O Brasil nasceu dando gosto à morte
Com a ação sanguinária portuguesa
Contra nações indígenas, de surpresa
Pois na arma de fogo não há sorte
Esse etnocídio deu suporte
Ao que chamou-se colonização
Como nunca houve reparação
Ficou nesse país uma pendência
É preciso enfrentar a violência
Com ciência, cultura e educação
Massacrando os povos originais
Portugal voltou pelos oceanos
Traficando africanas e africanos
Muitos nunca chegaram até o cais
Quem chegou, sofreu agressões brutais
De caçada, até mutilação
Como era “comum” na escravidão
Ter o punho de ferro sem clemência
É preciso enfrentar a violência
Com ciência, cultura e educação
Entendendo a nossa história sangrenta
E olhando a nossa realidade
É possível ver na atualidade
Frutos de uma nação violenta
A indústria de armas movimenta
Junto com a da comunicação
Para confundir a população
E assim, encobrir tantas carências
É preciso enfrentar a violência
Com ciência, cultura e educação
Entra ano, sai ano e só avança
No Brasil, o tanto de homicídio
Bate recorde o feminicídio
Violência doméstica só alcança
Números que nos tira a esperança
Que seremos uma forte nação
Sintonizo rádio ou televisão
E percebo tamanha negligência
É preciso enfrentar a violência
Com ciência, cultura e educação
Ouvi no rádio que bater educa
E na rua, que “pau” tudo resolve
Onde bala for, tudo se dissolve
E que murro de amor nunca machuca
A ideia falida e caduca
Que bater e atirar é opção
Enche estádio e bar, de confusão
E um povo todo em decadência
É preciso enfrentar a violência
Com ciência, cultura e educação