Em meio ao tenebroso espetáculo das mudanças climáticas está sendo realizada em Dubai, capital dos Emirados Árabes, entre 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas denominada COP28.
O encontro conta com a participação de 197 países e mais de 200 líderes mundiais, os quais estão mais uma vez discutindo o agravamento das questões climáticas. Desta feita e com um forte elemento probatório presente na ribalta atmosférica, o debate tem como foco o crescente aquecimento global, de graves e imprevisíveis consequências. As temperaturas do planeta de um modo geral, têm aumentado além do tolerável em diversos países e regiões, inclusive nos países mais desenvolvidos, os quais coincidentemente são os maiores responsáveis pelo agravamento da situação, como é o caso da China e dos Estados Unidos da América do Norte-USAN. Repete-se a velha máxima que preconiza: “o feitiço está se voltando contra o feiticeiro.”
Para a Organização das Nações Unidas-ONU, os diversos conclaves realizados desde o ano 2.000, têm servido como ponto de encontro de diversos países periféricos, na tentativa frustrada de enfrentar as questões climáticas, numa tentativa até agora infrutífera de pelo menos limitar o aumento das temperaturas a níveis toleráveis. A insensibilidade e mais do que isso, a insanidade humana, tem se mostrado indiferente às advertências recorrentes, numa atitude de alheamento suicida.
Fizemos um balanço das catástrofes ambientais que se abateram sobre o planeta terra entre 2022 e 2023, e selecionamos como amostra apenas aquelas que foram consideradas as 10 piores, e que ocorreram nos dois anos citados. No ano de 2022 aconteceram três tempestades, quatro inundações e três grandes secas. Foram elas:
“1-Furacão Ian (Cuba- Estados Unidos) – US$ 100 bilhões – matou pelo menos 150 pessoas e deixou 40.000 desabrigados
2-Seca na Europa – US$ 20 bilhões – 20.000 mortes em excesso
3-Inundações na China – US$ 12,3 bilhões – evacuação de centenas de milhares de pessoas
4-Seca na China – US$ 8,4 bilhões
5-Inundações no leste da Austrália – US$ 7,5 bilhões – 27 pessoas mortas e 60.000 desabrigadas
6-Inundações no Paquistão – US$ 5,6 bilhões – 1.700 pessoas mortas e 7 milhões de desabrigados
7-Tempestade Eunice (Bélgica, Alemanha, Irlanda, Holanda, Polônia e Reino Unido) – US$ 4,3 bilhões – 7 mortos
8-Seca no Brasil – US$ 4 bilhões
9 – Furacão Fiona (Caribe e Canadá) – US$ 3 bilhões – 25 mortos e 13.000 desabrigados.
Inundações em Kwazulu Natal e Cabo Oriental, 10-África do Sul – US$ 3,0 bilhões – 459 pessoas e 40.000 desabrigadas.” (1)
No ano de 2023 ainda em curso, ocorreram já ocorreram pelo menos 07 desastres naturais de grandes proporções, tais como inundações e incêndios tidos como “naturais.” As áreas mais afetadas e que nos são mais próximas, foram o Chile, o Canadá, o Uruguai, a Argentina e o próprio Brasil.
Com relação ao Brasil e ao Cone Sul da América Latina, foram contabilizadas grandes precipitações pluviométricas, furacões, ciclones, e enxurradas de recorrência centenária, começando pela tragédia ocorrida no município de São Sebastião no estado de São Paulo.
Até a bem pouco tempo, tivemos a incidência de uma pluviosidade excessiva causando: furacões, tornados de grandes proporções, inundações em larga escala em todo cone sul, as quais castigaram rigorosamente os estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo se estendendo aos países vizinhos, como o Uruguai e a Argentina.
O inusitado em tudo isso foi o surgimento de fenômenos geológicos sem antecedentes na região, nem nas proximidades. As catástrofes chegaram ao ponto de causar sequelas em regiões de grande altitude como é o caso da cidade serrana de Gramado na Serra Gaúcha, com os seus 850 metros de altitude. Se é verdade que a cidade nunca foi atingida por inundações, até por motivos geomorfológicos, é também verdade que Gramado e imediações estão sendo punidos pela ambição expansionista, responsável direta por um desmatamento descontrolado que subtraiu a cobertura vegetal. A topografia acidentada em terrenos íngremes e descobertos, vem causando deslizamentos sucessivos, provocando rachaduras gigantescas no altiplano e nas encostas da serra, perfeitamente visíveis a olho nu.
Além dos desastres citados e que nos são mais próximos, tivemos outros tantos espalhados mundo afora, que não se enganem, tendem a se repetir diante da teimosia do animal humano:
. A queda crescente do caudal do Rio Colorado nos USAN.
. O processo de salinização crescente do Lago de Utah nos USAN.
. A redução crescente do nível de água no Lago Mead formado pelo represamento da Barragem Hoover no Rio Colorado nos USAN.
. A diminuição do caudal do Rio Pó na Itália, tendo como consequência o esvaziamento temporário dos canais de Veneza, interrompendo inclusive o tráfego romântico das gôndolas.
. A diminuição gradual da espessura das camadas de neve acumuladas nos Montes Urais, nas Montanhas Rochosas e na Cordilheira dos Andes.
. O permanente e preocupante derretimento das geleiras, calotas polares e adjacências como é o caso da Groenlândia, contribuindo para a elevação dos níveis dos Mares e dos Oceanos.
. O avanço do mar em cidades costeiras espalhadas pelo mundo, inclusive na costa brasileira, onde se localizam grandes cidades, inclusive a nossa Parahyba.
Por oportunismo ou por má fé, tanto a imprensa quanto os agentes da devastação, querem fazer crer à opinião pública desinformada, que esse tumulto climático que estamos vivendo é de responsabilidade exclusiva do El Niño o que é uma meia verdade.
Ora, o El Niño é um fenômeno natural cíclico que sempre existiu de forma atenuada e plenamente suportável. Em decorrência dos gases do efeito estufa o El Niño teve um considerável aumento de temperatura e esse ano atingiu níveis nunca dantes alcançados.
Nos deparamos por fim, com uma ameaça grave que está na ordem do dia e que paira sobre Maceió, a bela capital das Alagoas, onde alguns bairros estão sendo abandonados por medo de colapso na rede de túneis da empresa multinacional Braskem.
Os registros históricos nos ensinam que no ano de 1943, numa prospecção continental de petróleo, foi descoberta acidentalmente uma grande jazida de sal-gema que somente veio a ser explorada comercialmente a partir do ano de 1970.
A exploração que foi interrompida em 2019, implicou na construção de uma rede de tuneis numa extensão de 45 km de extensão e são eles que hoje em dia ameaçam inclusive o vetusto bairro do Farol, outrora de classe média alta, que está para Maceió assimcomo Miramar está para a Parahyba.
Destarte, parte da humanidade está indiferente ao lançamento crescente de gases na atmosfera, como é o caso do dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), ozônio (O3) clorofluorcarbonos (CFCs) e vapor de água (H2O).
Esperamos que dessa vez, pelo menos o instinto de sobrevivência oriente os países centrais, no sentido de fazê-los perceber de uma vez por todas, que esse passivo ambiental será cobrado com juros e correção monetária ambiental pela mãe natureza, que em silêncio vem suportando tantas agressões e que agora está reagindo. Será uma vingança isonômica que afetará desde o mendigo até o arquimilionário.
O compositor Zé Geraldo interpreta uma composição de sua autoria, Milho aos Pombos, em que ele diz em uma das estrofes:
“Enquanto esses comandantes loucos
Ficam por aí queimando pestanas
Organizando suas batalhas
Os guerrilheiros nas alcovas
Preparando na surdina suas mortalhas
A cada conflito mais escombros.
… Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos
Isso tudo acontecendo e eu aqui na praça
Dando milho aos pombos.” (2)
Referências:
Os 10 piores desastres climáticos de 2022 – greenMe; (1)
Quantos desastres naturais aconteceram em 2023? – Pesquisa Google;
Clima extremo já causou prejuízo global de US$ 50 bilhões em 2023 (climainfo.org.br);
Saiba o que esperar da Pauta Ambiental para o Ano de 2023 (matanativa.com.br);
Gases do efeito estufa: o que são, quais os principais e como atuam – Toda Matéria (todamateria.com.br);
Movimento de massa: entenda fenômeno que atingiu Gramado e pode ter causado desabamento de prédio | Rio Grande do Sul | G1 (globo.com);
Moradores deixam às pressas área que pode afundar em Maceió; vídeos | Metrópoles (metropoles.com);
Fotografias:
COP28: UAE to Host Major Climate Change Summit (azimuth-gulf.com);
Cuba sofre apagão nacional após passagem de furacão | Internacional (brasildefato.com.br);
FOCO NA PREVISÃO E PREVENÇÃO DE ENCHENTES – Portal Ambiente Legal;
Movimento de massa: entenda fenômeno que atingiu Gramado e pode ter causado desabamento de prédio | Rio Grande do Sul | G1 (globo.com);
Degelo e Aquecimento Global | Águas do Algarve (aguasdoalgarve.pt);
alvor-silves: Sal-Gema & Ossa;