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Yanomamis, a ponta do iceberg de um massacre secular

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Foto: Combate – Racismo Ambiental

O país ainda está sob o impacto do massacre em série, com requintes de crueldade, de vários membros da nação Yanomamis pertencentes aos povos originários do Amapá, das Guianas e adjacências.

O episódio cruel e macabro que assistimos, além de chocar a nação brasileira pela violência explicita, serviu para escancarar a devastação da amazônia, feita também por garimpeiros, esses à soldo de grandes mineradoras.

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O espetáculo macabro da chacina dos Yanomamis, mostrou de forma nítida e clara, a total indiferença e o indisfarçável acumpliciamento de uma fiscalização displicente. A responsabilidade recai principalmente sobre o general Mourão que acumulava o cargo de vice-presidente da república, juntamente com a presidência do Conselho Nacional da Amazônia Legal – CNAL Enfim o responsável maior que é o ex-presidente Jair Bolsonaro. O nosso olhar de leigo considera-os todos culpados.

A agressão aos Yanomamis teve motivação de ordem econômica e foi precedida de mais uma das muitas devastações ambientais que vêm sendo perpetradas contra a floresta amazônica e alcançou uma deplorável repercussão internacional.

A eliminação em massa de uma nação inteira é apenas a ponta de um iceberg criminoso que esconde na sua base o grande massacre secular, de viés econômico, a que vêm sendo submetidos os povos originários das três américas.

A chegada dos colonizadores ingleses na América do Norte e dos colonizadores espanhóis e portugueses na América Latina, as vezes dividindo espaço com holandeses e franceses, determinaram o início de uma longa incursão invasiva ao longo de todo território das três américas.

Longe de ser apenas uma invasão territorial para a exploração econômica dos recursos naturais e da terra, os chamados descobridores não se conformaram e foram além.

Interferiram no idioma nativo, na religião politeísta que professavam, nos usos e costumes, na educação, na forma de organização social e na cultura dos povos originários. Essas interferências ocorreram inicialmente de forma aparentemente amistosa, para depois, através de uma brutal violência ainda hoje presente, decidiram eliminá-los fisicamente enquanto nação. O resultado foi um massacre radical e cruel que reduziu numericamente e de forma considerável, nações inteiras.

A lenda do descobrimento das Américas, foi sustentada ao longo dos séculos pela historiografia oficial, para permitir ao colonizador a apropriação material, cultural e religiosa dos povos originários. Destarte, precisamos ter sempre presente que, quando Cristovam Colombo desembarcou na América Central e Cabral atracou em Porto Seguro já deram de cara com as chamadas “civilizações pré-colombianas.”

A civilização Maia é considerada a mais antiga delas, e teve o seu auge entre os anos 250 D.C a 900 D.C. Ocupava a província mexicana de Yucatán, que tem de um lado o Mar das Antilhas compartilhado com a América Central, e do outro lado o Mar do Caribe. Os Maias eram uma civilização muito avançada. Tinham uma cultura própria, eram politeístas e tinham aptidões que pontificaram no campo das artes, da arquitetura, da matemática, da astronomia, da elaboração de calendários etc. Viveram no Sul do México e no norte da América central.

A civilização Asteca pontificou no vale central do México entre os séculos XIV e XVI com uma população estimada de 11 milhões de pessoas. Foi acometida da bactéria causadora da febre tifoide, provavelmente trazida pelos espanhóis e o fato é que entre 1545 e 1550, 80% dos astecas tinham morrido.

A “segunda bactéria” um espanhol de nome Hernan Cortês, que houvera desembarcado no vale do México em 1521, através de uma violência brutal, completou o serviço inacabado pela febre tifoide.

A presença fecunda dos astecas se perpetuou através da arquitetura monumental, da construção de palanques, da construção de rampas de transportes, da construção de represas e de obras de irrigação.

A civilização Inca povoou a cordilheira dos andes, muito antes da chegada dos espanhóis e dos portugueses à América.

Vejamos o que nos diz a história sobre ela:

“Os incas não eram uma tribo ou uma nação. Eram uma família poderosa que, desde o ano 1.200 d.C., governou um reino que tinha sua capital na cidade de Cuzco (Peru). Ao longo dos três séculos seguintes, os incas ampliaram seus domínios sobre as várias tribos existentes no oeste da América do Sul, onde se localizam as altas montanhas da Cordilheira dos Andes….      veja mais em:  Incas – Civilização Inca construiu império na cordilheira dos Andes… –

Citamos anteriormente as civilizações pré-colombianas mais famosas e destacadas pelos registros da história oficial. Contudo é necessário enfatizar que existiram além delas, outras tantas civilizações pré-colombianas que antecederam o desembarque de Cristovam Colombo na região das Antilhas em 12 de outubro de 1492.

Guaranis, Tupinambás, Tupis, Aruak, Karib, Apaches, Shawees, Navajos, Cherokees, Comanches, e as suas derivações.

Diante da constatação inquestionável da existência dos povos originários que povoavam as três Américas antes da fase pré-colombiana, não há o menor sentido falar em descobrimento da América por Cristovam Colombo ou descobrimento do Brasil por Pedro Alvares Cabral. Insistir nessa tese é continuar a enganar-se e reduzir o papel valoroso dos povos originários, por pura conveniência ou má fé.

A história das américas é uma longa narrativa de exploração, muito bem narrada por Eduardo Galeano no seu livro magistral: As Veias Abertas da América Latina, uma leitura que recomendamos, já que o espaço desse artigo seria insuficiente.

Ao invés de descobrimento o verbete adequado seria invasão. Sim, as Américas foram invadidas por colonizadores europeus que tinham o intuito único da pilhagem de suas inúmeras riquezas. O processo de exploração se transfigurou ao longo do tempo, mas ainda hoje existe e de forma muito mais aprofundada, não se enganem.

Por mais brutal que tenha sido o massacre praticado contra a nação Yanomamis, por mais que haja necessidade urgente de uma ação reparadora, por mais imperativa que seja a remoção de todas ameaças existentes ao bioma onde eles vivem, não podemos perder de vista que o garimpeiro está para o garimpo como a chamada mula esta para o tráfico de droga. Eles garimpam para a venda ou para o escambo, estão a serviço de grupos econômicos fortíssimos e ai de quem se atravessar na sua frente.

O massacre sangrento e cruel praticado contra a nação Yanomamis, foi mais uma das muitas facetas da exploração capitalista que passa por cima de tudo e de todos no seu curso. Não se iludam, as investidas poderão até mudar de endereço, mas com certeza eles irão tentar voltar e podem até mudarem as moscas, mas o pirão irá ser sempre o mesmo.

Eduardo Galeano escreveu com muita propriedade:

Traduzindo:

“Em 1492, os nativos descobriram que eram índios, descobriram que viviam na América, descobriram que estavam nus, descobriram que existia o pecado, descobriram que deviam obediência a um rei e uma rainha de outro mundo e a um Deus de outro céu, e que esse Deus havia inventado a culpa e a vestimenta, e havia mandado que fosse queimado vivo quem adorasse o sol, e a lua, e a terra, e a chuva que molha.”

Para concluir devemos lembrar que o trabalho de proteção  dos povos originários em toda sua plenitude, é uma tarefa de todos nós. A solução não passa por uma ação isolada e pontual do presidente Lula, que vem trabalhando freneticamente para protegê-los, e para melhor  demonstrar essa prioridade, criou até um ministério.  Tem de ser uma ação permanente de quaisquer governante atual e do futuro. Quanto a Lula ele irá precisar muito de nós, o povo que o elegeu e até dos arrependidos, para frear essa ignominia bolsonariana, o maior equívoco eleitoral da nossa história.

 

 

 

 

 

Consulta:
Astecas – Toda Matéria (todamateria.com.br);
Ciboneis – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org);
O problema das contas públicas tem nome: Sistema financeiro (epublico.com.br);
https://www.google.com/search?q=povos+originarios+das+tres+americas;
Enterrem meu coração na curva do rio- Dee Brown;

Fotografias:
Astecas e Maias questions & answers for quizzes and tests – Quizizz;
Histo é História: MAIAS (dougnahistoria.blogspot.com);
Terra Indígena Yanomami é a área protegida mais pressionada da Amazônia – ((o))eco (oeco.org.br);
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/tom-farias/2023/01/situacao-dos-yanomamis-e-parte-do-projeto-de-extincao.shtml;
Deputados do PT protocolam representação criminal contra Bolsonaro por genocídio (diariodegoias.com.br)

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