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Cavalo de Tróia, Lenda ou Realidade ?

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Foto: Conhecimento Cientifico

O Cavalo de Tróia é uma ficção nascida da genialidade do poeta grego Homero e de um modo geral é considerado uma lenda. Destarte, embora o desenrolar dos fatos históricos tenham muito de ficção, algo de concreto deve ter acontecido para justificar o sucesso da temática milenar de Homero nas artes cênicas.

Conforme a definição de Gabriela Botelho, numa publicação de sua lavra atualizada em 28/07/2022:

“O cavalo de Troia foi um símbolo da Guerra travada entre gregos e troianos, que durou cerca de dez anos e, segundo relatos o cenário da mitologia, provavelmente aconteceu entre os anos de 1194 e 1184 a. C. data utilizada pelo poeta grego Homero, em sua epopeia, Ilíada, na qual descreve os acontecimentos dos últimos anos da Guerra de Tróia. No imaginário popular, o cavalo de Tróia seria o grande responsável pela consolidação do conflito, uma vez que o suposto presente dado pelos gregos aos troianos ao final da guerra, fez parte da estratégia criada pelo herói mitológico Odisseu para que os gregos saíssem vitoriosos.”

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Não é nosso propósito repetir neste curto espaço, a narrativa do fato histórico sobre a ideia de Odisseu contado por Homero. Tentaremos apenas fazer uso do clássico grego  como paradigma, na certeza de que ele poderá nos ajudar a entender melhor as consequências que poderão advir de algumas acomodações políticas adotadas no início do governo Lula, que vêm nos causando grandes apreensões. São arranjos e acordos feitos no campo da política que têm nos preocupado por serem, mutatis mutandis, mais ou menos parecidos.

Foto: MOZAIK EDUCATION

As eleições de 2022 talvez tenham sido as mais traumáticas da história republicana recente, e as suas sequelas ainda se fazem  presentes no cotidiano, sem apresentar sinais de trégua.

A rigor, toda trama política teve início com o golpe parlamentar de 2016. Naquela ocasião o liberalismo econômico  recrudesceu e inspirou a implantação de um projeto político de poder que se pretendia longevo. Pela concepção dos seus mentores, o poder executivo deveria ser ocupado por um governante fantoche que permitisse sem questionamento, o aparelhamento do estado nacional em favor de grupos econômicos e financeiros. Eles cuidariam da macroeconomia enquanto o Estado passaria a ter um tamanho mínimo e iria cuidar do trivial.

Com a assunção de Paulo Guedes, (BTG) um banqueiro tendencioso a quem foi entregue o comando do ministério da economia, cuidaram de acelerar o passo e promover rapidamente e de forma açodada o desmonte da máquina estatal, antes mesmo que a grande maioria da população se aperceber-se da trama.

Era necessário fazer com que opinião pública aceitasse tacitamente a decisão de promover uma privataria galopante, vendida como a panaceia para cura de todos os nossos males econômicos.

Para tanto, a imprensa oficial foi e ainda é utilizada para demonizar o aparelho de Estado Nacional e ganhar o apoio favorável da opinião pública contra ele.

Essa foi uma estratégia inaugurada no curto período de governo do primeiro grande equívoco da maioria do eleitorado brasileiro, que foi Fernando Collor de Melo. A máquina de propaganda por ele encomendada, colocou no ar uma campanha publicitária em que utilizava a figura de um enorme elefante para compará-lo à morosidade do estado nacional. Era preciso exorcizar o sentimento nacionalista remanescente do governo Vargas, inspirado nos postulados de Keynes. A rigor “um péssimo exemplo”, e algo démodé.

A imagem animada de um elefante montado por alguém, era veiculada insistentemente na televisão paralelamente a uma voz que dava o recado:

“Já foi importante uma forte presença do Estado na economia. Só que o Estado engordou muito em áreas não-prioritárias para você, cidadão. Com a desestatização, o Estado vai investir pesado em saúde, educação, habitação, saneamento e segurança.”

Vejam o elenco de promessas feitas pelo florescente neo-liberalismo no início da década de 1990: “investir pesado em saúde, educação, habitação, saneamento e segurança.”

Das promessas feitas ao povo pelo neoliberalismo redivivo, pouco ou quase nada foi cumprido. O detalhe curioso é que vinte anos depois, o establishment aprovou no congresso a Lei 14026/2020, que segundo eles iria atrair os investimentos do setor privado “para universalizar” o saneamento básico. Uma promessa de 20 anos passados e nunca cumprida.

Para estabelecer o novo normal do neo-liberalismo, foi preciso atualizar e “modernizar” a estratégia. Surgiu em cena um velho novo projeto de controle do poder político, que além de ganhar a simpatia popular, viesse garantir a sustentação e fortalecimento do status quo.

Nesse novo modelo de ditadura sem tanques de guerra, denominado Law Fare, utilizaram uma marionete parida pela CIA e colocada a serviço da classe dominante. O fantoche fazia parte de um estamento bastardo do poder judiciário e teria como missão colocar em prática uma farsa que preconizava a destruição dos possíveis adversários que encontrasse pela frente. As vítimas precisavam ser alijadas definitivamente da vida pública nacional para “não atrapalhar.”

Foi nesse cenário maquiavélico que surgiu na ribalta política, a república de Curitiba tendo à frente o juiz federal e hoje senador Sérgio Moro, coadjuvado por um Procurador Federal e hoje deputado federal Deltan Dallagnol. Os dois passaram a ser os maquinistas da máquina de moer reputações, agindo com toda pressa, mesmo que atropelasse o rito processual. Era preciso eliminar urgentemente a maior liderança de massa do país, identificada com os anseios populares e com densidade eleitoral suficiente para vencer as eleições de 2018.

Foi o avant premiére da hoje desmoralizada Operação Lava Jato, que fazendo escola, espalhou-se pelo Brasil inteiro, com nomes diferentes, mas usando a mesma prática.

As moscas poderiam até ser diferentes, todavia o pirão era rigorosamente o mesmo.

Na nossa Parahyba, através de uma operação semelhante, o ex-governador Ricardo Coutinho ainda vem sendo alvo da sanha das oligarquias que operam para destruí-lo como um “mau exemplo.” Talvez pelo grave pecado cometido por ele, de ter sido  o maior gestor da história política desse estado em todos os tempos.

No sistema tripartite de governo, o poder legislativo majoritariamente conservador, aderiu de imediato ao golpe. Enquanto isso, o poder judiciário permaneceu contemplativo e silente, pois afinal de contas, um projeto político dessa magnitude não poderia ser obra de uma só pessoa e de um só poder.

A nomeação do Procurador Geral da República-PGR, que vem a ser o Chefe do Ministério Público FederalMPF, passou a recair,  não  sobre o nome do escolhido em eleição direta pelos seus pares do MPF, mas tornou-se uma escolha pessoal e seletiva do Presidente da República.

Quanto à nomeação dos ministros do Supremo Tribunal FederalSTF que, paradoxalmente é da competência do chefe do poder executivo, (um outro poder) também passou a ser seletiva e a depender do agrado do Presidente da República.

Ou seja, o que era cargo de competência passou a ser tão somente cargo de confiança.

O famigerado orçamento secreto, uma excrescência criada pelo congresso nacional, foi o abastecedouro financeiro do financiamento de campanhas eleitorais, funcionando  como moeda de compra de mandatos eletivos.

Essa desenfreada avalanche financeira, desequilibrou a correlação de forças em favor da ressureição de oligarquias e da quintessência do ultraneoliberalismo.

Uma vez montado o cenário de dominação, o processo de desmonte do nosso patrimônio adquiriu um ritmo célere, difícil de ser contido mesmo depois da derrota eleitoral de novembro de 2022.

Se é verdade que conseguimos, a duras penas, eleger um presidente da república que em muito desagradou o olimpo, não é menos verdade que nas eleições para recompor o congresso nacional tomamos uma tremenda goleada e recebemos das urnas um verdadeiro presente de grego.

Na hora de compor o ministério e de olho na governabilidade, alguns incestos foram e continuam a ser cometidos. As velhas raposas foram trazidas de volta ao galinheiro mais cedo do que era esperado.

As alianças e arranjos políticos celebradas pelo governo Lula, vêm sendo articuladas à base da oração de São Francisco de Assis, ou seja: é dando que se recebe!

A aliança com o União Brasil e o Phodemos, é um exemplo no mínimo curioso. Até o juiz Sérgio Moro e o ex procurador da república Deltan Dalagnnol, fazem parte da “base de apoio” ao governo Lula. Não é algo estranho?

Ambos foram comandantes e sub comandante do golpe parlamentar e mais do que isso foram os algozes do presidente Lula. Hoje estão abrigados em partidos políticos “aliados” com direito a nomeação de correligionários para cargos federais de segundo ou terceiros escalões, ou seja, é uma aliança em que o mal é pago com a moeda do bem, que nos faz lembrar a frase atribuída a Confúcio que diz:

“Se eu pagar o mal com o bem, com que moeda eu vou pagar o bem?”

Para ilustrar repitamos aqui um trecho da letra do indefectível samba de Paulinho da Viola:

“Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim.
Olha que a rapaziada está sentindo a falta,
De um cavaco, do pandeiro ou de um tamborim.”

Dizem que o uso do cachimbo faz a boca torta e talvez por isso as articulações do “novo normal” começaram a emergir de forma comprometedora.

O partido União Brasil, ao qual é filiado o ex juiz Sergio Moro, é resultado de uma fusão entre o Democratas-DEM, (ex-ARENA e ex-PDS) e o PSL, partido de Valdemar Costa Neto que também alberga Jair Bolsonaro.

Com uma bancada de 59 parlamentares, depois de ter apoiado a eleição de Bolsonaro, o partido “emprestou apoio” parlamentar ao presidente Lula, em troca da nomeação de 03 ministros, entre os quais o ministro das comunicações José Juscelino Rezende dos Santos Filho.

Segundo o jornal O Estado de São Paulo, Juscelino utilizou um avião da FAB para comparecer a leilões de cavalo de raça dos quais é criador, com as diárias pagas pelo erário público. Contra ele ainda pesam acusações de tráfico de influência, para asfaltar a estrada de acesso a uma fazenda de sua propriedade.

O União Brasil abocanhou ainda o ministério do turismo que vem sendo ocupado por Daniela Carneiro, embora ela seja acusada de ser aliada de milicianos, e de manter vínculos com a família de Juracy Alves Prudêncio, condenado e preso sob a acusação de chefiar uma milicia na Baixada Fluminense.

O apetite desses partidos não se limita apenas às nomeações para os ministérios. Eles vão além e chegam até a nomear para cargos comissionados do segundo e terceiro escalão do governo federal no âmbito dos estados.

Tomemos como exemplo didático o estado da Paraíba, onde o Ministro Juscelino Rezende nomeou a pedido do senador Efraim Filho, (ambos do União Brasil) um correligionário seu para o cargo de Superintendente Estadual dos Correios, Jackson Silva Henrique.

Na Paraíba existem em torno de 20 cargos federais que estão em frenética disputa. Alguns deles são de livre indicação e outros só poderão ser ocupados por profissionais de carreira, como foi o caso da indicação para os correios, feita por um bolsonarista para acomodar um outro bolsonarista que é servidor de carreira.

Estão ainda em aberto: a Companhia Brasileira de Trens UrbanosCBTU, Fundação Nacional de SaúdeFUNASA que dizem será extinta. A Delegacia do Desenvolvimento AgrárioDMA, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriaINCRA, a Superintendência Regional do TrabalhoSRT, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenováveisIBAMA, o Instituto do Patrimônio da União, Instituto Nacional do SemiáridoINSA, o Departamento Nacional de Obras Contra as SecasDNOCS, o Instituto Social do Seguro SocialINSS, a Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuáriaEMBRAPA, a Delegacia do Ministério da Saúde.

Voltemos à lenda do Cavalo de Tróia!

Do interior do equídeo vêm sendo pinçados, um a um, os componentes da equipe do governo Lula, nos assustando com o seu verniz ultraconservador que não se acanham em exibir, mesmo depois de transformados em “aliados” de última hora e de confiança bastante questionável.

Ou alguém pensa por acaso, que os que os indicados para preenchimento desses cargos vão se preocupar com o governo de Lula nas eleições de meio de mandato?
Essa ginástica que o presidente da república vem fazendo em busca da governabilidade, poderá render uma distensão muscular política incurável.

A única utilidade didática que poderá resultar de toda essa salada política é a comprovação cabal de que o modelo eleitoral que aí está não interessa. A não ser à classe dominante.

Por fim é oportuno lembrar que a eleição de 2022 apresentou no segundo turno, os seguintes números: 50,90% pro Lula e 49,10% pro Jair Bolsonaro, com uma apertada margem de diferença de 1,8%.

Com um congresso de qualidade pior do que o anterior e esmagadoramente oposicionista, Lula tem se obrigado a entrar no cassino e dividir a mesa de jogo com ases de um pôquer político jogado à base do blefe.

Essa jazida de 49,10% é a escória do conservadorismo e não terá matéria prima que se aproveite para um amalgama político de boa qualidade!
Ao que parece Lula irá seguir pisando em areia movediça, vendo a hora saltarem do interior desse Cavalo de Tróia os seus algozes de ontem, para mais uma vez encurralá-lo. Essa possibilidade está à vista e é logo ali em 2024.

Ninguém se iluda, 2024 será uma eleição de meio de mandato da qual poderemos sair em situação política pior. Os aliados de direita que estão no governo, irão cuidar da vida deles e adquirir gordura para nos derrotar em 2026. Façamos o possível e trabalhemos muito para manter os 50,90% de 2022. É mais prudente!

 

 

 

Referencias:
Cavalo de Troia: você sabe a história? Aprenda aqui! – Manual do Enem (querobolsa.com.br);
Ministro Juscelino Filho usou voo da FAB e diárias para ir a leilão de cavalos que podem valer mais de R$ 1 milhão – Blog John CutrimBlog John Cutrim;
O que equipe de Lula diz em defesa de ministra ligada a chefe milícia preso no Rj – Pesquisa Google;
quais os cargos federais ja ocupados na paraiba hoje – Pesquisa Google;
O cavalo de tróia – Pesquisa Google;
Relembre as propagandas do Governo Collor em favor de um Estado menor – Boletim da Liberdade;

Fotografias:
A entrada do mercado no Estado: a relação entre Estado e mercado no neoliberalismo (infoenem.com.br);
fernando collor o blefe de governo – Pesquisa Google;
15 imagens que mostram o contraste brutal entre pobreza e riqueza no mundo | Fotografia (guioteca.com);
ConJur – Salomão admite recurso de Lula contra PowerPoint de Dallagnol;
Candidaturas de Moro e Deltan provam que Lava Jato atuou | Política (brasildefato.com.br);
sistema tripartite de poder – Pesquisa Google;
Ministros do União Brasil viram foco de desgaste do governo Lula em meio a constrangimento político | Política | O Globo;
União Brasil critica fala de Gleisi sobre Juscelino Filho (poder360.com.br)

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