Pense aí uma imagem
De um nordestino vaqueiro
Me diga o que vem primeiro
Para compor essa imagem
Se é o olhar de coragem,
O cantil ou o matulão
Se é perneira ou gibão
Que monta o cabra do mato
Chapéu de couro é retrato
Do vaqueiro do sertão
No topo de sua testa
Lhe protegendo do sol
Levanta pro arrebol
Quando se sente em festa
Tira em saudação modesta
Quando faz uma oração
Revelando a devoção
Nesse tão bonito ato
Chapéu de couro é retrato
Do vaqueiro do sertão
Chapéu de couro é sombrinha
E é também capacete
É viseira em tirinete
Da mata bem fechadinha
É cuia de tardezinha
Pra banhar no riachão
É a fiel proteção
Que barra espinho em contato
Chapéu de couro é retrato
Do vaqueiro do sertão
Olho em um vilarejo
Um trabalhador do couro
Estica feito um tesouro
Com cuidado no manejo
No ateliê sertanejo
Com o rosto de Gonzagão
De Santana e Lampião
Chapéus de vários formatos
Chapéu de couro é retrato
Do vaqueiro do sertão
Couro do boi esticado
Depois que fica curtido
E devidamente medido
É logo amaciado
Com cuidado ele é cortado
E vai sendo feito à mão
Costura, cola e então
Uma coroa de fato
Chapéu de couro é retrato
Do vaqueiro do sertão