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Revoluções Industriais, Linha de Montagem e Inteligência Emocional

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O mundo do trabalho já resistiu a muitos cataclismos que se arrastaram durante milênios e operaram grandes mudanças na vida dos trabalhadores, mesmo que de forma lenta, porém sempre progressiva. Ou seja, o trem da história que iniciou o seu movimento na comunidade primitiva, atravessou vários séculos de escravismo, perpassou o feudalismo sempre rodando para a frente. Até que aportou na estação econômica do capitalismo, em cuja plataforma de embarque nos encontramos, definindo o nosso rumo em direção ao futuro.

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A primeira revolução industrial acontecida na Inglaterra, coincidiu com a agonia de morte do sistema feudal que se encontrava em coma. Teve início ainda no final do século XVII, com o desenvolvimento da máquina a vapor, um invento de Thomas Newcomen, depois aperfeiçoado por James Watt.

A novidade revolucionara, provocou um grande impacto tecnológico e histórico no mundo do trabalho até então vigente. A natural transitoriedade nas relações de trabalho durante o período entre a invenção da máquina e a efetiva entrada do novo engenho em funcionamento, só veio se efetivar a partir da segunda metade do século XVIII, quando começou a caminhar de mãos dadas com o capitalismo nascente.

Ao que nos parece, a delonga inicial para a entrada em funcionamento pleno do maquinário, foi devida às dificuldades de implementação de algo que era inusitado e para o qual as pessoas não estavam minimamente preparadas. Novas relações de trabalho surgiriam e era fundamental para o futuro do liberalismo, consolidar outro recém-nascido que era o capitalismo, o qual ditaria as regras que iriam reger as novas relações de trabalho. A receita para o sucesso, apontava para a necessidade da máxima expansão dos tentáculos do novo invento, com a difusão da escalada industrial nascente para outros países, o que era de fato o princípio da expansão do imperialismo britânico.

A urbe que estava se formando e que viria a ser o polo industrial, deveria estar preparada com infraestrutura mínima para receber a afluência de mão de obra, principalmente aquele que era oriunda do êxodo rural. Os trabalhadores que seriam acomodados nas cidades, obviamente não dispunham de nenhuma poupança para serem considerados como mercado. Tinham apenas e exclusivamente a força do seu trabalho.

A libertação dos escravos passou a ser um objetivo do sistema capitalista nascente, para atender os pressupostos do capitalismo Uma vez “livres” os escravos passariam a viver por conta própria e a negociar diretamente com os patrões os seus minguados salários, sem nenhum direito que lhes permitisse sequer discutir as desumanas condições de trabalho.

Os trabalhadores das primeiras fábricas que surgiram, passaram a exercer o novo oficio sem nenhuma lei que definisse as suas relações com os patrões, e obedecendo às desumanas jornadas de trabalho continuo e sem nenhum intervalo para descanso.

O mundo do trabalho era regido unicamente pelos postulados de Adam Smith e David Ricardo, obedecendo os ditames de uma lei aplicada ao bel prazer dos patrões, que ainda hoje não está escrita em nenhum tratado trabalhista. Era o debut da lei da oferta e da procura, regida apenas pela fantasmagórica “mão invisível do mercado.”

Se os senhores escravagistas feudais por conveniência própria resistissem à “libertação” dos seus escravos, teriam de fazê-lo mesmo a contra gosto, e o primeiro laboratório experimental do que afirmamos foi a chamada Guerra de Secessão nos Estados Unidos. O conflito que durou quatro anos de 1861 a 1865, terminando com a vitória do Norte industrializado, sobre o Sul ainda feudal e escravista, que se auto denominaram estados confederados.

O impacto da primeira revolução industrial no mundo do trabalho foi imediato e a causa maior foi a substituição do trabalho artesanal que requeria muita habilidade, pela máquina recém chegada que exigia apenas rápidas instruções elementares e qualquer trabalhador podia operar.

O deslumbramento dos capitães da indústria diante do enorme volume de produção foi tamanho, que estimulou o vírus da acumulação. Os patrões passaram a exigir do operariado, jornadas de trabalho que chegavam a 16 horas diárias, indiferente de gênero e de idade, com um intervalo de apenas 30 minutos para deglutir uma ligeira ração de sobrevivência.

A proteção do operariado, tanto no aspecto físico quanto no aspecto institucional inexistia. Se ele viesse a adoecer, ficava sem remuneração e se reclamassem seriam imediatamente substituídos por outro, retirados da legião de reserva de mão de obra, recém saída das senzalas.

Em relação aos salários vejamos o que pesquisou o historiador Eric Hobsbawm:

“O historiador Eric Hobsbawm traz um dado interessante que comprova essa observação. Utilizando como base o salário de um artesão que trabalhava na cidade de Bolton (cidade inglesa próxima à Manchester), ele aponta que, em 1795 (no começo da Revolução Industrial), o salário médio era de 33 shillings. Em 1815, esse salário já havia caído para 14 shillings, e, entre 1829-1834, ele já era inferior a 6 shillings. |1| Esse processo de quedas salariais aconteceu em toda Inglaterra e espalhou-se pela Europa na medida em que ela se industrializou. Além do salário extremamente baixo, os trabalhadores eram obrigados a aceitar uma carga de trabalho excessivamente elevada que, em alguns casos, chegava a 16 horas diárias de trabalho, das quais o trabalhador só tinha 30 minutos para almoçar. Essa jornada era particularmente cruel porque todos aqueles que não a aguentassem eram prontamente substituídos por outros trabalhadores.

O trabalho, além de cansativo, era perigoso, pois não havia nada que protegesse os trabalhadores, e eram comuns os acidentes que os faziam perder os dedos ou mesmo a mão em casos mais graves. Os afastados por problema de saúde não recebiam, pois o salário só era pago para aqueles que trabalhavam. Os que ficavam fisicamente incapacitados de exercer o serviço eram demitidos e outros trabalhadores contratados. Na questão salarial, mulheres e crianças também trabalhavam e seus salários eram, pelo menos, 50% menores do que os dos homens adultos. Muitos patrões preferiam contratar somente mulheres e crianças porque o salário era menor (e, por conseguinte, seu lucro maior) e essas eram mais sujeitas a obedecerem às ordens, sem se rebelarem.”

O processo de exploração foi tão exacerbado, tão cruel e tão impactante, que inspirou os trabalhadores a criarem as primeiras células de organização, conhecidas na Inglaterra como Trade Union e no Brasil como Sindicatos.

Eis aí a prova inconteste de que a roda da história sobre a qual falamos no início desse artigo, se move sempre para frente. Os trabalhadores, mesmo diante de tanta exploração, entenderam que o modelo de trabalho que entrava em cena, revelava o capitalismo surgente, paradoxalmente como um avanço histórico, se comparado aos modelos anteriores: o feudalismo e o escravismo. Portanto cientes do que haviam sofrido os seus ancestrais, eles preferiram optar pelo que era menos ruim, dando um passo à frente para lutar contra a nova ordem econômica estabelecida. Para eles o pior seria retroceder ao feudalismo ou ao escravismo.

Destarte, é possível perceber claramente que naquele divisor histórico, mesmo que os trabalhadores tivessem se revoltado a ponto de pensarem em quebrar as máquinas, vistas por eles como a causa maior de todos os males, preferiram permanecer no novo modelo que era menos ruim. Foi dessa forma que despertaram para a necessidade de uma reação, aprendendo com o sofrimento o caminho da organização.

Foi com sangue, suor e lágrimas que conseguiram construir ao longo dos séculos um rosário de conquistas salariais e de melhores condições de trabalho. Hoje, parte significativa de trabalhadores, ainda desinformados, subestimam o papel dos sindicatos na ilusão de que as conquistas seculares foram frutos da generosa benesse dos patrões.

Mutatis mutandis desde a segunda metade do século XIX até os dias atuais o fantasma do medo impede a classe explorada de abandonar o capitalismo e adotar um novo modelo econômico alternativo.

Manipulada pelos meios de comunicação que pertencem aos patrões, as vítimas da exploração ainda não conseguiram apertar o gatilho revolucionário e abandonar esse capitalismo selvagem. Essa ao nosso ver é a única forma de dar um salto qualitativo à frente, para construir uma nova proposta de relações de trabalho isonômica e que seja inclusiva e socialmente mais justa.

Todavia sigamos com a nossa narrativa, em a direção à segunda revolução industrial que teve início mais ou menos na metade do século XIX e se estendeu até o século XX, indo até o fim da segunda guerra mundial entre 1939 e 1945.

A Segunda Revolução Industrial a rigor foi a continuação aperfeiçoada da revolução ocorrida na indústria, com o aprimoramento e a modernização de técnicas, com a introdução de novas maquinas e de novos meios de produção.

O ferro, o carvão e a máquina a vapor que foram os trunfos da primeira revolução industrial, passaram a ter como companhia, e a concorrer com o aço, com a eletricidade e com o petróleo.

Embora o motor de combustão interna ou à explosão como queiram tenha sido inventado na Alemanha por Nikolaus August Otto, ele passou por um processo de aperfeiçoamento por diversos cientistas, inclusive nos Estados Unidos da América-USA.

A nova máquina alavancou: a produção em massa; a automatização do trabalho; a modernização e a expansão das ferrovias; a modernização da navegação marítima; e talvez a mais importante delas que foi a invenção da navegação aérea que foi o embrião da navegação aeroespacial. Foi dessa época e uma consequência direta, a racionalização do trabalho idealizada por Frederich Taylor e Henry Ford com a criação da linha de montagem.

Ambas as revoluções foram pautadas pelo pensamento liberal e influenciadas pelo iluminismo. Regidas pelas relações capitalistas de produção e pela dominação social onde a burguesia era a classe dominante, mas subordinada à igreja e à monarquia. (o Rei reina, mas não governa)

“Uma das principais consequências da Segunda Revolução Industrial foi o aumento significativo da produtividade nas indústrias.

As consequências da Segunda Revolução Industrial podem ser vistas tanto na economia quanto na sociedade. O desenvolvimento tecnológico propiciou a produção em massa e uma nova forma de organização do trabalho, dando origem a novas relações entre os empregadores e empregados. Com o monopólio das grandes empresas, que, sozinhas, dominavam o mercado, houve concentração do capital e desvalorização da mão de obra.

Houve a substituição do ferro pelo aço, que passou então a ter um papel fundamental nas indústrias. O aço passou a ser utilizado nas ferrovias, na indústria naval e na fabricação de armamentos, por exemplo.”

Leia mais: Relação entre a industrialização e a urbanização

O que estamos vivenciando na atualidade e que muitos chamam de Terceira Revolução Industrial, nós preferimos chamar de Revolução Técnicocientifica onde se destacam a robótica; a inteligência artificial; a genética a transmissão de dados e as telecomunicações.

O leitor deve ter percebido que com o passar do tempo as revoluções industriais sofreram um processo erosivo que foi solapando o mundo do trabalho, na medida em que as relações de produção caminhavam de mãos dadas com o capitalismo. Os postos de trabalho iam diminuindo de maneira inversamente proporcional ao avanço tecnológico.

É sabido que pela lógica capitalista as relações de produção têm como único objetivo o lucro e que a questão social é sempre relegada. As relações de troca obedecem ao regramento da livre iniciativa e a regência de tudo isso sempre deve ser feita através da fantasmagórica “mão invisível do mercado.”

Desde a sua criação no início do capitalismo, o Estado liberal burguês tem existido para o bem estar e usufruto dos grupos econômicos e financeiros. Por pressão desses grupos ele é sempre obrigado a: congelar investimentos públicos; estabelecer um teto de gastos públicos; apresentar superavit primário para garantia do rentismo; obedecer a uma rigorosa lei de responsabilidade fiscal; entregar o controle da moeda e dos juros a um órgão independente do estado, porém gerenciado pelo establishment e obediente ao “Deus” mercado. Então enquanto a rentabilidade dos trabalhadores é oriunda única e exclusivamente da força do seu trabalho, os grupos econômicos e financeiros se locupletam tanto através da mais valia como através da usura.

Os índices de desemprego, de subemprego e de atividades informais no caso do Brasil, são assustadores e estão em torno de 70%. É num cenário como esse que a inteligência digital nos alcança, justo quando a massa obreira não é mais mão de obra nem tampouco mercado.

Em 2019 ou seja, há 4 anos passados, o g1.globo.com publicou uma matéria no dia 03 de fevereiro, na qual anunciava que até 2026 30 milhões de empregos serão substituídos por robôs e várias profissões serão extintas. Recentemente o youtuber Eduardo Moreira anunciava que 50% da mão de obra será substituída pela chamada inteligência artificial até 2030. Como vemos as notícias são alarmantes, e a continuidade da política liberal ortodoxa sugere o agravamento do desemprego.

Todavia, para dissimular a exclusão da mão de obra humana pelo modus operandis liberal, acenam com a absorção de mão de obra humana desde essa esteja capacitada.

Essa a nosso ver é uma forma cínica de transferir a culpa para outrem. Ora, o Brasil possui 2.608 instituições de educação superior das quais 302 são públicas. Se acrescentarmos a esse contingente o sistema S que cuida do ensino profissionalizante, teremos um número muito grande de formandos que anualmente chega ao mercado de trabalho, onde a grande maioria não é absorvida por falta de postos de trabalho. Afinal, com quem está a verdade?

Convencer a direita a mudar de postura é acreditar na estória de direita civilizada e continuar a trata-la a pão de ló como tem feito a esquerda liberal. No dizer do mestre Alysson Mascaro o rio do neoliberalismo tem duas margens: a margem direita por onde caminham os exploradores e a margem esquerda por onde paradoxalmente caminha a esquerda liberal.

Então, para a direita não importa qual das margens o rio do neoliberalismo a água tenha tangenciado até a foz, o que importa é que ela chegue ao destino final.

Parece que igualmente ao modal de transportes rodoviário o modelo liberal burguês capitalista chegou à exaustão. Não seria a hora de substitui-lo? Substituição de modelos econômicos já foi feita antes com muita luta mas com sucesso!

Exibiremos a seguir um trecho do histórico filme de autoria de  Charles Chaplin Tempos Modernos. Pelo tempo de exibição total não é possível exibir todo o filme. Todavia, apelamos aos leitores e internautas para que assistam todo filme que tem muito a ver com o tema de hoje. 

Vem comigo!

 

 

Referencias:
Revolução industrial: o que foi, fases, consequências, resumo (uol.com.br);
Segunda Revolução Industrial: causas e consequências – Brasil Escola (uol.com.br);

Fotografias:
A invenção da máquina a vapor – Amantes da Ferrovia;
Conheça a história da Primeira Revolução Industrial – Toda Matéria (todamateria.com.br);
A Guerra de Secessão (1861-65) – Estados Unidos e a América Latina (Séculos XIX e XX) – Colégio Web (colegioweb.com.br);
A origem dos sindicatos e as revoluções industriais | Portal dos Trabalhadores;
Segunda revolução industrial – Bing images;
China constrói trem-bala mais rápido do mundo, mas ‘se esquece’ dos trilhos – 22/07/2021 – UOL TILT;
REGULAMENTO ÚNICO DE BALIZAMENTO PARA A HIDROVIA PARAGUAI-PARANÁ / Parte 1 – Victory Yachts;

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