Vejo bem isso na missão de Paulo de Tarso, o apóstolo da cristandade no Ocidente. Antes vivia de perseguir os primeiros cristãos, pouco tempo depois o sacrifício de Jesus, às suas primeiras manifestações. Destacada autoridade no Sinédrio, exercia com veemência o mister de reverenciar seus conceitos judaicos em Jerusalém, sendo com isso levado até a execução dos mais devotos do Cristianismo primitivo, qual fez no apedrejamento de Estêvão.
Daí, achou de conveniência ir até Damasco, em demanda dos fieis do lugar. Nisto se daria o instante da sua conversão, quando, à frente dos que formavam sua tropa, avistou intensa luz e caiu por terra, a ouvir o Divino Mestre a lhe indagar:
– Saulo, Saulo, por que me persegues?
Nessa hora, diante de tamanha manifestação do Poder, sente de perto o quanto de magnitude assim presenciava, rendendo-se de uma vez à grandeza do Mistério, e exclamou:
– Senhor, que queres que eu faça?
Permaneceria cego e seria conduzido a Damasco, orientado a buscar a casa de Ananias, onde receberia cura da cegueira e iniciaria de todo a missão que Deus lhe confiaria.
Desde então promoveria sua existência a uma verdadeira epopeia de heroísmo místico, liderando com vigor a expansão da doutrina do Cristo, sendo ele o principal instrumento de trazer a Roma e suas possessões o conteúdo de tudo que hoje conhecemos da Boa Nova, a mensagem viva da Salvação.
Viveria em constantes viagens também pelas cidades do Oriente, a coordenar os conversos e formar novas comunidades, num trabalho primoroso de testemunho, na expansão dos ensinos cristãos, líder inconteste do quanto promoveu do conhecimento das verdades advindas pela presença de Jesus-Cristo.
Foram décadas de inteira dedicação, por vezes submetido a graves perseguições, prisões, torturas, no entanto sob dignidade e coragem inabaláveis, tudo numa prova do quanto aceitou o ofício a ele determinado, sempre a conclamar:
– Não sou eu quem vive. É o Cristo que vive em mim..