O que chamam de vontade ou querer. Essa característica dos humanos que faz deles animais privilegiados, conquanto disponham do recurso derradeiro da inconformação; reagir de forma pessoal na hora do desespero. Isso na personalidade equilibra o desejo com a satisfação, a fome com o apetite, ansiedade e angústia…
Raras ocasiões, raríssimas, o indivíduo aceita de bom grado a falência dos órgãos da alma, ainda que demasiadamente reduzido ao padrão comum da derrota haja de permitir o limite das possibilidades a que qualificam de morte e morrer. Porém a força de percepção franqueia novas descobertas no Infinito. São elas as religiões, portas abertas à esperança de viver sem interrupção nos páramos celestiais.
Fossem dominar o querer na sua potencialidade máxima e ver-se-iam face a face consigo próprios, autores e criação de tudo quanto existe, poder da existência de que comungam todos, sacerdotes e mendigos, luminares e aprendizes. Dotados, portanto, dos motes da imaginação, peregrinam de olhos postos na ciência de Deus e alimentam a participação nos mistérios da Criação. Por isso, a força descomunal da presença do Ser nas criaturas, parcelas humanas que arrastamos conosco nas trajetórias do Cosmos.
Quer qual instrumento de busca e descoberta, razão e emoção, luzes acesas na consciência e poder transformador do nada em absoluto. Máquinas de superar o tempo, abrem aos poucos o furor da Eternidade dentro de si e desvela o fator principal de sobrevivência diante dos maiores obstáculos. No senso nervoso da natureza, habita o deserto da solidão, no entanto na certeza da revelação de outros valores, estes definitivos e puros, autores do sistema da destinação no além do conhecido.
A força do querer, matriz da humana existência, portal da Eternidade. Luzes das sombras donde vêm, sobem o tabernáculo da matéria e, mais dia menos dia, encontram a sublimidade a que se destinam.