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Por: Flávio Ramalho de Brito
Faz meio século que, no dia 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciava, oficialmente, a sua saída dos Beatles, o mais conhecido e idolatrado grupo musical desde que o mundo é mundo. O culto à banda nascida em Liverpool vem ultrapassando gerações, por exemplo, de mim passou para minhas filhas e chegou à minha neta Sofia. Quando se pensa em músicas do Beatles, uma que sempre é lembrada é Yesterday. A Yesterday se atribui o primeiro lugar em número gravações, ou, melhor dizendo, de regravações de uma música, desde o surgimento do gramofone desenvolvido pelo alemão Emil Berliner até chegarmos às nuvens digitais dos dias correntes. Dizem, que a segunda posição em regravações seria da nossa Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinícius de Morais. Em 2009, o manjadíssimo Guinness World Records já indicava mais de 2.200 regravações de Yesterday. Há quem diga que esse número, hoje, passe de 3 mil. Yesterday tem o timbre de Lennon-McCartney, que é como a autoria da dupla John Lennon e Paul McCartney aparecia nos selos afixados nas duas faces dos antigos discos de vinil. A canção é, sem nenhuma dúvida, a música mais exitosa dos Beatles, já tendo, há anos, conseguido a marca de 5 milhões de execuções, apenas nos Estados Unidos. O grande sucesso de Yesterday decorre do fato de que, a exemplo da maioria das músicas de grande aceitação popular, ela tem uma estrutura muito simples e de fácil e imediata assimilação por todos.
A história de como a canção surgiu é bastante conhecida: Paul McCartney teria, uma noite, acordado com a melodia na cabeça. Foi para o piano e escreveu a música para não esquecê-la. Mas, durante algum tempo, ficou inseguro se a melodia era original ou se era de alguma canção que ele ouvira antes, o que poderia se configurar em um plágio. Segundo ele, “por cerca de um mês procurei pessoas no mercado musical e perguntei se já a haviam escutado antes”. Criou, então, o que, comumente, se chama, entre os músicos, um “monstro”, uma letra provisória, apenas para marcar as sílabas, a qual deu o título de “Scrambled eggs”, mas, continuou inseguro quanto à originalidade da melodia. Em maio de 1965, Paul foi passar férias em Portugal. Durante a viagem, de carro, do aeroporto de Lisboa para Albufeira, no litoral do Algarve, onde ia ficar uns dias, ele fez a letra definitiva da música, trocando os “ovos mexidos” por Yesterday. A canção, embora tenha sido feita exclusivamente por Paul, tem o registro da autoria também de John Lennon, o que era uma espécie de acerto entre eles, desde o início dos Beatles, o que ocorreu, também, em outros casos, como Hey Jude e The Long and Winding Road, que foram compostas exclusivamente por Paul, mas, que aparecem com a parceria de Lennon.
Quando do retorno de McCartney de Portugal para Londres, os Beatles estavam gravando o disco Help. George Martin, o produtor e arranjador da banda, sugeriu que a música fosse gravada por Paul, tocando violão acústico, acompanhado apenas por um quarteto de cordas, sem qualquer participação dos outros Beatles. Essa foi a primeira intervenção efetiva de Martin nas gravações do grupo, o que depois veio a se tornar a regra, ao ponto de chamarem-no o quinto Beatle. E mais, George Martin propôs a Brian Epstein, então gestor dos negócios dos Beatles, que Yesterdayfosse lançada em disco apenas por Paul. Epstein teria rechaçado a ideia, sob o argumento de que os Beatles não deveriam ser separados. Yesterday, então, saiu no disco Help, mas, apenas com a participação de Paul. Para o jornalista Bob Spitz, autor da mais documentada biografia dos Beatles, com aquela gravação solo de Paul McCartney “a bolha já começara a estourar”. Na época, os egos dos dois compositores da banda já começavam a se contrapor (antes do disco Help, George Harrison ainda não havia aparecido como compositor nos discos dos Beatles). A gravação solo de Paul McCartney de Yesterday teria sido o início da fratura na amizade dos velhos amigos de Liverpool. Só que, depois, quem ficou com toda a culpa de promotora da discórdia entre os Beatles, e, acusada de responsável pelo fim da banda, foi a japonesa Yoko Ono, segunda mulher de John Lennon.
Yesterday– Paul McCartney em dois momentos, separados por 50 anos: show em Nova York e apresentação na Casa Branca, em Washington.
Parabéns pelo texto amigo. Atingindo um publico seleto e esclarecido que é formador de opinião.
Foi a isso que nos propomos e você tem sido um parceiro e tanto.
Aí está a única e verdadeira história do começo, meio e fim de uma banda mito que fez e faz parte da vida de muita gente.
Um relato fiel de um das canções mais marcantes de todos os tempos. Parabéns.