerabilizá-la.

Será que não existe dinheiro externo financiando isso?
Miiiistéeerio!

 

 

 

Referências:
A origem da familia da propriedade privada e do estado – Pesquisar (bing.com);
https://www.todamateria.com.br/guerra-do-opio/
Milícias: sua origem e ascensão como poder paralelo no Brasil | Guia do Estudante (abril.com.br);
Rio tem 3,7 milhões de habitantes em áreas dominadas pelo crime organizado; milícia controla 57% da área da cidade, diz estudo | Rio de Janeiro | G1 (globo.com);

Fotografias:
Comunismo Primitivo: Características, Vantagens e Desvantagens – Exemplos de (ejemplosde.info);
núcleo de estudos populares-nep – Pesquisa Google;
htpps://www.dw.com/pt-br/o-que-se-sabe-sobre-os-ataques-no-rio-grande-do-norta;
Si vis pacem, para bellum – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org);
Guerras do Ópio. Causas e consequências das Guerras do Ópio (uol.com.br);
Hong Kong, ontem e hoje – Ou a China de hoje é o Japão de ontem – Revista Gran Turismo;
Mapa revela cidades já dominadas e em disputa por facções criminosas no RN | Rio Grande do Norte | G1 (globo.com);

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