Sem querer reduzir toda crise a apenas duas de suas dimensões, penso que os dois principais problemas que o Brasil enfrenta hoje originam-se em uma estratégia que tinha a aparência de correta, mas o tempo mostrou o quanto equivocada ela foi e continua sendo. O problema econômico é essencialmente produto da tentativa de combinar juros para os banqueiros, mercado livre para as grandes corporações internacionais e distribuição de renda para os excluídos.
O problema político é produto da tentativa de querer ter uma base parlamentar grande e leal sem reformar o sistema eleitoral de base clientelista-fisiológico e até se aproveitando dele. O resultado foi esse que está hoje revelado: O sistema produtivo nacional está sem capacidade de investir a longo ou médio prazo e o sistema político degenerou-se ainda mais pela elevação (e revelação) da corrupção.
A atual crise ameaça a única coisa positiva dos últimos tempos que foi uma pequena dose de inclusão social. Fica a grande lição tantas vezes repetida e tantas vezes negada: O capital financeiro é incompatível com a distribuição de renda e o clientelismo-fisiologismo não vive sem a corrupção. É uma questão de escolha dos governantes.