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De quem é a culpa?

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Sábado, dia 25 de março de 2023 mais um jovem perdeu a vida em um acidente de moto na BR 230 que liga Lavras a Várzea Alegre. Lavras da Mangabeira é uma cidade como a maioria das cidades cearenses aonde a Lei não vigora, o certo é fazer errado, e assim, a injustiça é praticada naturalmente, institucionalmente e corriqueiramente.

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O IPVA do Estado do Ceará é um dos mais caros do Brasil e apesar disso as nossas estradas estão cheias de buracos, não é raro se estourar um pneu no caminho, estragar os amortecedores, arriscando a vida dos viajantes em estradas sem acostamento, sem sinalização e com caminhões e carretas que carregam cargas acima do peso permitido, sem fiscalização e sem punição. Nossas estradas são verdadeiras assassinas.

Aqui em Lavras da Mangabeira, crianças e adolescentes pilotam motos sem o silenciador do cano de escape, em alta velocidade e quando atingem uma certa velocidade levantam o guidão e a moto anda só com o pneu traseiro no chão. No Município todos têm moto, mas a maioria sem documentos ou estão atrasados, sem habilitação, sem capacete, de chinelos e sempre carregando de três a quatro pessoas, inclusive crianças de até dois anos quase em cima do tanque, e nos braços do carona um bebê, muitas vezes, recém-nascido, e todos sem capacete.

Em 2016, foi criado o DEMATRAN no Município com concurso para os servidores, foram afixadas as placas de sinalização nas ruas da cidade, e por não existir uma Legislação Municipal de Trânsito, não constar no Sistema Nacional de Trânsito, por não estar regularizado nos órgãos competentes acabou não saindo do papel. No governo seguinte foi feito toda parte burocrática e devido à demora e lentidão própria da burocracia a gestão terminou e tudo continuou na mesma.

Hoje na cidade tem sinal semafórico nas principais ruas, todo o asfalto foi demarcado para estacionamento, o DETRAN/CE visitou a cidade e implantou a educação no trânsito com a finalidade de acostumar às pessoas a nova realidade.

Outra vez nada aconteceu. O DETRAN saiu tudo voltou a ficar  como antes. Não se pode aplicar a lei para não desgostar, qualquer forma de organização, cobrança ou fazer valer a lei, as autoridades são xingadas e ameaçadas de perder votos. Tudo gira em torno da politicagem, à base do favor e do voto. O povo cobra das autoridades desde que não seja punido e tudo pode e deve acontecer aos outros, menos aos seus.

São inúmeros os animais soltos nas praças, parques e nas ruas pastando e nenhum deles o prefeito é o dono, mas é o primeiro a ser acusado por permitir animais soltos. Lixos, animais mortos são jogados nas margens do Rio Salgado que corre perene por todo o município, a mata ciliar foi completamente destruída e construções faraônicas foram erguidas nas suas margens, tudo propriedade privada, o rio agora tem dono. O Poço das Canoas, lugar exclusivamente frequentado pelo sexo masculino, e o Gueguel lugar frequentado igualmente pelo sexo feminino, hoje é propriedade privada com portão fechando o acesso.

O caminhão da limpeza passa todos os dias inclusive aos domingos, mas sempre vejo pessoas que mesmo sabendo do horário espera o caminhão passar para colocar o lixo de sua casa na calçada, em sacos mal acondicionados, soltos em baldes, deixando que os animais (cachorros e gatos) abandonados, doentes e famintos rasguem os sacos ou entornem o balde espalhando lixo nas ruas. Não sabem e nem desconfiam do que seja Coleta Seletiva. O que a professora ensina na escola ao que parece os pais desmancham em casa. No meu conceito o povo conquistou muito dos seus direitos, mas desconhecem seus deveres como cidadãos.

E o jogo de culpa continua a girar em torno do mesmo eixo, cada um culpa o outro como se quisesse se livrar da batata quente em suas mãos jogando para mãos alheias. E assim, ninguém toma posse dos problemas coletivos. Até hoje nenhuma religião, nenhuma ideologia social e nem politica conseguiu sanar esse problema tão antigo quanto à própria história da humanidade.

E, é esse jogo perigoso de culpa que gera o ódio, não o ódio como sentimento, mas como estilo de vida que se desdobra em preconceito, rejeição, julgamento, acusação, e até condenação se apresentando como solução para os todos os problemas. O ódio é muitas vezes uma cultura ensinada, uma aparente sabedoria, uma qualidade incentivada e disfarçada de virtude. Somente o compromisso, a integridade e a resistência poderá ensinar a humanidade a trilhar um novo caminho e tomar posse da vida, entendendo que o grande segredo é a unicidade, a luz e o amor.

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