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As cores dos finais de tarde

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Por: Emerson Monteiro;

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Além das meras descrições, as horas trazem narrativas esplendorosas de beleza mais rara que toca de perto os viventes. Nem que se pudesse, alguém jamais esqueceria os momentos da beleza que envolvem de mistério os finais dos dias, hora da essência dos seres. Espécie de ocasião propícia a dedicar sobremodo ao silêncio, nessa oportunidade os pássaros entoam seus derradeiros cantos e as pessoas distinguem pedaços da existência a envolvê-las de melancolia, qual saudade de outra dimensão inalcançável. Enquanto isso, nuvens tingem de cores vivas o poente e comunga de amor ao Sol que seguirá lá adiante, largando aqui às sombras da escuridão.

Nessa hora, algo de religioso domina o mundo. Hora mística de doce harmonia da natureza que adormece. São as luzes do dia que fecham empanada ao Universo em volta e convida todos aos pomos da oração. Já foram muitos sóis postos no horizonte das vidas, que guardamos no recesso de nós feitos medalhas das tantas epopeias de que participamos.

Juntamos em nós, em feixes, os segredos das almas. Trabalhamos fielmente a dor de existir e juramos lá um dia realizar todos os sonhos guardados. Momento mágico, transcendente, quando tudo trabalha o viver das criaturas em novas esperanças tão logo regresse a luz a dominar, de novo, as trevas. Somos nós pedaços desse dever.

Nisso, vem a movimentação dos astros no manto escuro do céu, que nos devolve a sede dos amores, senhores da felicidade. Planejamos o porvir na vontade imensa de concretizar esse definitivo dos melhores dias. Pelejamos o desejo de paz aos corações, neste lugar bonito que a história nos conduz. Assim são os acordes das luzes nessas cores do final do dia, testemunhos da perfeição de onde nascemos e aonde também regressaremos.

São, por isso, tantas as vezes dessas ocasiões de pureza e esperança que transporta aos páramos do desconhecido essas visões dos nossos dias, parcelas inestimáveis da solidão que ainda somos.

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