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O manguezal: berçário natural da vida marinha

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O manguezal, localizado nas regiões tropicais e subtropicais do Planeta, é o ecossistema costeiro associado à Mata Atlântica de transição entre os ambientes terrestre e o marinho, estando sob influência do regime das marés, sendo por isto dominado por espécies vegetais e animais características.

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Indicativo dos Biomas no mapa do Brasil.

Geograficamente, o ecossistema manguezal está localizado nas proximidades das margens de baías, barras, enseadas, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde necessariamente haja mistura de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa. No Brasil, os manguezais são encontrados ao longo de todo o litoral, cobrindo área de cerca de 25.000 km².

Sendo um local abrigado e com muitos nutrientes, o manguezal mantém uma rica biodiversidade, fazendo com que seja o grande berçários natural da vida marinha (entre 70% a 80% das espécies de importância econômica usam o manguezal pelo menos uma vez na sua vida), tanto para as espécies características desses ambientes, como para peixes e outros animais que migram para as áreas costeiras durante, pelo menos, uma fase do ciclo de sua vida.

A cobertura vegetal instala-se em substratos de vasa de formação recente, de pequena declividade, sob a ação diária das marés de água salgada ou, pelo menos, salobra, que exigiu algumas adaptações estruturais para se manter no terreno alagadiço, salino e com deficiência em oxigênio. Portanto é predominante a vegetação halófita, constituída principalmente pelas espécies de mangue: Rhizophora mangle (mangue vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco), Avicennia spp. (mangue preto ou canoé) e Conocarpus erectus (mangue de botão). A vegetação do manguezal tem importância vital para esse ecossistema, tendo em vista que as suas raízes servem para fixar os solos, impedindo a erosão e, ao mesmo tempo, estabilizando a linha de costa.

No manguezal existe uma grande variedade de peixes, crustáceos, ostras e mariscos, que atraem uma grande quantidade de pescadores amadores e profissionais. Os pescados mais comumente encontrados são o robalo, a tainha, a sardinha. Além desses tem o caranguejo-uçá Ucides cordatus, o goiamum Cardisoma guanhumi, e o aratu Goniopsis curentata, bem como os mariscos dos gêneros Anomalocardia e Mytella, a ostra gigante Crassostrea spp e os camarões, que passam a fase larval e juvenil no manguezal. Quando esses crustáceos crescem, aproveitam o vaivém das águas das marés para se deslocar rumo ao oceano.

Outras animais frequentam esporadicamente o manguezal, como a lontra Lutra longicaudis, o guaxinim Procyon cancrivorus, além do guará Eudocimus ruber, da garça Ardea Alba, do colhereiro Ajaia ajaia e mais recentemente da garça vaqueira Bubulcus íbis.

Estando numa região bastante cobiçada pelos humanos, muitas atividades são desenvolvidas no manguezal, que se não houver controle podem causar degradação, como pesca esportiva, artesanal e de subsistência, utilização da madeira das árvores, cultivo de ostras e outros organismos aquáticos, cultivo de plantas ornamentais (orquídeas e bromélias), criação de abelhas para a produção de mel, bem como desenvolvimento de atividades turísticas, recreativas, educacionais e de pesquisa científica.

Do ponto de vista da conservação, o manguezal é considerada de preservação permanente (APP), segundo o inciso VII, do artigo 4º, da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, o novíssimo código florestal. Entretanto, a lei per si não consegue proteger esse importante ecossistema da sobrepesca, da pesca de pós-larvas, juvenis e de fêmeas ovadas e da pesca predatória, quando é comum a captura do caranguejo-ucá durante a época de reprodução (andadas), quando se torna presa fácil ou com uso de petrechos proibidos como a redinha, bem como do desmatamento e do aterro de manguezais para a construção de portos, estradas, agricultura, carcinicultura, invasões urbanas e industriais, derramamento de petróleo, lançamento de esgotos, lixo, poluentes industriais e agrotóxicos.

Com urgência deve haver uma conscientização de que a destruição dos manguezais gera grandes prejuízos, inclusive econômico, direta ou indiretamente, uma vez que são perdidos importantes serviços ecológicos desempenhados por esses ecossistemas.

 

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