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Seca no canal do Panamá quem diria?

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O Canal do Panamá, inaugurado em 1914, é uma ligação Interoceânica entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Atravessa a América Central de leste a oeste, na parte mais estreita do continente, exatamente onde situam-se os Lagos Gatún, Miraflores e Madden, dos quais os dois primeiros, integram o curso do canal. Podemos afirmar que se o Canal do Panamá dividiu o continente, por outro lado uniu dois oceanos.

A fotografia acima nos faculta uma visão panorâmica do canal como um todo e, além disso, nos ajuda a entender melhor o seu traçado, e o seu percurso. A foto mostra também  a  grande parte da navegação feita  no espelho de água doce dos lagos Gatún e Miraflores, que ocupam grande parte do território panamenho.

A sua construção despertou o interesse econômico de vários países, entre eles a Espanha, ainda acometida da febre ambiciosa do ouro colonial. A navegação no  Caribe, cujos mares foi a ribalta predileta da pirataria marítima da época mercantilista, ainda exercia um certo fascínio sobre Espanha e sobre Portugal, que até bem pouco tempo tinham sido os senhores  dos mares.

Ambos os países  perderam o cavalo ($$) da história, mas mesmo assim insistiam em continuar galopando.

A Descoberta do ouro na costa do pacífico notadamente na Califórnia, no Peru e nos cinematográficos Tesouros de Sierra Madre do México, tão bem mostrados no cinema por John Huston, foi o gatilho econômico que acelerou o interesse pela construção do canal. O ouro, pela sua importância comercial, exigia um transporte célere para chegar com rapidez na Europa e na Asia, sem a usual necessidade de contornar o estreito de Magalhães no extremo Sul das Américas. Era imperativo encontrar um caminho que encurtasse o trajeto e isso somente seria possível com a construção de um canal interoceânico para encurtar consideravelmente esse caminho.

Depois de algumas tentativas frustradas que sempre esbarraram no valor do investimento, sobraram como interessados, a França que elaborou o projeto através do Eng° Gustave Eiffel, (o mesmo da Torre) e os Estados Unidos-USA. O presidente Theodore Roosevelt, resolveu aprovar a sugestão dos Eng° John Frank Stevens estadunidense e Gustave Eiffel francês, para bancar majoritariamente a obra do canal em conjunto com a contribuição minoritária  da França.

Pelo contrato celebrado, os USA se comprometeram a bancar a construção do canal mediante o direito de exploração do pedágio pela travessia das embarcações  por cem anos. Era o tempo mais do que suficiente para amortizar o investimento feito.

A partir da inauguração ocorrida  em 1914, o canal passou a ser operado pelos USA e nos dias atuais, uma vez vencido o prazo inicial de 100 anos, o canal continuou a ser operado pelos USA mediante a concessão onerosa do governo panamenho. Consta que os valores líquidos arrecadados com o pedágio cobrado pela travessia do canal, associado à receita da Zona Franca da região de Collon, representa um ganho conjunto para o governo panamenho, equivalente a 17,8% do PIB nacional.

Ao longo do percurso das embarcações, que pode acontecer nos dois sentidos, o canal faz uma trajetória mista, navegando ora em canais e eclusas, ora nos lagos artificiais navegáveis. Tomemos como exemplo o trecho Leste-Oeste, onde é possível perceber que as embarcações vindas do Oceano Atlântico, sobem através das primeiras eclusas até a altitude de 26 metros. Em seguida navegam em um trecho das águas do lago artificial Gatún, para depois e novamente com o auxílio de eclusas, descerem 10 metros para continuar a navegação no lago Miraflores. Na descida do último estágio de eclusas, atingem finalmente o Oceano Pacifico.

As mudanças climáticas que estão inegavelmente em curso, juntamente com os fenômenos climáticos naturais como é o caso do famoso El Niño, ameaçam comprometer significativamente, o trafego de embarcações no canal, por insuficiência de água. A água disponível tanto para a navegação nos canais e eclusas, quanto para o próprio abastecimento de água para a população do país vem escasseando a cada ano devido a irregularidade das chuvas.

Uma matéria que encontramos na publicação Climainfo, nos traz as seguintes informações que julgamos importantes:

“A seca prolongada forçou autoridades do Panamá a reduzir o tráfego marítimo no canal do Panamá, que liga os oceanos Atlântico e o Pacífico. É a quinta vez nessa temporada que a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) limita a passagem de navios de maior porte.

Dois lagos artificiais – Alhajuela e Gatún – na província de Colón que alimentam a estrutura esvaziaram por causa da falta de chuvas. “Este lago [Alhajuela] tem menos água a cada dia”, disse Leidin Guevara, que pesca no local. Segundo o ACP, entre 21 de março e 21 de abril, o nível de Alhajuela caiu sete metros – mais de 10%.

Além de ser uma rota comercial, a bacia do Canal do Panamá também fornece água para mais da metade da população do país de 4,3 milhões de habitantes. A escassez tem causado cortes no abastecimento em várias regiões e aumentado a tensão, com múltiplos protestos. Especialistas alertam para possíveis conflitos por água, em meio a um crescimento urbano desordenado ao redor da capital, relata a Folha.

Um estudo do Instituto de Pesquisa do Impacto Climático de Potsdam alerta que El Niño de 2023 pode ser de moderado a intenso, o que pode resultar em fortes chuvas na Califórnia, ondas de calor na Europa e secas no Brasil e na Indonésia, prejudicando colheitas, como indica a Deutsche Welle, em reportagem reproduzida no UOL. Ainda existem dúvidas se o fenômeno natural tem piorado devido às mudanças climáticas, mas é fato que o reverso é verdadeiro: a sobreposição dos efeitos de El Niño com os eventos climáticos mais fortes devido ao aquecimento do planeta formam uma sobreposição perigosa.”

Tanto os órgãos climáticos, quanto as convenções climáticas, os cientistas os pesquisadores e especialistas, têm insistido exaustivamente na tese ameaçadora das mudanças climáticas e do efeito estufa. Todavia, todo esse coro de advertências vem sendo olvidado,  simplificado e reduzido pela maioria incrédula, que pelo visto parece que só irá se sensibilizar tardiamente  com o fato consumado.

Aqui mesmo, no nosso sitio já publicamos alguns artigos referentes ao tema, cuja leitura ou releitura sugerimos:

. Afinal de contas que canal é esse?
. A catastrófica ameaça de seca nos Estados Unidos;
. Contrastes climáticos de final de semana

Agora, a bola da vez é a seca no Panamá que além de ameaçar comprometer a operação do centenário canal interoceânico, ameaça também o abastecimento de água para a população do país.

Uma matéria publicada no periódico Portos e Navios, na edição recente de 28 de abril de 2023, nos chama a atenção para a ameaça de uma calamidade que se prenuncia. Diz a matéria:

ACP informa que de 21 de março a 21 de abril os níveis de água em Alhajuela caíram sete metros — mais de 10%.

Em 2022, mais de 14 mil embarcações com 518 milhões de toneladas de carga passaram pela hidrovia, contribuindo com US$ 2,5 bilhões para o tesouro panamenho.

A escassez de água é a principal ameaça à navegação no canal. Em 2019, o abastecimento de água doce caiu para três bilhões de metros cúbicos — muito aquém dos 5,25 bilhões necessários para operar o canal. Isso disparou o alarme para as autoridades, que temem que a incerteza possa levar as companhias de navegação a favorecer outras rotas.

O que ocorre na zona do Canal do Panamá, nada mais é do que a crônica de uma morte anunciada, para a  qual o bicho humano continua indiferente. O coro é o mesmo em todo mundo e vem se repetindo cada vez com mais intensidade e frequência aqui, ali e alhures.

Desmatamento abusivo, queimadas criminosas, liberação de carbono aprisionado na vegetação devastada, lançamento de monóxido de carbono na atmosfera entre outros crimes ambientais vão se somando para acelerar ainda mais a sexta extinção de espécies animais e vegetais, que já está em curso.

“Tudo isso acontecendo
E nós aqui na praça
Dando milho aos pombos.”

 

Não se iluda: a natureza não se queixa. A natureza se vinga!
Pense todos os dias nisso, enquanto ainda há tempo de mudar esse estado de coisas!

 

 

 

 

Referencias:
Canal do Panamá: construção, localização e mais – Brasil Escola (uol.com.br);
Seca restringe trânsito de navios no Canal do Panamá e ameaça abastecimento de água do país (climainfo.org.br);
https://www.google.com/search?q=a+seca+no+oeste+dos+estados+unidos+joao+vicente+machado&tbm;

A Catastrófica ameaça de seca nos USA | Site do João Vicente Machado (joaovicentemachado.com.br);
Contrastes Climáticos de Final de Semana | Site do João Vicente Machado (joaovicentemachado.com.br);
https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/seca-ameaca-o-canal-do-panama;
Falta de chuvas ameaça operações do Canal do Panamá – Folha PE;

Fotografias:
Canal do Panamá – Aula de Geografia (google.com);
Canal do Panamá – CIVILIZAÇÃO ENGENHEIRA (wordpress.com)
Panamá inaugura seu novo Canal como um ato de reivindicação patriótica | Economia | EL PAÍS Brasil (elpais.com);
Falta de chuvas ameaça operações do Canal do Panamá – Folha PE;

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