Que a prática política é essencial para estabelecer a convivência entre os povos e para definir as suas necessidades, os seus direitos e deveres, além de planejar e realizar seus anseios, cremos não restar nenhuma dúvida. Todavia uma conceituação precisa da prática política nos moldes liberais, apresenta o mesmo grau de dificuldade que a definição da palavra amor.
Creditam a Nicolau Maquiavel a faceta de ter dado forma à prática política. Para tanto ele teria elaborado normas de convivência política que foram condensadas em um compendio com o qual presenteou o príncipe e seu amigo César Borgia. Na sua obra que transformou-se em best seeller, Maquiavel forneceu-lhe os elementos que julgava essenciais para uma gestão exitosa ao seu mister como futuro monarca.
Vejamos como alguns filósofos de diferentes correntes ideológicas definem a política:
O que estamos pretendendo reafirmar nesta introdução é a necessidade de enxergarmos a política como um instrumento de transformação social. Portanto repudiamos veementemente todas as tentativas da sua demonização, a nosso ver uma forma solerte da classe dominante dela se apropriar, para transformá-la em algo pernicioso e indesejado. No entanto, a classe dominante paradoxalmente faz uso da política para coloca-la sempre a serviço dos seus interesses pessoais, e dos interesses de alguns grupos como sempre aconteceu ao longo dos séculos.
Se entrevistarmos alguns políticos liberais eles sempre repetirão o mesmo refrão que estão muito cansados e que não suportam mais a política. Que a política é algo estressante e muito desgastante e que ainda permanecem nela apenas por ser “uma verdadeira cachaça.”
Diante de uma preleção desse naipe, as pessoas simples do povo e carentes de informações, além de se desinteressarem pela política se transformarão em seus críticos costumazes. Inocentemente passarão a fazer o jogo deles, ou seja, odiar a política para desestimular a sua prática por representantes da sua classe social.
Os partidos politicos na verdade são agremiações partidárias que aglutinam nas suas legendas agentes politicos que pretendem se habilitar às disputas eleitorais de mandatos representativos através do voto popular. Portanto são as portas de entrada para o acesso aos cargos eletivos em todas as instancias, tais como: o senado, a câmara federal, as assembleias legislativas e as câmaras de vereadores. Nesse nicho se incluem ainda os cargos eletivos majoritários do poder executivo, tais como: a presidência da república, os governos estaduais, as prefeituras municipais, além de todos os cargos eletivos do distrito federal.
Essa é a chamada democracia representativa, em que a cada quatro anos os mandatos são renovados através do voto popular.
Mas enfim na realidade como funcionam os partidos políticos?
Como a sociedade é dividida em classes, existem dois lados muito bem definidos que são: a classe dominante, sob o controle dos grupos econômicos, financeiros e oligárquicos e a classe dominada, onde o único patrimônio dos seus integrantes é a força do trabalho que vendem em troca de um salário de que necessitam para a própria sobrevivência.
Como existem duas classes bem definidas, o raciocínio lógico apontaria para a existência de apenas dois partidos: um partido de direita e extrema direita representando o conservadorismo e um outro partido, de esquerda e extrema esquerda representando as forças populares e progressistas, além de um apêndice chamado centro, na realidade uma meia direita. Essa classificação entre esquerda e direita que não não tem nada de nova, foi feita casualmente lá atrás, quando por ocasião da assembleia nacional da revolução burguesa da França em 1.789.
Como existem profundas contradições de ordem econômica entre os próprios grupos de mesma ideologia política de direita, eles se abrigam nas diversas agremiações partidárias. A alegativa para acomoda-los é que o modelo eleitoral ideal é o pluripartidário, para conferir uma maior capilaridade à democracia. Não é por outro motivo que no Brasil por exemplo, existem mais de 35 partidos políticos registrados para acomodar interesses diversos.
Nesse amontoado de partidos, um ou dois e no máximo três partidos são ditos de esquerda. Os demais, em número de trinta e dois, são partidos de direita, extrema direita ou centro direita, prenhes de interesses pessoais.
Diante dessa abundancia numérica de partidos, é possível afirmar que nenhum deles de maneira isolada, irá obter maioria eleitoral suficiente para eleger os seus postulantes nas eleições proporcionais e nas eleições majoritárias, de modo a garantir-lhes a chamada governabilidade. É exatamente nesse estágio que se formam as alianças partidárias que são a única forma de obter maioria no modelo eleitoral liberal burguês.
Reza a lógica, que as alianças partidárias deveriam ser celebradas em torno de alguns pontos comuns de convergência que passariam a integrar o conteúdo programático da facção eleita, sem descaracterizar o seu programa original, nem macular os compromissos eleitorais assumidos.
Esse seria o cenário menos danoso e menos desgastante para ambas as partes, tanto para a facção vitoriosa, quanto para os possíveis aliados.
Todavia e infelizmente, não é essa a prática eleitoral corrente. As alianças via de regra são celebradas tendo como cenário exclusivo os interesses pessoais e corporativos, e se desenrolam numa infindável barganha que é o chamado toma lá dar cá.
As agremiações partidárias geralmente se aglomeram em ajuntamentos partidários, formando federações e blocos de interesses conflitantes, constituindo bancadas informais de denominações até engraçadas, todas elas em defesa de interesses próprios que nada têm a ver com o que foi acordado com os eleitores na campanha eleitoral. E haja acordo, haja exigência de contrapartida, hajam negociações pontuais que são solenemente chamadas de “reciprocidade sem a qual não haverá governabilidade.”
A votação das matérias de interesse do poder executivo, são pautadas uma a uma, acompanhadas de exigências as mais diversas e as mais absurdas por parte de alguns parlamentares. Chegaram ao cúmulo da criação de um tal orçamento secreto a ser distribuído seletivamente para mitigar os queixumes de alguns parlamentares, desfigurando a política e arrastando-a para a vala comum do clientelismo.
No dia 16 de fevereiro de 2023, ainda no início do seu terceiro mandato, o presidente Lula estava à procura da chamada governabilidade. Às voltas com partidos vários, barganhando ministérios e cargos comissionados, ele teria comentado com o senador Jaques Wagner:
“Não existe partido político no Brasil. O único partido com cabeça, tronco e membro é o PT. O PT não é uma coisa qualquer, é um partido político. O restante é uma cooperativa de deputados que se juntam nas eleições.” disse o presidente.
Esse desabafo teria acontecido no mês de fevereiro e o que a população vem assistindo até agora parece confirmar as palavras premonitórias do presidente.
Pelo desenrolar dos fatos o Poder Legislativo que no governo passado praticamente assumiu as rédeas do governo, entendeu de continuar governando, ao que o presidente Lula tem resistido.
As alianças partidárias em busca de apoio parlamentar, vêm sendo formadas com partidos ou blocos parlamentares que em troca de apoio ocupam ministérios e/ou cargos públicos. Alguns deles já empossados têm se declarado, de viva voz independentes do governo, como é o caso do tal Centrão e do Progressistas, ou seja, eles mordem depois assopram.
As votações de matérias de interesse coletivo têm sido colocadas em pauta uma a uma e mediante o que chamam de “reciprocidade”. Alguém já chegou a comparar “esses estímulos” às corridas contratadas com transportes por aplicativo, onde o pagamento é feito por cada corrida.
O escandaloso orçamento secreto cujo fim chegou a ser anunciado, continua vivo e sendo utilizado em “reciprocidades,” sequestrando do orçamento as despesas essenciais à população, tais como como saúde e educação.
Por fim o desabafo impotente do presidente da república, queixando-se do conformismo transmitido pelo desalento natural do modelo eleitoral liberal burguês:
“Apesar de desmerecer a importância das demais siglas partidárias, Lula alegou que é preciso ’estar junto’ com os presidentes das casas legislativas, porque o Congresso seria um retrato da vontade do eleitor. “Não pode reclamar, tem que conviver”, afirmou o presidente, que mostrou confiança na possibilidade de construir a governabilidade sem o orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão e derrubado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).”
https://www.terra.com.br/noticias/brasil;
Depois de muita barganha, anunciam-se agora em manchete que:
Lula tem agora 11 partidos e 317 deputados a favor do Planalto.
As bancadas totais das siglas com presença na Esplanada somam 389, mas alguns congressistas do PP e do Republicanos entre outros, devem continuar segundo eles sendo “independentes”, mesmo ocupando ministérios e altos cargos comissionados.
Pelo bordado mostrado na planilha acima, será que o termo cooperativa de deputados foi exagerado?
Aqui mesmo neste sitio, já manifestamos a nossa total discordância com esse modelo eleitoral incestuoso. Ele precisa sofrer modificações profundas para, pelo menos nos aproximar de algo mais republicano. Todavia essa modificação passa obrigatoriamente pelo congresso onde na atual conjuntura, a hipótese de aprovação de quaisquer matérias moralizadoras é remotíssima.
Fica muito claro que não é apenas o maquinista que vai conduzindo esse trem que está o errado e sim o próprio trem político, o qual precisa ser radicalmente alterado ou melhor, substituído.
Pensando muito nisso trabalhemos juntos para que essa mudança aconteça. Já não é sem tempo!
Referências:
https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/lula-exalta-pt-e-desdenha-de-outros-partidos-cooperativas-de-deputados-legendas-reagem-mal;
Lula tem agora 11 partidos e 317 deputados a favor do Planalto (poder360.com.br);
Fotografias:
A política não deveria ser a arte de… Aristóteles – Pensador;
Todo homem é de alguma forma político, Maquiavel – Pensador;
O proletariado tem como única arma, na… Lenin – Pensador;
A política na visão de Mao Tse Tung Pensador – Pesquisa Google;
https://www.bing.com/images;
Incorporações e fusão de partidos serão levadas em conta na eleição da Mesa da Câmara – Notícias – Portal da Câmara dos Deputados (camara.leg.br);
Bancadas Temáticas no Congresso Nacional – WorkingFreeLancer;
Pacheco retoma comissões para análise de MPs; Lira diz que Câmara não concorda e acusa Senado de ‘truculência’ | Política | G1 (globo.com);
Passando a vista nesse texto, explanativo e explicativo do amigo João, em linhas gerais, sim, o PT certamente ainda é o maior partido com cabeça, tronco e membros da América Latina, entretanto existem pequenos furos nessa grande embarcação, como ninguém é perfeito, adiantemos o processo de reconstrução do país, mesmo de maneira enviezada, exatamente por conta dessa baldeação que acontece no meio político, onde os interesses econômicos se antecede aos demais. A engenharia dos interesses coletivos, precisa se sobrepor aos demais interesses, sem colocar em risco a liberdade, embora exista uma interdependência necessária para que não haja ruptura do processo democrático, o caminho é longo e cheio de percalços, mas o comandante é habilidoso e de certa forma tem conduzido com maestria todo esse processo, o nosso maior problema a curto prazo seria formar novas lideranças capazes, que possam dar continuidade a esse trabalho de redemocratização, com distribuição da riqueza de forma satisfatória, sem sobressalto, levando o Brasil a sua condição de grandeza no mundo, de acordo com a seu tamanho, contribuindo para um crescimento equilibrado e sustentável. Sim, isso tudo é possível, quando se tem determinação politica e foco.. Vamos aprofundar essa discussão.