Sei que parece repetitivo a abordagem do narcisismo nestes últimos artigos, mas acreditem, tenho recebido muitos retornos de leitores que além de estarem tendo, nestes artigos, uma forma de se informarem e até mesmo de esclarecerem problemas vivenciados em suas vidas. Então resolvi, mais uma vez, abordar o Narcisismo acrescentando o enfoque da dor e do sofrimento naqueles que podemos considerar como vítimas de pais e mães que desenvolveram esse transtorno.
Preciso voltar aos ensinamentos dos Benfeitores Espirituais com seus inconfundíveis esclarecimentos, para tratar da dor e do sofrimento do ponto de vista, para mim, mais profundo. Falo dessa forma, uma vez que quando abordamos as questões do ponto de vista da espiritualidade, estamos falando de causas e não de efeitos.
Sobre a dor, Dr. Joseph Gleber, no livro “Medicina da Alma”, nos fala que esta é o resultado do nosso processo evolutivo, que todas as vezes que nossa consciência desperta, ela exige um esforço para que saiamos de um entendimento inferior, ao qual estávamos acostumados, para outo mais evoluído. É claro que toda mudança nos causa incômodo e até mesmo constrangimento próprio da luta pela ascensão, e a isto a humanidade acostumou chamar dor e sofrimento.
É necessário, entretanto, compreender que mesmo a dor fazendo, necessariamente, parte de nossa evolução espiritual, os que nos causam a dor, não serão esquecidos no ato de sua “prestação de contas”. Pois foi dito pela divindade: Da mesma forma que feres serás ferido. Ninguém passa impune aos atos cometidos. Não se trata de castigo, mas de reequilíbrio com as Leis Morais.
Espero que as informações que trago neste espaço, possam ser compreendidas, mesmo que provoquem alguma espécie de desconforto. No caso da dor e sofrimento, que ao se expressarem de forma física, quando bem compreendidos e trabalhados, poderão ser motivo de elevação, e não de queda ou estagnação. A cada obstáculo que a vida nos apresenta, ao serem vencidos, nos tornamos mais fortes e mais amadurecidos.
Em uma certa reunião de assistência espiritual, o Médico espiritual ao conversar com uma paciente, perguntou a ela: “Você quer continuar iludida, ou quer conhecer a desilusão? A paciente ficou um pouco em dúvida e ele respondeu: Precisamos viver desiludidos.” Ou seja, a ilusão é uma mentira que em alguns casos cultivamos em nossos relacionamentos, mas podemos preferir vivermos iludidos a conhecer a verdade.
Ao abordar alguns temas neste espaço, estou fazendo a tentativa de esclarecer, mas sei que dependendo do que cada um descobre ao conhecer certas verdades pode causar grande sofrimento. Mas reforço: a verdade é sempre a verdade. Não há uma verdade, apenas a verdade.
Assim sendo, vamos retomar nosso tema sobre o Narcisismo, que para muitos de nós era apenas um conceito da psicologia, mas infelizmente têm causado muito sofrimento às pessoas que convivem com quem desenvolveu esse transtorno. Dessa feita, vamos adentrar um pouquinho nas relações de pais e mães com seus filhos.
Já nos referimos aos prejuízos causados a parceiros em relacionamentos nos quais um deles é narcisista. O narcisista, para manter a ilusão de sua superioridade e suas qualidades superiores desenvolve em sua mente toda uma necessidade de rebaixar seu ou sua companheiro(a), não reconhecendo no outro nenhum valor, fazendo, inclusive, que o outro acredite ser alguém inferior, e se passa a acreditar ser realmente inferior. A “vítima” desenvolve uma baixa autoestima quase crônica, de forma que se torna uma pessoa completamente infeliz, desenvolvendo problemas como depressão, ansiedade e, em casos mais extremos, chegam a tirar sua própria vida.
Veja como o conhecimento se torna importante em nossa vida em toda área de conhecimento. É claro que não precisamos ser especialistas em tudo, mas muitas pessoas, por falta de conhecimento de que certos comportamentos são, na verdade patologias, entram em relacionamentos que se transformam em verdadeiros pesadelos em nossas vidas.
Já nos referimos ao relacionamento pai e filho, mas gostaríamos ainda de acrescentar alguns comportamentos que podem trazer prejuízos irrecuperáveis se não forem identificados e tratados. É importante observarmos no comportamento de nossos filhos, se não estamos os tratando como Narcisistas. Pais que exigem que seus filhos sejam os melhores da escola, mesmo sabendo que nota máxima nem sempre significa que o aluno absorveu todo conhecimento no referido tema, pais que exigem que o filho precisa ser o melhor da turma, o melhor no futebol, ou em qualquer outra atividade.
O narcisista também, pode causar feridas profundas quando, por exemplo, tem uma verdadeira obsessão pelo culto à beleza e nisso inclui aquele filho atleta, ou mesmo o filho que apresente características de machão e bem sucedido com o sexo oposto, principalmente como ele imagina ter sido, ou gostaria de ter sido, e transfere para o filho a realização de suas frustações. O mesmo se refere às filhas que são constantemente repreendidas e cobradas pelas suas roupas, cabelos e forma física. Pais assim podem tornar a vida desses filhos em um verdadeiro “inferno”.
São pais que quando identificam que seu filho não é o protótipo do que ele sonhou, simplesmente “abandona” esse filho. São filhos que por não corresponderem às expectativas dos pais, seja porque não trazem características de grande beleza ou forma física, de intelectuais, ou mesmo filhos que não correspondem às expectativas da sociedade no que se refere a gênero e sociedade, seja, ainda, filhos que apresentam deficiência no aprendizado, ou em casos mais severos doenças ou outros transtornos que façam desse filho “imperfeito”, o pesadelo para o pai que sonhou que seu filho fosse o centro das atenções e o vitorioso em tudo. Quantas vezes ouvimos pais falarem que os filhos dos amigos apresentam as melhores qualidades enquanto o seu filho é um “fracasso”? Provavelmente, com raras exceções, esses filhos desenvolverão feridas que podem inclusive, mesmo tradas, serem difíceis ou impossíveis de serem curadas.
Trago um conceito de Narcisismo da Psicóloga Anna Carolina Silva de Araújo, que traduz esse transtorno de forma muito compreensível para todos nós que não somos da área.
“O transtorno de personalidade narcisista é um padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia”. Uma pessoa que tem um transtorno de personalidade tem um padrão diferente – do que diz a norma social/cultural – de visão de si mesma, do mundo e do outro. Tendo uma inflexibilidade de pensamentos, em atraso do desenvolvimento psicológico, a inabilidade para reconhecer emoções e uma enorme dificuldade, ou incapacidade, de se importar com o outro..
——————— O Impacto do Narcisismo Materno. Instituto MaterOnline
Segundo a autora, a mãe narcisista é capaz de produzir muitos abusos sobre os filhos e gerar um intenso sofrimento e adoecimento psíquicos tanto no filho “escolhido”, como a psicóloga diz, ou ainda no “bode expiatório”, ou vítima.
Enquanto na(o) filho escolhido como o protegido (dourado), essa mãe, só consegue ver a si mesma, e suas vontades são as únicas que merecem atenção.
Para conseguir o que quer ela tripudia em cima de todos que passarem por seu caminho. É comum que a escolhida como o bode expiatório, seja uma filha mulher, por uma questão ainda de nossa cultura machista patriarcal que gera competitividade e inveja entre mulheres a todo momento, levando-se em consideração, principalmente as questões físicas. Mas, não só acontece com as filhas mulheres, também com os filhos homens (com foco nas questões sociais).
Quando o marido se torna ou já é uma pessoa omissa diante de todo o contexto de abusos e violências.
O transtorno narcisista é, segundo especialistas, resultado de uma falta de afeto que com o passar dos anos, passa a ser utilizado para encobrir o vazio emocional ou outros transtornos. Quando a mãe narcisista pratica violências físicas (agressões) e psicológicas (chantagens emocionais e manipulações) contra a(o) filha(o), é por não saber lidar com sua tristeza e falta de afeto. Acho que são nestes casos que a máxima bem popular que diz: só damos o que temos, se faz verdadeira. Por ter uma baixa auto baixa estima ela se esforça para humilhar e diminuir mais ainda seus filhos “escolhidos”, como nos referimos anteriormente.
Só relembrando: ser vítima de um pai ou uma mãe abusiva, pode acarretar diversas formas de sofrimento psíquico, como depressão, transtorno de pânico, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós traumático, transtornos alimentares, de personalidade (inclusive o narcisista, pois tem características de transgeracional), transtorno por uso de substancias, dentre outros.
Sei que é alarmante saber de tantos males que podemos causar a nossos filhos e filhas, nossos companheiros e companheiras, mas sobretudo a nós mesmos.
Espero que esta série de textos escrita com esse enfoque possa ter contribuído de alguma forma para melhorar e desiludir alguém. Pois só o conhecimento pode nos abrir as portas de nossa mente, e nos empoderarmos no sentido da tomada de decisões que venham a contribuir para uma vida melhor.
Espero sinceramente, que possamos alcançar dias e vidas mais felizes. Construídas a partir de nossa tomada de decisão. Pois ninguém, ninguém mesmo, pode fazer algo por nós, se não queremos, ou se não nos encorajamos para recomeçar. Seja uma relação amorosa, um trabalho, ou uma vida com nossos familiares.
Busquemos nossa felicidade o quanto antes. Pois o presente que Deus nos dá é o hoje, o agora. Saibamos aproveitar