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A Crônica sinistra de uma morte anunciada

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Durante mais de uma uma semana, circulou  na imprensa nacional e internacional, uma notícia catastrófica e maçante, tratando da morte de um grupo de pessoas, a bordo de uma geringonça flutuante denominada submersível, fabricada por uma empresa privada dos Estados Unidos da América-USA, de nome Ocean. Gate-TITAN.

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Para aqueles que por acaso ainda não sabem o que é, e o que significa um submarino, buscamos uma descrição técnica que permitisse uma maior  facilidade de entendimento: htpps:www.infoescola.com/curiosidades/submarino.

“Submarino é uma embarcação destinada a se movimentar abaixo da superfície marítima. Tal invenção permite não só lutar em uma batalha, mas também viver durante meses, ou até mesmo anos, abaixo da superfície, sendo considerado um dos maiores inventos da história militar”

O submarino mostrado na fotografia acima, foi construído no Brasil em cooperação técnica com a França. Pelas suas características técnicas, ele  pode descer até uma profundidade de 300 metros, com capacidade operativa de até 70 dias no mar, podendo ficar submerso até 5 dias, sem a necessidade de vir à tona para influxo de ar nos seus motores.

A simples descrição técnica do Submarino Humaitá S41, seria suficiente para  satisfazer, em grande parte, à curiosidade com  relação a fatídica cápsula da morte fabricada por uma indústria privada dos USA. A indústria foi  fundada em 2009 por Stockton Rush, um mergulhador entusiasta, que estava à bordo e foi um dos mortos na tragédia recente.

Sobre a Ocean.Gate TITAN diz-se que:

“Surgiu para ser uma empresa de exploração oceânica focada no fornecimento de serviços submersíveis tripulados para permitir que pesquisadores e exploradores acessem os vastos recursos do oceano e foi a primeira a conseguir, em 2022, imagens em 8k do Titanic.

O diferencial do submersível para o submarino se evidencia na autonomia operacional é que o submersível precisa de uma nave mãe para ser lançado, diferente dos submarinos. Trata-se de uma embarcação que guiará a capsula durante uma expedição já que ela não dispõe de GPS. A comunicação é feita por mensagem de texto, já que o som não se propaga direito debaixo d’água. Além disso os submarinos podem ficar mais tempo submersos, enquanto os submersíveis tem menos reserva de energia.”

O Submarino Humaitá tem a carcaça  construída com uma chapa de aço adequada à profundidade dos 300m que é capaz de suportar, e a sua resistência é determinada pela equação:
P = g.h, onde g é a força da gravidade e h é a profundidade, portanto, ele resiste a:

P = 1 t/m3 x 300m = 300 t/m3 (pressão suportável)

Usando o mesmo raciocínio para a cápsula submarina que iria  ser submetida a uma profundidade de 3.500m, ela iria estar  sujeita a uma pressão de:

P = 1 t/m3 x 3500 = 3.500 t/m3

Observemos nos detalhes a estrutura do submarino e a da cápsula submarina, e  comparemos as duas  à luz dos números obtidos da equação da hidrostática e hidrodinâmica. Poderemos perceber facilmente, que a ousadia industrial do fabricante da cápsula submarina fez  com que ele cometesse a insensatez de submetê-la a uma pressão 11,66 vezes maior do que aquela que suporta o submarino. Ponto!

Diante de números incontestáveis como os que foram apresentados, é pertinente que suscitemos algumas dúvidas e alguns questionamentos, sob forma de provocação que não quer calar:

. Primeiro: a indústria de tecnologia marinha Ocean. Gate-TITAN citada, com sede em Everett, Washington-Estados Unidos submete os seus produtos acabados à certificação de algum órgão técnico responsável daquele país?

. Segundo: quais são os conhecimentos elementares de hidrostática e hidrodinâmica que são exigidos aos pesquisadores e turistas que pleiteiam fazer incursões marinhas em águas profundas e remotas? Será que eles têm noção da gravidade da aventura?

. Terceiro: nas viagens terrestres, marítimas e aéreas de curta, média, e longa distância, não temos notícias da necessidade de assinatura de nenhum  termo de responsabilidade sobre possíveis riscos a integridade dos passageiros. Por que então os usuários desse tipo de cápsula são obrigados a fazê-lo?

. Quarto: o registro de unidades “industriais” do porte técnico e da qualidade  da Ocean. Gate-TITAN vão  continuar a serem expedidos?

. Por Fim: às pessoas é dado o direito de dispor do próprio corpo e abreviar a própria vida?
Qualquer vida humana que seja subtraída por quaisquer motivo, nos diminui a nós todos mesmo que a causa mortis seja resultado da imprudência que provavelmente é resultante de uma perturbação psicológica.

Destarte, vejamos o que diz a psicóloga de Harvard Ellen Larger, especializada em cognição social e tomada de decisão:

Segundo Larger, muitas pessoas estão presas em vidas não aproveitadas e são desatentas na maior parte do tempo. Nesse sentido, fazer algo perigoso pode remediar a sensação de vazio, já que exige que o indivíduo se atente e se torne consciente. Infelizmente, muitas dessas pessoas não sabem que é fácil estar consciente sem arriscar suas vidas“.

Além de explorar as profundezas do oceano, viagens espaciais – que se estima serem cerca de 10.000 vezes mais perigosas do que os voos comerciais – e expedições de cruzeiro para lugares como a Antártida estão entre as experiências de viagem arriscadas em voga entre pessoas ricas. O bilionário Hamish Harding, que estava a bordo do submersível Titan, voou para o espaço no ano passado, em um voo da Blue Origin., do bilionário Jeff Bezos.

Ao jornal The New York Times, Peter Anderson, diretor administrativo da agência de viagens de luxo Knightsbridge Circle, compartilhou o caso recente de um cliente que queria visitar o Sudão do Sul – um dos 19 países que o departamento de estado dos EUA considera inseguros para viagens. O processo de planejamento dessa viagem envolveu até consultoria com especialistas em segurança a fim de encontrarem a melhor forma de mitigar os perigos potenciais.

Anderson disse ao Times que esse tipo de turista está tão acostumado com destinos mais comuns, considerados por eles como ‘férias típicas’, que começam a buscar experiências mais únicas, muitas envolvendo um certo grau de risco.

Sugerimos aos interessados a leitura de um texto sob o título O NAUFRÁGIO DA HUMANIDADE, de autoria do Padre Xavier Paolillo, um missionário colombiano que vive e trabalha na periferia de Santa Rita Pb, que foi publicado no dia 23/06/2023, diz ele:

“Enxergamos um submarinho a 4 mil metros de profundidade, mas não vemos os barcões carregados de prófugos que navegam na superfície do mar. Mobilizamos batalhões de pessoas e tudo aquilo que há de mais moderno para procurar os “turistas” milionários que desceram no abismo do oceano para visitar a carcaça do Titanic, mas não respondemos aos apelos de milhares de seres humanos empobrecidos/as que afogam nas águas do Mediterrâneo enquanto fogem da pobreza, patrocinada pela injustiça, da perseguição promovida pela intolerância e da guerra patrocinada pela ganância dos mercantes de morte. Dedicamos horas de noticiários televisivos e radiofônicos e páginas de jornais para narrar passo a passo a busca dos náufragos da opulência e liquidamos em poucas linhas e num punhado de segundos a tragédia dos náufragos da miséria. Contamos com detalhes os nomes e as biografias dos ricos que arriscam a pele pelo prazer de ver o casco de um navio afundado e tratamos como anônimos os pobres obrigados a pôr em risco a vida para ver a esperança de um futuro melhor “Todas as vidas importam!”, deveria ser a palavra de ordem de uma sociedade que se diz humana. Inclusive quem sofre importa ainda mais aos olhos de Deus e de quem ao cultua.

Mas não é isso que acontece. A cor da pele, a condição econômica, o acesso ao poder, o prestígio, o nível de escolaridade, a proveniência geográfica e outros fatores, infelizmente, sacramentam a diferença entre enriquecidos e empobrecidos, brancos e pretos, homens e mulheres, jovens e velhos, “normais” e ‘com deficiência” … É o retrato do abismo que Jesus denunciou na parábola do risco esbanjador e do pobre Lázaro. À distância de 2 mil anos de Evangelho continuamos na mesma, nada fizemos para acabar com ele. Como o rico e o esbanjador da narrativa de Jesus, também os ricos do submarinho e os pobres dos barcões constituem a profecia do naufrágio da humanidade. Os primeiros nos lembram a vergonha da riqueza esbanjada para satisfazer veleidades, e os segundos jogam na nossa cara a denúncia do fracasso deste sistema econômico e social que, ao eleger como paradigma dominante a violenta usurpação dos bens que devem estar a disposição de todos/as, provocam miséria, guerra e emigrações forçadas. Não desprezo a dor das famílias que perderam seus entes queridos no naufrágio do submarinho, mas faço questão de lembrar a tragédia de muitos outros que morrem no mar sem direito sequer a um salva-vidas. Espero que aprendamos a lição do mar que, mesmo de maneira diferente, nos ensina que quando não tem solidariedade não se sobrevive.”
(pe. Xavier Paolillo, missionário colombiano)

É verdade que acidentes podem  acontecer como de fato acontecem: no pedestrianismo; nas cavalgadas; nos esportes radicais como alpinismo e escalada de montanhas; nas vaquejadas; nos veículos automotores de duas e quatro rodas; nas composições ferroviárias; navios; aviões e submarinos. Todos são acontecimentos são   fortuitos e circunstanciais que fogem à regra  e por isso, todos eles devem ser objeto da  máxima  cautela e precaução. Todavia  uma imprudência deliberada é caso para psicologia e psiquiatria estudar.

Referências:
Conheça o Humaitá, novo submarino lançado ao mar pelo Brasil (cnnbrasil.com.br);
Submersível desaparecido: Psicóloga de Harvard explica por que ricos arriscam suas vidas em aventuras perigosas | Gestão | PEGN (globo.com);
O Naufrágio da Humanidade – Missionários Combonianos;
OceanGate vendeu o Titan como seguro, especialistas dizem que empresa usou materiais que “simplesmente não funcionavam” (cnnbrasil.com.br);
Entenda por que o submersível desaparecido não é uma ‘lata de sardinha’ – 22/06/2023 – UOL ECOA;
Física Despretensiosa: Implosão a Vácuo (fisicadespretensiosa.blogspot.com);

Fotografias:
https://www.bing.com/images;
Comitê alertou sobre caráter “experimental” e potencial “catastrófico” da OceanGate (cnnbrasil.com.br);
Turismo do Titanic: conheça a OceanGate, empresa do submersível desaparecido (startse.com);
Entenda a Física por trás do funcionamento dos submarinos – Estado de Minas;
Barco superlotado com mais de 500 pessoas que fugiram da Líbia chega na costa da Itália | Jovem Pan;

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