A frase que empresta título a este artigo é de autoria de William Shakespeare e foi usada na peça teatral, Hamlet, escrita por ele, que versa sobre uma tragédia de vingança.
“A peça situada na Dinamarca, reconta a história de como o príncipe Hamlet tenta vingar a morte do seu pai, Hamlet, o rei, executado por Claudio, seu irmão que o envenenou e em seguida tomou o trono casando-se com a rainha. Hamlet está entrando em cena quando começa um monólogo. A frase de abertura do monólogo é: Ser ou não ser, eis a questão! Por mais que a pergunta pareça complexa, na verdade é muito simples.
Ser ou não ser é exatamente isso: existir ou não existir e, em última instância, viver ou morrer.”
Mutatis mutandis é mais ou menos o que vem ocorrendo na fase de transição que antecede à posse do novo presidente da república. Quando da vitória de Lula, que foi consolidada no segundo turno da eleição do dia 30 de novembro próximo passado, todos os meios de comunicação foram quase que unanimes em enaltecer o feito, cantando em verso e prosa a sua saga e a sua capacidade de superação ao longo da vida.
Vale lembrar que Lula foi preso sem resistência, na noite do dia 07 de abril de 2018, uma prisão sem nenhuma prova concreta, que obedeceu a um típico caso de Lawfare, ponta do iceberg de um projeto de poder posto em pratica pela classe dominante.
O calvário de Lula, estendeu-se por longos 580 dias, terminados em 08 de novembro de 2019 com a meta alcançada pelos seus algozes, ou seja, afastá-lo das eleições de 2018, à qual concorreria como candidato imbatível, a presidência da república.
No período que antecedeu à sua prisão, Lula foi vítima de uma campanha sórdida, vil e covarde, que visava tão somente desconstruir a sua imagem de homem público, tendo como efeito, o encerramento precoce e definitivo da vida pública da maior liderança de massa deste país, e uma das maiores lideranças do mundo.
O Lawfare, inaugurou uma prática que teve início com a fatídica e desmoralizada Operação Lava-Jato, e recebeu o apoio efetivo de grande parte da imprensa oficial, coadjuvada pelo trabalho sujo das milícias digitais.
Foi deflagrada uma intensa campanha difamatória, que visava demoniza-lo perante a opinião pública e inabilita-lo politicamente. Apartada da verdade e do princípio da imparcialidade, subestimaram a capacidade de superação de Lula e imaginaram vence-lo pelo desalento ignorando a sua (dele) resiliência.
Na campanha eleitoral de 2022, Lula enfrentou e venceu o maior esquema de corrupção de que se tem notícia na história da república. Isso provocou uma mudança 180° na “opinião” da mídia oficial, braço ideológico da superestrutura do estado burguês.
As redações dos noticiosos, celebraram euforicamente o resultado do pleito, indiferentes às ordens e à represália dos grandes capitães da imprensa. Afinal de contas uma boa parte dos jornalistas que fazem o dia a dia das redações dos noticiosos, são profissionais íntegros que sofrem a pressão dos capitães da imprensa oficial.
Qualquer pessoa medianamente informada, que vem acompanhando com uma visão crítica a atuação do atual governo, sabe que ele levou o país à bancarrota.
Mesmo com todo esse desastre administrativo e ao fim do mandato, o atual presidente da república insiste em permanecer no cargo mesmo derrotado nas urnas. Juntamente com os seus seguidores ele tem promovido e estimulado ameaças, tem provocado a desarmonia entre os poderes, tem intimidado, tem agredido pessoas humildes, tem afrontado as instituições, e o pior, tem se insurgido contra a decisão soberana do povo, numa característica tipicamente sui generis dos ditadores.
Depois da eleição de Lula, tudo ia fluindo em ritmo de lua de mel com a imprensa, quando o presidente, resolveu fazer um pronunciamento público no Centro Cultural do Banco do Brasil que foi o gatilho da mudança de opinião da mídia a seu respeito. A fala de Lula foi o gatilho que abalou os fundamentos do modelo econômico ultraneoliberal vigente neste país, e usado de forma aprofundada e ostensiva no atual governo.
Disse ele:
“Se quando terminar esse mandato cada brasileiro tiver às três refeições, outra vez terei cumprido a missão da minha vida.”
Tomado pela emoção e recordando as suas origens de nordestino tangido pela seca ele continuou:
“Jamais esperava que a fome voltasse nesse país. A única explicação é que falta compromisso dos governantes”, enfatizou. Será no CCBB onde acontecerão as reuniões do governo de transição.”
Por fim a indignação em forma de desabafo, que foi a gota d’água:
“Por que as pessoas são levadas a sofrer para garantir a estabilidade fiscal desse país? Por que se fala o tempo todo em cortar gastos? Por que as pessoas que discutem estabilidade econômica não discutem também com seriedade a questão social desse país? Por que a gente tem meta de inflação e não tem meta de crescimento?”
Ora, ninguém faz omelete sem quebrar os ovos e é obvio que o financiamento de políticas públicas requer recursos. Recursos para enfrentar o desemprego, recursos para enfrentar a fome e a miséria iniquidades agravadas no atual governo e que levou mais da metade da população à insegurança alimentar e que lançou 33 milhões de pessoas na fome e na miséria absoluta. É evidente que esses recursos devem vir do tesouro nacional e pertencem ao povo, inclusive aos famintos. Ponto!
Os defensores do establishment, além de torcerem o nariz para para as propostas de Lula, sinalizaram para a imprensa oficial e as milícias digitais o fim da trégua. Começaram a surgir críticas e cobranças de posições e atitudes do presidente Lula sempre em defesa do modelo ortodoxo de economia, recheadas de críticas à escolha do ministério no tocante a área econômica, insinuando incompetência dos escolhidos
Examinemos os nomes escolhidos pelo presidente Lula, dos cinco primeiros nomes irão ocupar as pastas que cuidam diretamente de importantes instancias de governo, tanto no aspecto interno quanto no aspecto externo além do encaminhamento dos fortes anseios da sociedade como um todo. São eles:
Casa Civil-Rui Costa: economista, político militante, foi governador do estado da Bahia eleito em 2014 e reeleito em 2018. Metalúrgico, dirigente sindical, vereador, deputado federal, governador operoso e agora ministro de estado. Desnecessário é cobrar competência em Rui Costa para o exercício do cargo. Como sabemos, é da competência da Casa Civil assistir diretamente ao presidente da república no desempenho geral das diversas atribuições políticas e administrativas do governo.
Defesa-José Mucio Monteiro: engenheiro civil, político de longa militância, deputado federal por cinco mandatos, secretário de estado em Pernambuco, ex Presidente do Tribunal de Contas da União TCU. Um operador e mediador político de larga experiência.
Fazenda-Fernando Hadad: acadêmico, advogado, político e professor, mestre em economia, doutor em filosofia, analista de investimentos, secretário municipal, prefeito de São Paulo e candidato ao governo daquele estado. Hadad é tudo quanto o presidente diplomado Lula queria de um ministro de uma pasta tão importante como a da fazenda.
Justiça e Segurança Pública-Flávio Dino: advogado, politico, professor, ex-magistrado, ex-governador do Maranhão, ministro da Justiça e segurança Pública.
Flavio Dino é o exemplo de quem sabe fazer porque já fez, e que sempre se portou como exemplo de mediador que leva a discussão ao último estágio antes de fazer valer sua autoridade de juiz.
Relações Exteriores-Mauro Vieira: advogado, diplomata de carreira formado pelo Instituto Rio Branco, embaixador na Croácia, ex ministro das relações exteriores, agora novamente nomeado com o aval de Celso Amorim que dispensa comentários.
Desnecessário ressaltar a importância da diplomacia externa que abriu as portas do mercado oriental para o Brasil, dependente umbilical do comercio exterior com os Estados Unidos da América-USA, pelo fortalecimento do Mercosul, e o nosso ingresso nos BRICS.
Mediante o exposto, podemos assegurar que os críticos à escolha da equipe de governo do presidente Lula, padecem de desconhecimento total dos fatos, ou estão sendo induzidos a essa avaliação equivocada; ou estão agindo deliberadamente de má fé.
É para as duas primeiras reações que nos dirigimos através da fala ou da escrita.
Para encerrar citaremos em seguida um exemplo do recrudescimento do ódio a Lula expresso numa abordagem que nos foi feita na academia de ginástica que frequentamos, numa das madrugadas da semana passada.
Os colegas estavam numa animada roda de conversa onde o tema era os nomes que estão sendo escolhidos para compor a equipe que vem sendo montada por Lula. Na conversa surgiram opiniões tipo:
-A equipe deveria ser composta por nomes diferente daqueles que convivem com Lula!
-Outro dizia preferir a indicação de pessoas com as quais ele nunca tenha trabalhado!
-Outro, alinhado e aliado do governo moribundo, menos cauteloso, nivelou todos por baixo e disse que nada até agora satisfaz ao mercado!
Ouvíamos tudo em silêncio e sem nos intrometer no papo “dos especialistas”, afinal a conversa era entre eles. Aí resolveram pedir a nossa opinião. Já estávamos de saída e resolvemos não perder a oportunidade e respondemos:
-Nem Lula, nem nenhum governante, irá escolher auxiliares fora do seu convívio político. A menos que seja obrigado a fazê- lo por compromissos que as alianças inerentes ao presidencialismo de coalizão impõem.
-Escolher nomes com os quais não tenha trabalhado seria simples. Era só manter: Paulo Guedes, Marcelo Queiroga, Damares, Ricardo Salles, o general Heleno e os demais ministros de Bolsonaro. É isso que vocês sugerem? responderam em coro, não!
A outra ideia seria escolher nomes palatáveis ao mercado, e condenar pelo menos 50% da nação à fome e a miséria. É isso que vocês sugerem? novamente responderam em coro não!
A terceira ideia de vocês é escolher somente gente nova. É prudente lembrar que: Konrad Adenauer recuperou a Alemanha com 84 anos, enquanto Nero tocou fogo em Roma com apenas 24 anos.
Caíram todos na risada, (ainda bem que não me agrediram) enquanto me despedi e saí diante do espanto de todos. O que queríamos era leva-los a uma reflexão mais profunda e parece que conseguimos.
Consulta:
Lula se emociona em discurso para parlamentares ao falar sobre a fome no Brasil – Folha PE;
Rui Costa (político) – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org);
José Múcio Monteiro – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org);
Como pensa Fernando Haddad, o novo ministro da Fazenda – Seu Dinheiro;
Flávio Dino defende união entre a Segurança Pública e a Justiça (ig.com.br);
Quem é Mauro Vieira? (uol.com.br);
Fotografias:
Pulso Brasil: prisão de Lula x Lava Jato | Ipsos; Como pensa Fernando Haddad, o novo ministro da Fazenda – Seu Dinheiro;
Flávio Dino defende união entre a Segurança Pública e a Justiça (ig.com.br);
Quem é Mauro Vieira? (uol.com.br)
Muito bom, este artigo de hoje, uma verdadeira aula, para nos atualizar dos fatos ocorridos na linha do tempo, e uma previsão do que virá pela frente em 2023