Finalmente surge uma luz no fim do túnel em termos de transporte de massa de alta qualidade. Anunciam-se a perspectiva de construção de uma ferrovia especial, através da qual trafegarão trens de alta velocidade ligando as duas maiores metrópoles do Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro.
É a realização de um sonho que acalentamos há muitos anos, qual seja a volta do eficiente modal de transportes ferroviário que foi sacrificado em benefício da indústria automobilística.
O modal de transportes rodoviário atualmente em uso, visivelmente saturou e vem provocando um verdadeiro caos diário nas nossas vias urbanas, suburbanas, intermunicipais ou interestaduais com engarrafamentos quilométricos. A par disso, o número descontrolado de veículos automotores, tem nos legado um grande impacto ambiental com o lançamento crescente do gás monóxido de carbono-CO na atmosfera. O CO é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa e vem desequilibrando o clima no planeta com prejuízos crescentes.
A decisão pela volta das ferrovias no âmbito das cidades ou das estradas, é a opção segura por um modal de transportes de passageiros e/ou de cargas mundialmente reconhecido pela eficiência, pela eficácia, pela economia de escala e pela adequação ambiental.
Portanto o trem bala que se anuncia, não se constitui em nenhuma novidade para a população europeia e asiática, onde ele é usado intensivamente e com excelentes resultados econômicos e ambientais.
Difere e em muito em termos de qualidade, do velho sistema ferroviário que já tivemos no Brasil, um legado inalterável do Barão de Mauá, o qual foi criminosa e propositadamente sucateado ao longo do tempo, para beneficiar a indústria automobilística nascente, tonando-se gradualmente obsoleto e imprestável.
Aqui mesmo, neste espaço, já trouxemos à lume essa questão insistindo sempre na tese de adoção de um novo modal de transportes de qualidade, mesmo que seja ele implantado de forma lenta e gradual e em sintonia com os recursos disponíveis.
O modal ferroviário, seja ele de passageiros ou de cargas, apresenta diversas vantagens sobre os demais. Vantagens essas: de ordem econômica, como a redução significativa dos custos operacionais; vantagens de ordem econômica; vantagens pela maior capacidade de atendimento; além da grande vantagem de ordem ambiental, uma pauta que está na ordem do dia em todos os fóruns ambientais do planeta terra.
O lançamento do monóxido de carbono-CO na atmosfera poderá tender a um nível mínimo aceitável, se as locomotivas usadas forem movidas à eletricidade. O CO como já informamos, é um dos agentes responsáveis pela formação do efeito estufa; por aumentar a temperatura da terra; por promover o derretimento das geleiras e por aumentar o nível dos mares.
Até que enfim a necessidade, despertada pelas seguidas catástrofes, obrigou à superação do fortíssimo lobby da indústria automobilística, a grande patronesse do modal de transportes rodoviário que definitivamente chegou a um ponto de saturação e travou as vias urbanas e as estradas.
Dois artigos da nossa autoria aqui postados, o primeiro em 15 de novembro de 2021 e o segundo em 04 de maio de 2022, tentam mostrar em maiores detalhes o desempenho de todos os demais modais de transportes, comparando-as nas suas vantagens e as suas desvantagens, cuja leitura sugerimos.
A escolha adequada de um modal de transporte | Site do João Vicente Machado
A volta imperiosa dos trens de passageiros | Site do João Vicente Machado
Nesse passo e ao que nos parece, no pequeno trecho inicial a ser construído entre as duas metrópoles, será usada uma tecnologia de ponta, que deverá funcionar como o embrião de um projeto mais amplo que venha contemplar outras regiões.
Além disso, funcionará como paradigma de um grandioso e eficiente projeto nacional de transportes ferroviário que haverá de se espalhar por todo país. Essa ideia poderá abarcar grande parte do transporte de cargas e de passageiros, seja ele: urbano, suburbano ou interurbano.
Lemos ultimamente uma publicação cujo título é Melhores Destinos, que traz um resumo informativo do anteprojeto que está em fase final de estudos. Diz ele:
“O Governo Federal, por meio da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), aprovou o projeto que permite a construção e operação de trem de alta velocidade entre São Paulo e Rio de Janeiro. O projeto está orçado em mais de R$ 50 bilhões, e deverá ser executado com recursos privados. (Só acreditamos vendo).O trem proposto deverá cobrir uma distância de 511 km e os trens podem atingir uma velocidade de 350 km/h, completando o trajeto em 1h30’. Inclusive, já existe mapas da região, com opções de trajeto, onde uma das propostas paradas: em São José dos Campos (SP) e Volta Redonda (RJ). Veja uma das propostas na imagem abaixo:”
Por tratar-se de uma concepção inicial, o projeto poderá perfeitamente ser alterado e ao invés de apenas duas paradas previstas para São José dos Campos no estado de São Paulo e para Volta Redonda no estado do Rio de Janeiro, o trajeto poderá ser alterado e incorporar mais alguns municípios importantes.
Certamente o projeto executivo deverá está sujeito a possíveis alterações, que venham incluir mais algumas cidades de médio e grande porte. Assim sendo o traçado que consideramos mais racional, poderá ser aquele mostrado em uma das ilustrações seguintes, tendo como o ponto de partida a cidade de Campinas-Sp, terminando na cidade do Rio de Janeiro.
Na primeira proposta o benefício alcançará uma população em torno de 20 milhões de passageiros. Na segunda proposta e com a ampliação do trajeto, o beneficio alcançará 32 milhões de passageiros se levarmos em conta as cidades das áreas metropolitanas atendidas, sem contar com a economia de escala que com certeza redundará na redução do custo das passagens.
O centro das maiores cidades do trajeto seria evitado e a integração seria feita através da malha viária urbana e suburbana existente, ou através de VLTs ou BRTs
A ideia inicial é que as obras sejam executadas através de Parcerias Público Privadas e dependendo da atratividade do trecho é até possível que haja interesse. Todavia o investimento público será indispensável para a universalização no atendimento às demais cidades, em atendimento às exigências de mobilidade de caráter social extensiva aos mais carentes.
O Nordeste do Brasil é uma região vocacionada para o turismo e nesse aspecto nos parece a natural bola da vez. Nos deparamos há poucos dias com uma matéria publicada no jornal Estadão, datada de 14 de outubro de 2020, que faz menção à ideia daquilo que foi chamado O Trem do Sol. É uma ferrovia translitoranea que deverá ligar a cidade de Salvador capital do Estado da Bahia à cidade de São Luiz capital do Estado do Maranhão. Diz a matéria:
“Não está em construção e nem em vias de início, as obras pelo governo federal de uma ferrovia que ligaria todas as capitais do Nordeste. O Twiter que viralizou afirmando que a estrada de ferro “vem aí”, na verdade, resgata a ideia de um projeto antigo, chamado de Trem do Sol, que vem sendo discutido desde 2013, mas que, no entanto, nunca teve o estudo de viabilidade técnica realizado, de acordo com a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). O Ministério da Infraestrutura também disse que atualmente não há obra em andamento para implantação da ferrovia.”
O percurso total entre Salvador e São Luiz é de 2.586km e poderá ser considerado muito longo. Todavia, mais longo do que ele é o trecho ferroviário que liga Nova York e Los Angeles com 3.936 km de extensão, ou a distância por trem entre Moscou e Lisboa com 3.907 km, ou ainda e para finalizar, o trecho da transiberiana que liga Moscou a Vladivostok na Rússia, com 9.289 km de extensão.
Ora, os estados do nordeste têm juntos uma bancada de 151 deputados federais, acrescida de 27 senadores da república, ou seja, são 178 parlamentares com assento no congresso nacional.
Portanto, representação parlamentar conjunta é o que não falta e com musculatura suficiente para exigir do governo federal essa obra estruturante de fundamental importância para a consolidação da nossa vocação turística.
Qual o parlamentar que se habilita para pleitear essa obra estruturante?
Referencias:
Governo Federal autoriza empresa a construir e operar “trem-bala” entre São Paulo e Rio de Janeiro (melhoresdestinos.com.br);
‘Ferrovia do Sol’, que ligaria capitais do Nordeste, ainda não tem projeto ou estudo de viabilidade – Estadão (estadao.com.br);
Fotografias:
Governo Federal autoriza empresa a construir e operar “trem-bala” entre São Paulo e Rio de Janeiro (melhoresdestinos.com.br)
TAV Rio–São Paulo – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org);
Trem de alta velocidade (bemjavim.com);
EFCB – Linha Auxiliar — Histórico – Estações Ferroviárias do Estado de Rio de Janeiro (estacoesferroviarias.com.br);
Engarrafamento marca início de semana em João Pessoa – ClickPB;
Mapa do nordeste – Mapa do nordeste brasileiro, político, sub-regiões (escolaeducacao.com.br);
APROBIO – Você sabe o que é o Efeito Estufa?