Vimos recentemente através do youtube uma aula magna que aconteceu na Universidade Federal de Feira de Santana na Bahia-UFFS, ministrada pelo eminente professor da USP Alysson Mascaro. Na oportunidade o mestre fez também o lançamento de mais um livro de sua lavra, Critica do Fascismo. O livro foi publicado em outubro de 2022, dias antes do segundo turno das eleições presidenciais e cuja leitura é por demais recomendável.
Na sua fala Mascaro nos fortaleceu a convicção da necessidade premente que temos, de estudar continuadamente as ciências sociais que norteiam a filosofia política e econômica do materialismo dialético proposto por Karl Marx. A obra de Marx, no dizer daquele intelectual conceituadíssimo, é o que há de mais atualizado e mais moderno no estudo filosófico contemporâneo.
O grau de importância que o emérito professor confere ao estudo do marxismo, com certeza advém da sua visão filosófica aguçada, e se constitui no único antídoto conhecido e provado contra o capitalismo e o seu filhote bastardo que é o fascismo.
Desde o lançamento do materialismo dialético concebido por Karl Marx no século XIX, as sucessivas gerações vêm sendo bombardeadas com informações distorcidas, caluniosas e difamatórias, onde o único propósito é demonizar o socialismo e o comunismo, a ponto de torná-los definitivamente rejeitado até pelas massas exploradas, as mesmas massas que paradoxalmente são por ele defendidas.
Em tempos pretéritos, quando o socialismo estremeceu as bases do liberalismo econômico, as forças reacionárias tentaram relativizá-lo, confundindo-o propositadamente com o comunismo, um estágio que lhe é posterior e socialmente muito mais avançado. Ainda hoje repetem como um mantra sinistro, as ideias toscas e absurdas, atribuídas ao comunismo que nos cansamos de ouvir. A difamação era oficial e propagada por religiosos, por nossos parentes mais próximos ou até mesmo pelos professores da escolinha da nossa primeira infância, que insistiam em afirmar que “comunistas comiam criancinhas,” ou por outra que “a nossa bandeira jamais seria vermelha.”
Essa velha e repetida estratégia atravessou séculos e mesmo perdendo força com o decorrer do tempo, vem insistindo na mesma tese até os nossos dias. Porém vem sendo corroída pelo tempo e já não tem mais forças para enfrentar às evidencias. Alguém já disse que a prática é o critério da verdade e é exatamente a prática que vem desmentindo e desmascarando o oportunismo da direita.
O mundo já viveu experiências socialistas exitosas, que resultaram em altos níveis de bem estar social, como foi o caso da educação e da saúde de alta qualidade, inclusive com reflexos na baixa mortalidade infantil da primeira infância. Todavia, os olhares críticos sempre e somente se voltaram para as falhas de condução por acaso existentes no jovem socialismo, que existem em quaisquer modelo, inclusive e com muita abundancia no velho e caduco liberalismo econômico.
A luta meritória, corajosa e pedagógica do povo cubano é um verdadeiro exemplo de estoicismo e de firmeza de convicções a ser seguido por toda América Latina. Uma ilha pobre, porém atrevida e valente lá do Caribe, exibe com orgulho resultados práticos da revolução que eles tiveram a coragem de fazer, enfrentando a resistência de um virulento império econômico vizinho. Os resultados práticos da revolução cubana, revelam altos níveis de saúde e educação e a mais baixa taxa de mortalidade infantil das três Américas, ultrapassando inclusive os índices “da Basílica do capitalismo mundial” que são os USA.
INDICADORES | BRASIL | CUBA |
Índice de Desenvolvimento humano (ano 2013) | 0,744 | 0,815 |
Esperança de vida ao nascer (ano 2013) | 73,9 anos | 79,3 anos |
População Subnutrida (anos 2012 – 2014) | Menor que 5% | Menor que 5% |
População com acesso á água potável (ano 2012) | 98% | 94% |
População com acesso a rede sanitária (ano 2012) | 81% | 93% |
Taxa de alfabetização com 15 ou mais idade (ano2012 | 90,4% | 99,8% |
Taxa bruta de matricula para todos os níveis de ensino 2012 | Não disponível | 85% |
INDICADORES SOCIAIS BRASIL x CUBA |
Depois da sua fase introdutória e socialmente exitosa, o socialismo continua a ser alvo de difamações. O desespero fortaleceu a musculatura das forças reacionárias que encabeçam uma campanha insidiosa permanente sob a responsabilidade maior do virulento império estadunidense.
O mote partiu do senador republicano Joseph McCarthy dos USA, criador da chamada doutrina Macarthista, que tinha como discurso acusar qualquer pessoa que tivesse simpatia pelos ideais socialistas, taxando-os de subversivos (lembram do uso desse verbete pela ditadura de 1964?) e traidores, desde que ousassem apoiar “à ameaça vermelha”. A campanha Macarthista que se estenderia entre 1950 e 1957, foi o estopim da absurda expulsão de Charles Chaplin dos Estados Unidos, pasmem, acusado de ideias comunistas.
Um dos graves erros de avaliação política das astúcias do capitalismo, foi cometido justo por quem poderia ter sido o bastião de resistência contra ele, que é a Academia. As universidades do mundo ocidental unificaram os seus conteúdos, incluindo tanto a vetusta pedagogia europeia, quanto a modernosa pedagogia acadêmica dos Estados Unidos. Montaram uma grade escolar única e uniforme, em torno de um projeto pedagógico e de pesquisa semelhante. Para essa prática educacional de interesse do liberalismo burguês, arrastaram a nossa universidade brasileira. Essa pandemia intelectual para a qual ainda não surgiu vacina, acabou alcançando não somente a universidade brasileira mas as universidades dos países periféricos.
Universidades de continentes e países distintos, com problemas diversos, adotaram uma pedagogia única quer seja na esfera do ensino, quer seja na esfera da pesquisa e passaram a fazer a difusão intelectual desse modelo.
Ora a academia é, ou pelo menos deveria ser, uma difusora avançada de ideias revolucionárias, além de um solo fértil de onde deve brotar o novo. Esse detalhe da maior relevância continua a ser ignorado e perdura indiferente às contradições econômicas e sociais que afetam a grande massa explorada do chamado terceiro mundo. Uma pedagogia única de aceitação de convivência pacifica com o liberalismo economico.
Só mudam os nomes, pois o receituário acadêmico é sempre o mesmo, aqui, ali ou alhures: Escolas como as de; Chicago, Harvard, Cambridge, Oxford, Barcelona, Coimbra, USP, Unicamp, MIT-Massachussets, (tido como a melhor universidade do mundo) têm sido a matriz ideológica de propagação do liberalismo.
Nos corredores dessas famosas universidades, com raríssimas e honrosas exceções o estudo do socialismo passou a perder espaço, deixou de ser apresentado como uma opção política e econômica, se não para todos, mas para a grande maioria da sociedade que é a classe dominada.
Para grande parte da intelectualidade tornou-se mais fácil e mais cômodo evitar o confronto de ideias com a classe dominante. Passaram a pregar o fim da história para não desagradar ao velho liberalismo, que a partir de então passou a ser tratado como “novo,” ou seja, neo-liberalismo, cujo berço de renascimento foi a Escola de Chicago, onde são forjados os chamados Chicagos Boys.
A reforma do capitalismo que está na ordem do dia como forma de salva-lo, vem sendo conduzida com roupagem dita de esquerda e de maneira sutil, com ações pontuais para administrar as crises que vão surgindo. Para tanto é preciso implementar sucessivas e diversas minirreformas do capitalismo, com o nome pomposo de “políticas públicas,” onde se tem uma para cada remendo pontual.
As crises espasmódicas do capitalismo vão se repetindo e com elas vão emergindo mais e mais “políticas públicas,” que são de fato remendos do capitalismo. uma solução pontual para tudo quanto é mazela sócio econômica, indo de A até Z, tais como: agricultura, alargamento de praia, calamidades, corrupção, direitos humanos, educação, estradas, família, gasolina, gênero, diversidades, habitação, hidrologia, invasões, inverno, seca, justiça, mobilidade, recursos hídricos, saúde, transportes, vacinação, etc
Aqui cabe uma pergunta que insiste em não calar: porque não usar a lógica e abarcar todo esse leque de problemas pontuais num projeto único de política econômica e social chamado socialismo e aplica-lo?
Capitalismo ou Socialismo? qual das duas propostas em uso no mundo atual melhor se adequará à nossa realidade!
Se a nossa opção for pela proposta socialista por que então nos envergonhamos dela e temos medo até de pronunciar o seu nome? Se os defensores do capitalismo não se envergonham do que fazem, mesmo tendo sido eles a semear o desemprego, a fome e a miséria, como iriamos nós que propomos exatamente o contrário, nos envergonhar de sermos socialistas em busca do comunismo?
Da nossa parte temos a reafirmar que por mais que a direita liberal conservadora tente reduzir a importância do socialismo e insista em desclassificar o seu ideário marxista; por mais que queira rotulá-lo como uma filosofia “caduca ou superada,” esbarrarão sempre na nossa mais corajosa resistência e intransigente defesa.
Ora, Adam Smith, mentor intelectual do liberalismo econômico, lançou a sua obra prima que foi transformada no Vade Mecum do capitalismo em 1776, ou seja, há 247 anos. Karl Marx que foi o criador do materialismo dialético lançou o Manifesto Comunista em 1848, ou seja, há apenas 72 anos. Que tal experimentá-lo?
Um outro detalhe a ser observado é que Adam Smith faleceu em 1790, 28 anos antes do nascimento de Marx.
Então outra pergunta que insiste em não calar:
Quem era mais idoso, Smith ou Marx?
Qual das duas obras é a mais jovem:
A Riqueza das Nações de Smith, ou o Manifesto Comunista de Marx?
Vejamos por fim as características de ambos os modelos e comparemos:
CARACTERISTICAS DO LIBERALISMO ECONOMICO.
. Liberdade para a atuação dos agentes econômicos, não havendo a intervenção dos agentes públicos. Esse aspecto do liberalismo econômico é traduzido na expressão “deixai fazer, deixar passar” ou, no original em francês, “laissez-faire, Laissez-passer.
. Auto regulação da economia, que é feita pelos mecanismos e regras internas ao mercado, o que ficou conhecido como a atuação da mão invisível do mercado.
. A competição entre as empresas deve acontecer livremente, ao mesmo tempo em que lógica de funcionamento dos preços é pautada pela lei da oferta e da procura. Nesse sentido, o liberalismo é marcado também pelo câmbio livre. (vide a prática de Roberto Campos Neto)
. Da mesma forma como os sujeitos são vistos no liberalismo político, a doutrina econômica liberal entende que existe liberdade para a realização de investimentos e para empreender. Ademais, as empresas devem conduzir o processo produtivo da forma como lhe for viável – isto é, de forma independente.”
Veja mais sobre “Liberalismo econômico” em: https://brasilescola.uol.com.br/economia/liberalismo-economico.htm;
CARACTERISTICAS DO SOCIALISMO:
1. Intervenção do Estado
O Estado intervém de maneira permanente e eficiente na realização das atividades econômicas e sociais e controla os preços e os salários dos trabalhadores.
A intervenção do Estado é importante para garantir a igualdade de oportunidades e meios de produção para todos os cidadãos.
2. Distribuição equilibrada de renda
Distribuição de renda significa que tudo o que é produzido pela sociedade deve ser igualmente distribuído entre todas as pessoas. O lucro da produção é controlado pelo Estado e dividido entre os trabalhadores.
O principal objetivo da distribuição de renda controlada pelo Estado é eliminar as desigualdades que existem em razão da grande diferença de poder econômico entre classes sociais.
3. Socialização dos meios de produção
Toda a estrutura produtiva de terras, empresas e máquinas é propriedade coletiva, de cooperativas ou empresas públicas. Essa estrutura é administrada pelo Estado, assim como todo o processo de produção de bens e serviços.
Todas as riquezas e valores que sejam resultados da produção socializada devem ser igualmente divididos entre os cidadãos ou investidos em benefício da sociedade. Assim, no socialismo não existe a propriedade privada.
4. Inexistência de sistema de classes
Em consequência dos meios de produção pertencerem a todos, no socialismo deve existir somente a classe social dos proletários (trabalhadores).
Não existem ricos ou pobres, nem patrões e empregados e os recursos da economia são de todos. Não existem classes sociais com interesses opostos ou que representem uma desigualdade social.
5. Economia planificada
Significa que a economia e a produção do país são controladas pelo Estado para funcionarem da maneira mais igualitária possível. O Estado é o responsável pelo controle de todos os âmbitos da economia, como o controle do que é produzido, dos preços e das vendas.
Também é responsabilidade do Estado fazer o controle do valor e do pagamento dos salários. A economia planificada também é chamada de estatização da economia.
6. Oposição ao capitalismo
Desde o seu surgimento na Revolução Industrial, o ideal socialista nasceu como uma reação às desigualdades sociais geradas pelo capitalismo.
Existem muitas diferenças entre os dois sistemas. No socialismo há intervenção do Estado na economia, na produção e nos salários. No capitalismo existe pouca intervenção e os preços e salários são definidos pelo movimento do mercado econômico.
Outra diferença se refere às classes sociais. O socialismo busca uma sociedade sem divisão de classes, já no capitalismo existem classes sociais diferentes que demonstram a existência de desigualdades sociais.
7. Subordinação do interesse individual ao interesse geral
Faz parte do funcionamento do ideal socialista a ideia de que o interesse coletivo ou da sociedade é mais importante do que as vontades individuais.
Isso significa que os interesses de cada indivíduo devem ficar em segundo plano frente aos interesses que são comuns a todos.”
Concluímos este artigo com a exibição de um curto um vídeo com governador Leonel Brizola de saudosa memória, em que ele com a ênfase que lhe era peculiar, faz uma contundente definição das elites brasileiras.
Ele que não era e nem nunca foi socialista, mas era um nacionalista convicto e por isso mesmo admirável!
Referências:
Liberalismo econômico: o que é, autores, críticas – Brasil Escola (uol.com.br);
As Características do Socialismo. O Socialismo – Brasil Escola (uol.com.br);
A riqueza das nações | Amazon.com.br;
O manifesto comunista | Amazon.com.br;
Crítica do Fascismo | Amazon.com.br;
Fotografias:
Para além da sala de aula: A URRS: da cortina de ferro à CEI (professorleandronieves.blogspot.com);
PPT – SOCIALISMO PowerPoint Presentation, free download – ID:5045765 (slideserve.com);
indicadores sociais em cuba – Pesquisa Google;
Macarthismo – Dicio, Dicionário Online de Português;
Marxismo Cultural/Revolução Cultural – O que é isso? (Documentário/Compilado) – YouTube;
MIT anuncia retorno ao campus de estudantes seniores – El Planeta;
As principais diferenças entre capitalismo e socialismo – Geografia (passeidireto.com)