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Os donos da terra

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Diante dos fatos ocorridos nestas ultimas semanas, ou melhor, o que foi descoberto nestes últimos dias me deixaram perplexa, acredito que não fui a única, e não poderia deixar de dedicar este artigo aos nossos irmãos Yanomami.

Nosso texto estava já sendo escrito, e havia decidido falar de Amor na sua maior expressão.

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No entanto, uma amiga me enviou um texto de Frei Beto, cujo título é “Carta de Quaresma 2022. Logo em seguida, recebi, também de um grande amigo, um vídeo de Milton Nascimento chamado “Yanomani e nós”. Com estas duas “chamadas”, pensei: qual a melhor forma de falar de amor, se não essa, em que me junto a milhões de pessoas do mundo inteiro que se sentiram incrédulos ao verem as imagens de algumas pessoas desse povo originário na situação que foram levados por ações de um governo que teve como lema palavras como : família, pátria e Deus.

Na verdade, enquanto o homem não parar de explorar a natureza, não deixar sua ganância e sua prepotência, continuaremos a ver e a saber de acontecimentos como estes. Não é mais possível! Somos humanos ou não?

No vídeo de Milton Nascimento, de 1991, portanto com mais 30 anos – a música fala de dor, mas não acredito que alguém pudesse prever que a dor falada na música iria, tempo depois, ter tanta repercussão em nós que ainda temos humanidade e somos capazes de sentir o sofrimento de outro irmão. Chamo de irmão, não porque somos ligados por uma religião, mas porque somos filhos de um mesmo Pai, ao qual eu chamo de Deus. Cada um pode chamá-Lo, de outras maneiras, mas garanto que em qualquer língua, em qualquer forma ou prática religiosa, o Deus que aprendi ser “A inteligência Suprema e causa primária de todas as coisas”, não ensinou ou pregou que se podia deixar um filho Seu nas condições que se encontram esses povos. As pessoas ou coisas que permitiram ou contribuíram para que isso acontecesse, não merecem, esses, serem tratados como humanos, porque acredito que se esqueceram que são humanos como todos os outros. Acho que podemos considerá-los alguma aberração que pousou neste planeta, vindo nem sei de qual mundo. Minha indignação é tão grande, que estou tentando ser um pouco mais suave ao usar minhas palavras, mas a dor que sinto neste momento, pode não me permitir fazê-lo.

A poesia de Milton Nascimento diz:
“Ter de resisti à dor, à dor.
Sem compreender por que à dor, à dor.
Ter de suportar viver à dor, à dor.
E sem merecer à dor, à dor.
Se é esse o meu destino, quem é o algoz que o traçou.(…)
Que a felicidade da cidade não tem que o mato matar”.

Que tipo de amor é esse, que tipo sonha fazer isso, quem é esse que não aprendeu a ser solidário ao ver seu irmão como a si mesmo? Que prazer sente um ser humano a fazer as maiores atrocidades a outro ser humano?

Lendo a Carta de Frei Beto, resolvi apresentar quem é esse povo, porque parece que parte da nossa população que deu seu aval através do voto para fazer isso, se esqueceu em que mundo vivemos e que todos nós merecemos respeito e dignidade. Sinto muito mesmo. Pensando do ponto de vista espiritual, o que não viverão esses algozes ao fazerem isso com seres criados por Deus, o que passarão, para se redimirem com Mãe Natureza para corrigir tamanha maldade com seus irmãos.

Vamos conhecer um pouco mais da Carta de Frei Beto, que nos apresenta quem são esses povos.

Este ano (2022), a Campanha de Quaresma será dedicada aos povos originários que habitam a Terra Indígena Yanomami (TIY), com cujos líderes mantenho contato. Em maio deste ano, completará 30 anos da sua homologação. Localizada entre Roraima e Amazonas, a TIY é a maior área destinada a povos indígenas no Brasil, com 9,6 milhões de hectares de floresta. Nela vivem 700 pessoas da etnia Ye’kwana e, aproximadamente, 26 mil indígenas da etnia Yanomami, distribuídos em 321 aldeias.

Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas do planeta que ainda mantêm seu modo de vida tradicional. Constituem um conjunto cultural e linguístico composto por seis idiomas diferentes: Yanomam, Yanomami, Sanöma, Ninam, Yaroamë e Yanoma.

Nos esclarece ainda Frei Beto, que o povo Yanomami são caçadores-agricultores e foi um dos povos que tiveram contato mais recente com a sociedade não indígena.

Esse contato se deu a partir da segunda metade do século XX, e desde esse contanto, esse povo passou a sofrer com várias epidemias que levaram a morte comunidades inteiras.

Este grupo de caçadores-agricultores é considerado povo de contato recente. O contato com a sociedade não indígena passou a ocorrer na segunda metade do século XX. E logo foram marcados por epidemias que dizimaram muitas comunidades. “Entre 1974 e 1976, a abertura da Perimetral Norte impactou severamente os grupos que habitavam as margens dos rios Ajarani e Lobo D´Almada. Na década de 1980, o território Yanomami foi invadido por 40 mil garimpeiros, o que causou a morte de um grande número de indígenas e fortes impactos ambientais. Após a homologação da TIY, em 1992, e implementação de atendimento de saúde, houve crescimento populacional. Contudo, nos últimos anos há, novamente, invasão da TIY.

Frei Beto fala que o Sistema de Monitoramento do Garimpo Ilegal na Terra Indígena Yanomami indica que, em 2020, o garimpo avançou 30% naquela área. Foi o ano em que se expandiu com maior intensidade. Entre janeiro e agosto de 2021, o crescimento das cicatrizes de garimpo na TIY foi de 694,61ha, totalizando 2.933,95ha destruídos. O acréscimo corresponde ao aumento de 31% em relação a dezembro de 2020, e supera o total observado durante todo o ano de 2020, que foi de aproximadamente 500 ha.

A degradação dos rios, a falta de alimentação própria de sua cultura alimentar, o peixe e a caça; talvez como uma maneira de fugir de tanta humilhação e degradação, os indígenas se entregaram ao consumo do álcool e das drogas, principalmente onde o garimpo é mais intenso. Não se pode deixar de falar do aliciamento das lideranças, o aumento de conflitos com o uso de armas com garimpeiros, o estupro e a prostituição de mulheres indígenas, tudo isso acontecendo com a falta de acompanhamento e fiscalização dos órgãos governamentais, nos leva a pensar, que nada dessa tragedia, acontece por acaso, mas por descaso, desrespeito, desumanidade; existe informações que mais de 20 mil garimpeiros atuam ilegalmente, é claro, no TIY.

Em junho de 2020, dois Yanomami da comunidade Xaruna, região do Parima, foram assassinados por um grupo de garimpeiros armados. Outros assassinatos foram noticiados envolvendo também, garimpeiros.

Se nesse espaço fossemos dedicar a uma pesquisa dos assassinatos, de crianças que ao tentarem fugir do horror em que viviam foram mortas por afogamento e tantos outros casos, teríamos muito mais a informar. No entanto, não é esse nosso objetivo neste momento.

O que queremos trazer à tona são as discussões com a sociedade, que se tornam urgentes o desenvolvimento de políticas verdadeiras de proteção aos povos originários, sejam de qualquer etnia sem nos importar de onde vieram. A sociedade e os poderes constituídos não podem mais deixar que tragédias como estas divulgadas nestes últimos dias possam voltar a acontecer. É urgente, urgentíssimo, que possamos nos empoderarmos de instrumentos em prol da defesa não só dos povos originários, mas de um grande número de brasileiros que precisam de socorro urgente. Fala-se em genocídio. Se for, que os responsáveis sejam devidamente responsabilizados, para que tragédias e descasos com a vida humana deixem de acontecer.

 

Os povos indígenas tiveram papel de suma importância na formação da biodiversidade encontrada na América do sul. Segundo o Antropólogo Tiago Moreira dos Santos, plantas, por exemplo, surgiram como produto de técnicas indígenas de manejo da floresta, como a castanheira, a pupunha, o cacau, o babaçu, a mandioca e a araucária. No caso da castanha-do-pará e da araucária, estas árvores teriam sido distribuídas por uma grande área pelos povos indígenas antes da ocupação europeia no continente. E ainda: estes povos desenvolveram formas de manejo adequadas e que têm se mostrado muito importantes para a conservação da biodiversidade no Brasil. Esse manejo incluiu a transformação do solo pobre da Amazônia em um tipo muito fértil, a Terra Preta de Índio.

Estima-se que pelo menos 12% da superfície total do solo amazônico teve suas características transformadas pelo homem neste processo. Devemos a estes povos a formação de diferentes paisagens no Brasil, seja na Amazônia, no Cerrado, no Pampa, na Mata Atlântica, na Caatinga, ou no Pantanal. Os povos indígenas sempre usaram os recursos naturais sem colocar em risco os ecossistemas.

No momento em que os cientistas chamam a atenção para o declínio da biodiversidade e da diversidade de plantas cultivadas, a agro biodiversidade tem os povos indígenas como guardiões fiéis. O Alto Rio Negro é um grande centro de diversidade de plantas cultivadas, sendo que o sistema agrícola dos índios dessa região foi reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil.

Nos últimos anos, não são os Yanomami tem sofrido para proteger a biodiversidade no Norte do País

Invasores – muito deles vindos do garimpo ilegal – têm provocado a destruição de áreas anteriormente protegidas pelos povos originários, como os territórios Kayapó e Munduruku, no Pará, e o, em Roraima e no Amazonas. Segundo um estudo do MapBiomas divulgado em abril do ano passado, a área destruída pelo garimpo ilegal em terra indígena era de 58,4 hectares em 2016. Em 2021, cinco anos depois, o número chegou a alarmantes 2.409 hectares – um número 41 vezes maior.

O Brasil ainda não pagou sua dívida com os nossos irmãos que vieram de vários pontos da África para aqui serem escravizados, as mulheres e crianças estupradas e mortas como seres não pertencentes a raça humana.

Agora, mais uma vez, nos deparamos com homens, que em meu entendimento não merecem serem assim classificados, porque a raça humana, assim como todos os seres da natureza, foi criada por Deus. E nós homens, que desenvolvemos nosso pensamento, e deixamos de agir por instinto, exatamente para proteger os que ainda não chegaram a nossa posição, estamos esquecendo para que e porquê fomos criados, estamos voltando a nos tornar bárbaros. Apoiados por outros igualmente bárbaros e desumanos. Não podemos deixar de nos indignar e fazer de conta que tudo está bem… não podemos permitir que isso aconteça.

Falo sempre em religiões, em espiritualidade. Mas não importa a qual pertencemos. Não podemos esquecer do maior de todos os ensinamentos do Cristo Jesus. “Amai-vos”! O que estamos fazendo, não é a aos povos originários, ou quaisquer outros povos, estamos fazendo com outros humanos igualmente a nós, que pela Lei de Causa e Efeito, não ficaremos impunes. O Brasil precisa mudar, e só se muda uma nação, quando passamos a olhar o outro, como precisamos olhar para nós mesmos. Precisamos cuidar e ser cuidados, precisamos amar e sermos amados, precisamos de Leis. Por isso veio Moisés. Quando suas Leis não foram suficientes para abrandar e apaziguar os corações desumanos, veio o Filho de Deus para nos ensinar a amar.

 

Consulta:[1] . ( https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2022/08/09/o-que-sao-terras-indigenas-e-qual-a-importancia-delas-para-o-meio-ambiente.htm . Acesso 26/01/2023.

Fotos: Internet/ Divulgação

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