É muito comum em programas de televisão gravados na Europa e exibidos sob forma de documentário, nos depararmos com a exibição de Castelos, Palácios, Igrejas e Monumentos os mais diversos, nas mais diversas e remotas regiões espalhadas pela Europa e pelo Oriente Médio, tidos como o berço histórico da civilização ocidental, inclusive das nossas raízes.
Vez por outra a curiosidade tem nos levado à frente da televisão para assistir dois programas do gênero: O Mundo ou o Brasil Visto de Cima e Modo Viagem. São viagens televisivas riquíssimas em história, verdadeiras aulas práticas de geografia, sociologia e antropologia, que têm nos arrastados até onde o dinheiro curto não permite ir e o que é melhor e mais importante, nos mostrando tudo nos mínimos detalhes!
Os programas anteriormente citados, são pródigos em exibirem belezas naturais as mais diversas, cidades do mais variado porte, rios e cachoeiras de rara beleza e a arte e cultura dos povos e os seus monumentos tais como: castelos, palácios, igrejas, mosteiros, conventos seculares, museus riquíssimos e construções históricas majestosas, que convivem lado a lado com uma modernidade futurista.
Os castelos suntuosos que nunca foram de areia como sugere o título deste artigo, sempre guardaram segredos que passaram a ser objeto da nossa curiosidade.
O visual majestoso e imponente desses monumentos tem nos obrigado a fazer uso de uma regressão mental, para dar um mergulho especulativo na história e na economia. Esse binômio história e economia para nós é a correia de transmissão que move a história econômica das civilizações. Ou melhor, a economia não se submete ao reboque da história, muito pelo contrário, a história é que é rebocada pela economia.
Voltemos às construções majestosas, que muitas vezes foram construídas em lugares íngremes e inacessíveis, como colinas rochosas, penhascos, falésias graníticas à beira do mar ou à beira de um Rio. Recordemos que os castelos e os palácios são o retrato vivo e nítido da divisão de classes, e grande parte deles foram construídos no período de transição entre o feudalismo e o mercantilismo.
A arquitetura sofisticada dessas obras se diferenciam em muito das construções comuns e eram a rigor um claustro que abrigava e protegia a nobreza. A verdadeira riqueza material que foi guardada no interior dessas faustosas construções era de conhecimento restrito das pouquíssimas pessoas que faziam parte do ciclo de amizades da nobreza: Papas, Reis, Condes ou Barões.
Via de regra os castelos eram isolados e situados fora do raio de visão da grande maioria da população humilde, como os escravos e servos, para não lhes despertar ambições indesejáveis pela nobreza. Evitavam-se assim as comparações do modus vivendis da nobreza, com as senzalas miseráveis e os cortiços onde eram obrigados a viver os seus escravos.
A moradia popular nas urbes, eram e ainda continuam a ser, um empilhado de ruas estreitas, penduradas em morros íngremes, ou construídas sobre palafitas em áreas alagadas, inundáveis e de grande risco de desabamento.
De tanto observarmos os suntuosos castelos espalhados por toda Europa, não tivemos como conter a nossa curiosidade sobre os detalhes construtivos, os custos de construção, a mão de obra envolvida na construção e a quantidade de palácios e castelos construídos em cada país.
Embora saibamos que esse número é bem mais elevado, iremos circunscrever o nosso raciocínio aos países mais conhecidos, fazendo as considerações que se fizerem necessárias a um melhor entendimento.
Para termos uma ideia do universo do nosso raciocinio, informaremos an passant o número de palácios/castelos de alguns países tais como:
. País de Gales: 640
. Espanha: 2.500
. França: * 11.000
. Alemanha: 25.000
. Portugal: 241
. Holanda:
. Russia: ** 55.000
*estimativa.
**igrejas, mosteiros, palácios e castelos.
Comecemos pela porta da Europa que é Portugal, país com o qual temos uma imbricação histórica que pode explicar em muito, a história comum dos dois países, Brasil e Portugal, ou ainda colônia e corte. Selecionamos 10 palácios/castelos da maior importância na história de Portugal que são:
Ora, pelo ranking de palácios e castelos suntuosos construídos em toda Europa é visível que o nível de construções de Portugal é um dos mais modestos.
Mesmo assim, pelo que mostraram as fotografias anteriores a exuberância é a tônica e sem a menor sombra de dúvidas, essas obras custaram no seu conjunto uma verdadeira fortuna.
Segundo Alexandre Versignassi:
“as grandes navegações foram empreitadas milionárias de um capitalismo nascente- e deram origem ao mercado financeiro como o conhecemos hoje.
Bartolomeu Marchionni tinha uma fortuna de R$ 500 milhões em dinheiro de hoje e mantinha uma carteira de investimentos bem diversificada. Esse Florentino radicado em Lisboa, além de dono de um banco em Florença, tinha negócios na costa da África: traficava marfim, ouro e populações escravizadas.
Depois ele entraria numa empreitada bem mais arriscada. Você passou a infância ouvindo só um pedaço dessa aventura. Antes de tocar para a Ásia, a frota faria uma escala de duas semanas no lugar onde hoje fica Porto Seguro – atracaram no dia 21 de abril de 1500, no evento que fez com que este livro acabasse escrito em português, e não em espanhol ou holandês. Mas não ficaria só nisso. No caminho entre o litoral baiano e a Índia, a expedição ainda encontraria outra terra nova para os europeus, Madagascar, mas o descobridor oficial aí não foi Cabral, mas Diogo Dias, capitão do único navio da frota que ancorou por lá.”
Leia mais em: https://super.abril.com.br/coluna/alexandre-versignassi/pedro-alvarez-cabral-ganhou-r-5-milhoes;
De tudo quanto conhecemos e até não conhecemos dos passos dos colonizadores portugueses, podemos intuir que o capitalismo nascente começava a engatinhar e a falar, tendo como primeiras palavras: pau brasil, escravos, ouro, prata, cobre e pedras preciosas que chegavam à Europa em porões de navios portugueses, franceses, holandeses e depois ingleses.
Ou alguém acha que a fortuna que custeou durante muito tempo essa febre construtiva de obras suntuosas teria sido garimpada nas águas dos rios: Rio Tejo, Douro, Tâmisa, Danúbio, Reno, Sena ou Pó?
O tráfico escravista não foi apenas para atender às necessidades sucro- alcooleiras dos senhores de engenho do nordeste brasileiro. Pelo visto os escravos eram também levados para Portugal onde seriam usados como mão de obra escrava na construção dos palácios e castelos.
É possível entender pela dinâmica dos fatos que “no convento da economia colonial não tinha freira não! tinham somente cortezãs.”
Referências:
10 dos palácios mais importantes da História de Portugal | VortexMag;
Pedro Álvares Cabral ganhou R$ 5 milhões para chefiar sua expedição | Super (abril.com.br);
Fotografias: