Em grande parte de nossos artigos, temos utilizado o termo “mediunidade,” “médicos espirituais que realizam seus trabalhos através de médiuns” e tantas outras formas que este tema foi abordado.
Fui indagada algumas vezes a respeito do tema, e seguindo a pergunta, em boa parte, foram questionados exemplos de médiuns que desenvolvem seus trabalhos em programas de televisão. Refiro-me aos programas americanos, nos quais os médiuns se tornaram famosos e pela forma da abordagem do programa, tais médiuns utilizam seus “talentos” como profissão.
A mediunidade desses médiuns difere com as experienciadas no Brasil e às quais nos referimos em nossos artigos. Por exemplo, a mediunidade de José Pedro de Freitas, internacionalmente conhecido como Zé Arigó, de Chico Xavier, um dos mais conhecidos no Brasil, dentre tantos outros homens e mulheres que têm dedicado sua vida a serem os mediadores entre o plano físico e o espiritual. Estes têm como único objetivo o de contribuir com o bem estar tanto dos que estão do lado de lá como do lado de cá. Não há, e não deve haver, o ganho financeiro nem mesmo a busca pela fama e notoriedade.
Mas o que é mediunidade?
Segundo o Evangelho Segundo o Espiritismo:
“A mediunidade não é uma arte, nem talento, pelo que não pode tornar-se uma profissão. Ela existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não é mediunidade. (Cap. XXVI, item 9, FEB).
Nesta primeira definição, já podemos compreender que a principal função do médium é ser intermediário entre os dois planos. Entre espírito e alma.
Outra definição que Kardec utiliza no Livro “O Céu e Inferno”:
“Por toda parte, a vida e o movimento: nenhum canto do Infinito despovoado, nenhuma região que não seja incessantemente percorrida por legiões inumeráveis de Espíritos radiantes, invisíveis aos sentidos grosseiros dos encarnados, mas cuja vista deslumbra de alegria e admiração as almas libertas da matéria” (Primeira parte, cap. III, item 15, FEB).
Esta colocação de Kardec, é de suma importância para todos nós. Não importa sua credulidade. Negar, não significa não existir. Principalmente, tomarmos conhecimento de que onde estivermos em qualquer parte do universo, estaremos rodeados dos espíritos, uma das razões, pelas quais precisamos ser vigilantes com nossos pensamentos e nossas ações. Os Espíritos se ligam a nós, independentemente de sermos médiuns, embora Kardec nos assegure que todos nós somos médiuns em maior ou menor grau.
Uma das grandes diferenças dos Médiuns das séries de televisão e os que exercem sua mediunidade com Jesus, é que o dom de ser médium foi dado por acréscimo de misericórdia, ou seja, o que recebeis de graça, será igualmente dado de graça.
Poderíamos nos estender um pouco mais neste tema, mas seria altamente técnico e certamente, cansaria nosso leitor. Mas se por alguma razão o tema despertar maior interesse, poderemos voltar a ele.
No Capítulo 9 do “Livro dos Espíritos” na questão número 459, Kardec pergunta aos benfeitores espirituais: – Os Espíritos influem sobre nossos pensamentos e sobre nossas ações?
Resposta: A esse respeito sua influência é maior do que credes porque, muito frequentemente, são eles que vos dirigem. Por esta afirmativa, relembramos as orientações de Jesus que deveríamos vigiar e orar sempre.
Estando rodeados de espíritos e sendo influenciados por eles, o que isso quer dizer na prática? Lembre-se: negar, não é não existir. Isso posto, devemos vigiar nossos pensamentos, intenções e ações. Pois, assim como quando ingerimos certos tipos de alimentos ou de bebidas há a modificação de hálito, do mesmo modo os nossos pensamentos criam fenômeno psíquico do “hálito mental”, equivalente à natureza das forças que emitimos ou assimilamos.
O hálito mental é aqui utilizado para determinar o tipo de nossos pensamentos. A atmosfera psíquica de uma pessoa, de maus hábitos ou de hábitos salutares, será notada e sentida pelos Espíritos e pelos encarnados, quando dotados de vidência (um tipo de mediunidade) ou apenas por pessoas de maior sensibilidade.
Engana-se quem pensa que a mediunidade ou a capacidade de ver ou ouvir os Espíritos, teve inicio com o espiritismo. Desde a antiguidade existem brilhantes manifestações mediúnicas. Conta-se que certa noite, alguns discípulos de Sócrates referem-se ao seu amigo que o acompanhava constantemente. Plutarco, também relata o encontro de Bruno, com um dos seus perseguidores desencarnados, a visitá-lo em pleno campo.
Ainda em Roma, nos fala Chico Xavier pelo espírito André Luiz na obra Domínios da Mediunidade, “que no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver em Espírito, monoideizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo. (Pag. 09)
Outra informação muito antiga a respeito da mediunidade, os mesmos autores relatam:
Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo. (Pag 09).
Estas manifestações, foram vistas por Nero, o que demonstra que o mesmo possuía algum tipo de Mediunidade.
O que esperar da mediunidade? Outra questão que nos vem a mente: como poderemos considerar os médiuns?
É bem comum encontrarmos pessoas que buscam, por falta de conhecimento ou por exemplos vivenciados em outras oportunidades, o desejo de realizar, através da mediunidade, a realização de suas aspirações pessoais. Como se através de um Médium e de sua mediunidade, pudesse acessar os Amigos do mundo invisível dispostos a realizarem seus interesses imediatistas, relacionados com a vida terrena, como existem os que, endeusando os médiuns, ameaçam-lhes a estabilidade espiritual, com risco para o homem e para a causa.
Gosto muito de uma das orientações de Kardec, que, segundo Flammarion, era “o bom senso encarnado”, que dizia que o Espiritismo, cuja codificação no plano físico coube ao sábio francês, teria de ser, também a Doutrina do bom senso e da lógica, do equilíbrio e da sensatez.
Nosso codificador afirma que o Espiritismo deve permanecer como um marco de luz, por muitos séculos, aclarando o entendimento de quantos lhe busquem como forma de esclarecimento e consolação.
É imperioso saber que não se deve buscar os espíritos para resolução de seus problemas materiais, para esse tipo de problema, existem inúmeras instituições que podem contribuir. O espiritismo busca mostrar um roteiro para nosso reajustamento para vida superior. Ou seja, nosso ajustamento moral, espiritual e intelectual.
Como bem define André Luiz, o espiritismo é a “revelação divina para renovação fundamental dos homens”.
O verdadeiro espiritista irá entender que o Espiritismo e a mediunidade, como dois pilares vivos no templo da fé, através dos quais apreciaremos, de mais alto, “a esfera das cogitações propriamente terrestres, compreendendo afinal, que a glória reservada ao espírito humano é sublime e infinita, no Reino Divino do Universo”.
Assim, como dito por Paulo de Tarso de que “estamos cercados por uma nuvem de testemunhas”, precisamos nos empenhar em medir e pensar, na balança consensial, pois pelo conhecimento que temos, já sabemos que nossas criações mentais, determinarão o caráter de nossas companhias espirituais em função das vibrações compensadas.
Ser médium é algo sublime, determinando implicitamente a necessidade de o individuo conquistar a si mesmo pela superação das qualidades negativas. É investir-se de grande responsabilidade perante Deus e a própria consciência, uma vez que ser intérprete do pensamento das esferas espirituais, medianeiro entre o Céu e a Terra. Para tanto, se faz mister lembrar que o médium para se manter como verdadeiro medianeiro, precisa cumprir com seus deveres morais, inclinado o bem e ao amor ao próximo, para que suas vibrações, possam atrair os verdadeiros espíritos voltados para o amor e a caridade.
São essas as diferenças da prática da mediunidade com Jesus, e a mediunidade utilizada como profissão. O Médium pode ver os espíritos, mas pode não contar com a assistência da Divindade Superior.