Por: Neves Couras;
Nos últimos tempos tenho sido indagada com muita frequência, talvez por falar tanto das coisas do mundo espiritual, o porquê do mundo está tão violento. Evidentemente, não tenho uma resposta pronta para essa pergunta. No entanto, também fico analisando as pessoas, e alguns comportamentos, principalmente quando me proponho a ver, vez ou outra, o noticiário (resolvi não assistir diariamente às notícias), apenas para não ficar alienada com os acontecimentos do mundo.
Do ponto de vista da Espiritualidade, não existe uma resposta única. No entanto, vamos tentar cada um de nós responder a essa pergunta: o que tenho feito para melhorar o mundo? Todos nós nascemos com uma missão, e trazemos em nossa bagagem espiritual as ferramentas para desenvolvê-la. Acrescido a isso, temos à nossa disposição, segundo o que acredito, e, me é ensinado cada dia lendo as páginas do Evangelho, um guia para nossa conduta diária.
Alguns podem dizer: “mas não sou cristão”, ou “não tenho religião”. Certo. Por esta mesma razão existe um Código criado pelos homens que, de certa forma, reproduz os ensinamentos de Jesus. Se não acredita, faça a comparação entre os 10 Mandamentos recebidos ainda por Moisés e o Código Civil, que você verá quanta semelhança existe.
Voltando as ferramentas que já trazemos em nossa bagagem para desenvolvermos, para aperfeiçoarmos nosso aprendizado enquanto estivermos por aqui, posso garantir que ninguém nasceu predisposto para fazer exclusivamente o mal. Se existem os que desenvolvem certas patologias para fazerem o mau, até mesmo esses, tiveram a oportunidade de conviverem com alguém bom.
Aqui começa a nossa participação na sociedade e para o mundo que vivemos. Durante muito tempo o homem, lá nos primórdios, vivia com poucas pessoas, depois, foram se agregando até como forma de autoproteção e formando, mesmo que bem primária, um tipo de sociedade. Os milhares de anos se passam e o homem passa a viver realmente em sociedade. E a necessidade dessa aproximação, se faz necessária exatamente, porque precisamos aprender uns com os outros.
Não é novidade para ninguém que, como dizem algumas correntes filosóficas, o homem é produto do meio. De certa forma acredito nisso. No entanto, você pode ser num agente de mudanças onde você vive, sem dar nenhuma palavra. Apenas com seu modo de ver o outro que vive ao seu redor, com sua educação, por mostrar respeito, como você trata sua família, sua vizinhança. Como você atua como agente político mostrando ética e respeito, não confundido o que é publico com o que é particular.
Acredito, que cada um de nós é exemplo para alguém. Principalmente para as crianças. Aqui está uma das nossas maiores responsabilidades. Pessoas que se tornam líderes, bons líderes, têm uma responsabilidade imensa em uma sociedade.
Voltando ao noticiário, quantas noticias vemos no nosso dia a dia que podemos garantir que uma criança, ao assistir, pode seguir aquele exemplo?
Volto a perguntar: O que estou fazendo para deixar como legado para um filho, um sobrinho, um vizinho ou qualquer pessoa que olhe para minhas ações e imagine que essa ou aquela ação pode ser seguida pois vai me levar para um bom caminho.
Que ensinamentos estou deixando para meu filho? Como eu vivo para que quando veja um noticiário, que divulga roubo, assalto, políticos desviando recursos, eu tenha idoneidade para dizer a meu filho: “olhe, isto não se faz por essa e essa razão”.
Que moral eu tenho para dizer a meu filho: “não roube”, quando eu mesmo faço um “gato” na energia elétrica, quando eu trago da repartição um grampeador, um papel para evitar comprar uma resma com um valor insignificante para quem pode comprar uma impressora, como posso dizer a meu filho que a família é importante, quando traio minha esposa ou meu esposo?
O que significa para o Estado eu trazer um grampeador para casa, quando em minha sala cada mesa tem mais de um? Eu respondo: quem tem coragem e capacidade de desviar um grampeador, desvia qualquer quantidade de recursos.
Tive uma professora que dizia: observe se seu filho não está desviando recurso para compra de seu lanche na escola. Já parou para pensar nisso? Você já parou para imaginar que um grão de arroz, é só um grão, mas um saco de arroz é formado de inúmeros grãos?
Como eu trato minha mãe e meu pai? Será que meu filho, vendo que eu os tratos mal, vai me tratar diferente? Um limão estragado pode estragar uma tonelada de limões.
Meus avós, seus avós, não precisavam assinar uma nota promissória para provar que haviam contratado um empréstimo. Suas palavras eram suficientes como prova. Hoje, temos que assinar a nota promissória, reconhecer firma em cartório, e, mesmo assim, ainda têm os que negam a dívida. Que tipo de humanidade estamos nos tornando? Que legado meus filhos e netos poderão usar para lembrar minhas ações? Que ações eu poderei dizer, quando estiver com a idade avançada: Isto eu fiz para contribuir para um mundo melhor!
Nosso Poder Legislativo, Judiciário ou Executivo só serão melhores quando nos tornarmos pessoas melhores, afinal, eles são nossos representantes.
Pensemos Nisso!
Excelente texto, ótima reflexão e uma mensagem de ensinamento para aqueles que virão.