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A volta imperiosa dos trens de passageiros

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A necessidade que a grande massa trabalhadora tem, em sair diariamente de suas casas e chegar ao trabalho no horário previsto, vem se tornando a cada dia mais difícil e mais penosa de ser satisfeita.

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Esse não é um caso isolado que ocorre numa ou noutra cidade brasileira, e sim um problema geral, uma verdadeira epidemia automotiva. Nos dias atuais, faz parte do  cotidiano e onde quer que você vá, haverá de encontrar os mesmos problemas de engarrafamentos  e  paralizações quilométricas em todos os corredores de tráfego.

Até mesmo Brasília, a cidade das passagens de níveis, das pontes e dos viadutos,  concebida no início da segunda metade do século passado para receber uma população de 700 mil habitanteshoje com  mais de 3 milhões de habitantes, enfrenta grandes  problemas decorrentes da superpopulação, onde um deles é a mobilidade. Os brasilienses convivem cotidianamente com a lentidão e os mesmos engarrafamentos de tráfego   que ocorrem diariamente nas demais cidades brasileiras.

As discussões sobre a saturação do modal  de transportes rodoviário vêm se repetindo com muita frequência  e a questão dos congestionamentos está sempre na ordem do dia. Quando  a pauta é a mobilidade urbana os problemas afloram e atingem até mesmo o transporte intermunicipal e interestadual.

Como acontece no futebol, a questão  do trânsito têm muitos “treinadores” que estão sempre a opinar, com muito boa vontade, mas amadoristicamente. As soluções propostas são sempre aquelas que lhes são mais convenientes e  a  proposta mais comum é o alargamento das ruas. Seria como resolver o problema da obesidade afrouxando o cinturão.

Com o advento da indústria automobilística no início da década de 1960 do século passado, houve um estímulo muito forte do governo Juscelino Kubistchek à construção de estradas asfaltadas, o que acabou provocando uma atrofia continuada no transporte ferroviário de passageiros e de carga. O nosso povo foi induzido ao uso do transporte unitário, hoje um sonho de consumo arraigado no sub consciente de todos. A posse de um veículo, em muitos casos é questão de status.


No período citado, houve um abandono propositado da nossa malha ferroviária, e a medida que o sistema ia se deteriorando, os trens sucateados  passaram a prestar um serviço de péssima qualidade, levando ao descrédito  crescente e contribuindo  para o fim da circulação dos trens de passageiros e por extensão dos trens de carga.

Foi quando houve a extinção definitiva dos trens de passageiros intermunicipais e interestaduais. Depois ocorreu a desativação do transporte ferroviário de carga que ainda sobreviveu por algum tempo, para sucumbir numa privatização criminosa que sucateou todo ativo patrimonial  e a desativação total de todo complexo.

Atualmente a questão  da mobilidade extrapolou os limites urbanos, tomou conta das rodovias de maior movimento e, se não houver uma providencia efetiva, vai colapsar tanto a urbe quanto a a orbe.

Essa é apenas  uma faceta do problema que  afeta e até compromete a mobilidade das pessoas. A solução a curto e médio prazo,  depende unicamente de decisão política do governo federal, no sentido de chamar a si a responsabilidade e enfrentar com altivez o problema, em busca de uma solução duradoura que  beneficie a  todos e não apenas  grupos econômicos.

“Contudo, muito mais grave do que isso, é o passivo ambiental que vem preocupando os ambientalistas, os cientistas e os órgãos ambientais de todo mundo. O lançamento diário de gases nocivos na atmosfera, inviabiliza o modal de transporte rodoviário. Os mais conhecidos são o monóxido de carbono-CO, o dióxido de carbono-CO2 e o dióxido de nitrogênio-CO2, entre outros.”

Entre o elenco de providencias a serem adotadas imediatamente, a primeira delas é obrigar a indústria automobilística iniciar ontem, a transição do uso de combustível fóssil  em um prazo de no máximo 03 anos, a partir de quando os fabricantes transgressores estariam impedidos de continuar a fabricar e comercializar veículos.

Lançamento de gases e efeito estufa

“No ano de 2020 o deputado Paulo Teixeira do (PT-SP) apresentou um projeto de lei depois transformado  na Lei 5322/20 de 1° de janeiro de 2020, proibindo  a venda de automóveis  ou veículos leves novos, movidos a gasolina e óleo diesel a partir de 1° de janeiro de 2030.”

“Segundo resolução do Contran, são considerados veículos leves: ciclomotor, motonetas, motocicleta, triciclo, quadricíclo, automóvel, utilitário e caminhonete, com peso bruto total inferior ou igual a 3,5 toneladas.”

Sem nenhuma dúvida foi um avanço. Um avanço  providencial, mas não suficiente. A frota crescia sem controle e no ano de 2021 tínhamos em circulação:
38.149.197 automóveis, 12.877.610 motocicletas, 5.649.895 veículos comercias leves, 2.052.000 caminhões e 388.946 ônibus. São 59.117.648 veículos, ou seja 2 veículos por habitante.

O volume de Gasolina vendido em 2021 foi 56 bilhões de litros, mesmo com as restrições da pandemia. Já com relação ao óleo diesel, o volume vendido foi de 55,9 bilhões de litros, num total de 111,5 bilhões de litros.

A nossa dependência do modal de transporte rodoviário, tanto no tocante ao transporte de passageiros quanto ao transporte de carga tornou-se impraticável e exige uma providência eficaz e  duradoura.

Precisamos reavaliar imediatamente a nossa opção pelo modal de transportes rodoviário no tocante a mobilidade urbana como também o transporte de cargas interurbano, intermunicipal e interestadual. Os planos diretores dos municípios precisam estar perfeitamente sintonizados e adaptados a essa realidade.

“Há que se avaliar também a magnitude do passivo ambiental decorrente, que está aprofundando e acelerando a sexta extinção das espécies, preconizada pelos ambientalistas e cientistas ambientais  e já em curso.”

O uso do transporte marítimo e fluvial pode ser imediatamente intensificado aproveitando ao máximo a nossa malha fluvial e toda extensão da nossa costa, para o transporte de carga por via marítima.

Existe um traçado remanescente e de há muito  definido, de toda malha ferroviária brasileira, que nos foi legado pelo do Barão de Mauá no Rio de Janeiro, pela FEPASA em São Paulo, pelas Ferrovias do Extremo Sul do país e pela Great Western do Brasil no nordeste brasileiro.

Malha Ferroviária do Brasil

Todo esse conjunto de ativos que vinha sendo sucateado, sofrendo o golpe de misericórdia desfechado  com a privatização criminosa do governo Fernando Henrique Cardoso, o pai do neoliberalismo brasileiro.

O compromisso contratual da iniciativa privada, no sentido de fazer os investimentos necessários para modernização do modal ferroviário não foi cumprido. Todo sistema de trens de passageiros foi desativado em primeiro lugar. Logo em seguida foram os trens de carga que foram paralisados, as vias abandonadas, permitindo assim a retirada furtiva dos trilhos.

As estações ferroviárias foram via de regra abandonadas e depredadas, à exceção de algumas delas que foram apropriadas por municípios ou associações comunitárias e transformadas em espaço de utilidade pública, como foi o caso da estação ferroviária do Crato no Ceará.

Mas qual seria então os planos de restabelecimento dos modais de transportes naval e ferroviário sugeridos?

Em primeiro lugar o estimulo à navegação de cabotagem, modernizando a frota de navios cargueiros, simultaneamente com o apoio de uma logística terrestre de distribuição de cargas.

Para tanto haveria a necessidade do restabelecimento imediato  da indústria naval para dar suporte técnico à frota, reabrindo os estaleiros que fecharam no atual governo.

Seria o restabelecimento da política pública de emprego e renda que perdeu o objetivo com a atual política macro econômica atual governo.

Essa medida saneadora aliviaria de imediato dois problemas fundamentais. Tanto o trafego intenso de veículos de carga, quanto o lançamento de gases tóxicos na atmosfera causadores do efeito estufa. Deverá haver quem diga que uma decisão como essa causará desemprego no setor de transportes de carga.

Ora, a capacidade de carga de um Rodotrem é de 74 toneladas e ele é operado por um ou no máximo dois trabalhadores. Seria uma mão de obra facilmente absorvida pela logística de terra.

E por falar em carga, a capacidade de carga de um navio cargueiro, depende do tipo de carga que transporta. Os navios são classificados como:
Graneleiros, tanque, petroleiros, gazeiros, ro-ro, carga geral e porta containers e sua capacidade de carga varia entre 5.000t e 40.000t.

Um navio gigante pode transportar uma carga equivalente a 17.045 caminhões Mercedes Benz 1620 carregados.

Seriam teoricamente 17.045 caminhões retirados de circulação. Haveria uma menor necessidade de recuperação de estradas, além da diminuição do lançamento de gases tóxicos na atmosfera.

Para que o Modal de transporte ferroviário seja novamente colocado em funcionamento, há algumas providencias a serem tomadas que dependem mais ou menos de investimentos   tais como:

Restauração, modificações e melhorias nos traçados das ferrovias que foram abandonadas; ampliação e uniformização da bitola dos trens e dos vagões, estipulando uma largura máxima de 1,60m como padrão, procurando compatibiliza-la com as bitolas dos países vizinhos do Cone Sul; alargamento da faixa de rolamento com o necessário alargamento dos cortes e aterros, de modo a comportar trens mais largos; adoção do uso de dormentes de pré-moldados em todas as vias férreas do território nacional, ao invés do uso da madeira em benefício do meio ambiente; construção, ao longo de todas as vias férreas do país, de uma linha de transmissão de eletricidade para alimentar as locomotivas; enfim tirar partido do rebaixamento do centro de gravidade das locomotivas e vagões, para propiciar maiores velocidades e otimização do binário tempos e movimentos.

O ideal seria alcançar a velocidade máxima permitida, principalmente nos trens de passageiros, para atendimento à demanda turística, segmento para o qual o Brasil tem grande potencial.(aqui)

Modernizar os terminais de passageiros, tornando-os confortáveis e integrando-os sempre que possível, com a rede de trens metropolitanos (metrô) e trens suburbanos.

Sabendo que a capacidade de carga de cada vagão pode chegar até 120 toneladas, é possível que uma composição ferroviária com duas locomotivas tenha capacidade de rebocar até 20 vagões, ou seja 2.400 t de carga. Uma composição conduzindo a capacidade máxima de carga, poderia rebocar o equivalente a até 32 Rodo trens de 74 toneladas.

Por esse raciocínio o alivio de tráfego das vias urbanas, suburbanas, intermunicipais, interestaduais seria imediato, como imediata seria a redução do impacto ambiental.

Se levarmos em conta que algumas das nossas regiões têm forte apelo turístico, essa seria mais uma fonte geradora de renda. Imaginemos um trem muito confortável, pontual e veloz saindo de Salvador, passando por: Aracajú, Maceió, Recife onde teria uma conexão para Caruaru; Parahyba com uma conexão para Campina Grande; Natal, Mossoró, Fortaleza, Sobral, Teresina e São Luiz?

Ou quem sabe um trem bala saindo de Belo Horizonte passando no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre com as conexões necessárias para as cidades populosas e/ou turísticas fora do traçado original?

Quem iria mais viajar de avião ou carro? Nós, pelo menos não iriamos querer outro transporte.

Se quiserem nos taxar de utópicos que o façam. Porém sem antes nos responder: quem vive sem utopia?

De onde viriam os recursos? Veja na figura abaixo nela dá para perceber claramente que “com o golpe de 2016 o sistema financeiro sequestrou o orçamento do pais”

É fácil perceber que enquanto na saúde foi gasto 4,18%, na educação 2,49%, no saneamento básico 0,015% e em habitação 0,00%, o dragão do serviço da dívida engoliu 50,78% do orçamento.

Bastaria o governo federal assumir uma postura política em defesa do país e da nação e dizer aos banqueiros: “a partir de agora nós vamos limitar o pagamento do serviço da divida em 10% e os 40,78% restantes será destinado ao financiamento do desenvolvimento do nosso país. A nação não suporta mais essa sangria desatada!”

Com um volume de recursos da ordem de R$ 800 bilhões/ano, desde que bem aplicados, o que era longo prazo viraria médio prazo e o que era médio prazo viraria curto prazo.
Para que isso aconteça é necessário uma posição política firme e a decisão corajosa de peitar a banca internacional. Esses predicados não são encontrados no atual governo brasileiro. Portanto a mudança é imperativa e improrrogável.

 

 

 

Consulta:https://autopapo.uol.com.br/curta/carros-gasolina-diesehttps:https//omecanico.com.br/sabe-qual-e-a-frota-total-de-veiculos-no-brasill;
Tabela de capacidade de carga de caminhão DNIT ANTT | Blog TruckPad;
Qual a capacidade de um navio cargueiro? (todasasrespostas.pt)
A capacidade dos trens de carga – Portogente;

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