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Socialismo utópico ou socialismo científico?

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O iluminismo foi uma corrente de pensamento surgida na idade média e da qual brotaram diversas correntes filosóficas. Entre elas estão os socialismos. (pluralizado por não ser um só)

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Há quem pense, equivocadamente, que as ideias socialistas são de autoria original de Karl Marx que nasceu no ano de 1818. Naquela época, o ideário iluminista do qual derivam os socialismos, já estava em voga através dos pensadores: Descartes, Bacon, Locke e Newton.

Todas as teorias que foram surgindo a partir de então, eram originárias da matriz de pensamento filosófico geral, sob a conhecida batuta de: Sócrates, Platão e Aristóteles. As suas variações ficaram por conta de: Maquiavel, Diderot, Santo Tomaz de Aquino, Hegel, Marx, Engels, Proudhon, Lênin, Santo Agostinho entre outros.

Fonte: POLITIZE!

A antropologia e a ciência política, foram berços das ciências naturais e deram origem à: história, geografia, filosofia, sociologia, cujo estudo por parte do povo, tem provocado, ao longo do tempo, a grande dor de cabeça da classe dominante.

Essas ciências, consideradas luzes que clareiam a realidade são tidas como  ameaça  ao aparelho de estado burguês que faz uso da arraia miúda terceirizada, para desqualifica-las e reduzi-las  até com a  exclusão de algumas delas da grade escolar como aconteceu no obtuso governo Bolsonaro.

Por cultuar a ideologia da dominação, a burguesia pode até não saber explicar o porquê desse medo. Mas com certeza ela sabe reduzir, sabe desclassificar e sabe até proibir o estudo dessas ciências sociais, por considera-las heréticas.

Temem eles que o estudo das relações humanas desperte nos explorados o sentimento de libertação, a ponto de acionar o gatilho da revolta das massas exploradas. Aqui no Brasil, a opressão de classe vem de longe e o exemplo mais recente foi a gestão opressora e desastrada do ex-presidente Jair Bolsonaro que ainda apresenta sequelas como as do fim de semana passado.
Pelos registros históricos, os estudiosos e  pensadores  tiveram de enfrentar ao longo do tempo, um intenso debate para fazer valer as suas ideias.

Um bom exemplo de elaboração de conteúdo e  de resistência, é o do filósofo Karl Marx, que travou o seu primeiro embate intelectual quando ainda era estudante. Na sua fase juvenil e com apenas 25 anos de idade, Marx escreveu um artigo, em 1843, cinco anos antes do lançamento do famoso  manifesto comunista, que acabou virando livro, denominado:

Critica da Filosofia do Direito de Hegel. Nessa obra ele ousou contestar um ícone como Friedrich Hegel, seu professor.

Surgida na Europa, a corrente de pensamento iluminista foi um movimento político-intelectual que emergiu no século XVIII, o chamado século das luzes. Tecia críticas ácidas ao absolutismo pela falta de liberdade dos seus governos, que tinha como expoentes os pensadores: Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Adam Smith.

Se é verdade que criticavam o absolutismo propondo a limitação do poder real, é também verdade que criticavam o mercantilismo e a intervenção do estado na economia. (tese defendida por Adam Smith)

Áreas específicas como a religião, a economia, a cultura e a sociedade como um todo, tiveram forte influência do iluminismo.

Do pensamento de Jean Jacques Rousseau e dos seus discípulos, derivam as vertentes mais expressivas do socialismo que são: o socialismo utópico e o socialismo científico, esse sim, defendido com muita convicção por Karl Marx.

O socialismo utópico foi a primeira fase do ideário socialista e teve como defensores: Saint Simon, Fourier e Robert Owen e tinha caráter reformista. Os defensores dessa corrente de pensamento acreditavam na reforma e no abrandamento do sistema capitalista, propondo uma mudança de regime baseada na negociação pacífica entre a burguesia e o proletariado. Esqueceram de combinar com os russos como diria o indefectível Garrincha.

Em que pese pregarem a defesa da igualdade, alguns deles como Rousseau, ao perceber a prática  selvagem das relações de trabalho impostas  pela primeira revolução industrial, tornou-se um crítico severo do modelo, chegando a afirmar que:

É nesse cenário de vacilação ideológica que surge o socialismo cientifico proposto por Marx e assim definido:

“O socialismo cientifico foi uma teoria desenvolvida por Marx e Engels que tinha como base a crítica ao capitalismo e a concepção materialista dos processos históricos. Para eles, o lado econômico da história deveria ganhar protagonismo, afinal, a produção econômica seria a base de toda ordem social.

Para Marx e Engels, suas ideias não propunham um modelo ideal para a sociedade, mas sim faziam críticas ao capitalismo evidenciando a luta de classes, que é o motor da história. Essa evidencia seria o suficiente para promover uma revolução, liderada por proletários e comunistas, que questionaria o sistema capitalista.

Para eles, toda sociedade é dividida em classes e o que move a história é a disputa entre elas. Essa disputa onde uma domina a outra, é a chamada Luta de Classes.”

Em sendo uma teoria nova e, considerando o grande número de países existentes no universo, o socialismo cientifico ainda não teve uma expansão correspondente à sua eficácia como modelo econômico.

Além do mais, nos países em que foi implantado, à exceção de três deles, não conseguiu se consolidar. Foi o caso da União Soviética e dos países do leste europeu, além de alguns países da América Latina.

Fonte: História do Mundo

Outro aspecto curioso a considerar e que surpreendeu o próprio Marx, foi o surgimento do socialismo em países periféricos, de economia atrasada, considerados de terceiro mundo. Ainda não houve nenhuma experiência do socialismo cientifico em países centrais, a não ser a efêmera Comuna de Paris, em 1871, que a propósito foi o primeiro governo popular da história.

Era composta majoritariamente por operários e chegou a governar a França por 71 dias. Por um erro de estratégia política e revolucionária, sofreu uma fragorosa derrota, que redundou na morte de mais de 20 mil comunards.

Marx chamou a Comuna de Paris de “O assalto aos Céus.” Criticou o improviso, o amadorismo e a precipitação dos comunards, mas nem por isso deixou de dar todo seu apoio moral e político à iniciativa pioneira, que a rigor foi um laboratório.

Se voltarmos o nosso olhar para épocas mais recentes, iremos constatar que em alguns países existem partidos de viés socialista como é o caso do PT no Brasil, e dos Partidos Socialistas  da França, da Espanha, da Itália e de Portugal. Partidos esses que continuam insistindo numa via pacífica, como o caminho  ideal para o alcance do socialismo. Uma utopia de caráter reformista, onde o acesso é através do voto.

Acreditam numa pactuação pacífica entre a burguesia e o proletariado, cá pra nós, um devaneio protelatório com vários exemplos de fracassos temporais e espaciais.

Fonte: Geografia política e geopolítica

Nem os exemplos de fracassos históricos do socialismo utópico, como os que ocorreram na Guatemala, no Chile, no México, na Nicarágua, Venezuela e Bolívia, foram suficientes para sugerir uma mudança de estratégia.

Salvador Allende, com a sua tentativa de via democrática ao socialismo, chegou ao governo do Chile com 36% dos votos no congresso e imaginou que poderia fazer um governo socialista.

Para tanto, colocou à parte a questão da luta de classes e tentou construir um governo pautado numa pratica democrática, a nosso ver ilusória, conquistada através do voto como já dissemos. Foi mais uma tentativa de reviver o fracassado modelo de socialismo utópico.

O resultado foi que o governo Salvador Allende, terminou sendo tangido pelo boicote e a sabotagem, para o golpe de estado mais sangrento da América Latina, com o assassinato cruel e covarde do presidente, dentro do próprio  Palácio de La Moneda.

Fonte: Agência Boa da Imprensa

O palácio foi bombardeado pelos aviões da força aérea chilena, obedecendo a uma estratégia adredemente preparada pela CIA e executada, pasmem, sob as ordens do próprio ministro da defesa do Chile, o sicário general Augusto Pinochet.

No Brasil atual, estamos numa fase transitória de pensamento que requer muita habilidade política do presidente Lula que ainda enfrenta sequelas deixadas pelo governo Bolsonaro.

O país acaba de sair de um governo desqualificado de direita ninado durante seis anos no berço do golpe parlamentar de 2016. Em 1° de janeiro de 2023 ingressou num regime popular e progressista, com um verniz de esquerda, sem maioria parlamentar no congresso nacional e, sem a necessária e tão importante garantia de governabilidade.

As eleições transcorreram num clima tenso que ainda perdura, recheado  de notícias falsas, (fake news) de intimidações, de ameaças veladas, de cooptação, de corrupção e de fraudes sem precedentes.

Em que pese a sua inquestionável liderança e carisma, o presidente Lula enfrentou um dos maiores esquemas de corrupção de que se tem notícia na história do Brasil. Venceu as eleições em primeiro e segundo turno, com uma margem apertada, mas não conseguiu obter, como já frisamos, a maioria parlamentar que lhe assegurasse a tão necessária governabilidade.

Depois do pleito, foi necessária uma morosa e maçante articulação política, para buscar através de uma negociação difícil, o apoio de alguns partidos conservadores de direita, na base do toma lá dá cá.

Um preço muito alto para alcançar a necessária maioria no congresso nacional, que foi negada nas urnas pelos mesmos eleitores que deram a vitória a Lula.

No bojo das negociações políticas foi preponderante a troca de apoio no congresso por ministérios ou cargos no novo governo, recebendo como contrapartida das agremiações partidárias, a entrega dos votos necessários para aprovar as propostas do governo que se instala.

Essa operação cata voto, praticamente obrigou o presidente Lula a preterir na composição do seu governo, históricos e leais companheiros de caminhada, que sempre lutaram juntos pela construção de um projeto para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.

A grande contradição nisso tudo além de uma grande ironia do destino, é que a locomotiva do chamado centrão é um tal de União Brasil que elegeu a maior bancada do congresso, e recebeu em troca três ministérios.

O ex-juiz e hoje senador eleito Sérgio Moro filiado ao União Brasil, foi verdugo do presidente Lula e, escalou a montanha do golpe de 2016 para através da farsa da operação lava-jato colocar Jair Bolsonaro na presidência da república.

A pergunta que não quer calar é a seguinte: será que Sérgio Moro irá mesmo entregar o voto dele no congresso, já que como senador eleito ele faz parte da aliança com o União Brasil?

Como já vimos e assistimos muitas coisas ao longo da vida, vamos pagar para ver mais essa. Ou seria blefe?

Apesar de todos esses percalços, de toda operação de conciliação feita pelo presidente Lula, tenhamos sempre presente que a sua eleição por si só, não fez com que a classe operária dominada chegasse ao paraíso. Aprendamos de uma vez por todas que o voto não se cinge apenas ao executivo. O voto parlamentar é tão ou mais importante. Aprendamos de uma vez por todas a separar o joio do trigo!

Tenhamos também em mente que o presidente Lula vai precisar da força do povo, não apenas agora no oba, oba, mas durante todo seu mandato. E que seremos nós, o povo, que iremos peitar o congresso quando se fizer necessário, lembrando que o político afina a viola com o toque que vem das ruas!

Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados Unidos, cunhou uma frase famosa pela ótica do poder dominante, diametralmente oposta ao nosso ponto de vista. Nos permitimos inverter o sentido da frase de Jefferson e repeti-la pela ótica dos explorados:

“O preço da liberdade é a eterna vigilância!”

Portanto vigiemos atentamente todos os passos das hienas inimigas do povo, as quais no dizer de Bertolt Brecht:

“A cadela do fascismo está sempre no cio.”

Pense muito nisso, notadamente depois dos episódios de ontem, dia 08 de janeiro de 2023, sete dias apenas após a posse!

Resistencia e enfrentamento devem ser as nossas palavras de ordem!

 

 

 

Consulta:
Socialismo Utópico. Características do Socialismo Utópico (historiadomundo.com.br);
Iluminismo :: Sabedoria Política (sabedoriapolitica.com.br);
Comuna de Paris: o que foi, contexto, consequências – Brasil Escola (uol.com.br);
Iluminismo: o que foi e qual a sua importância? | Politize!;
Crítica da Filosofia do Direito de Hegel (marxists.org);

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