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Assim falou Zaratustra, ou seria Lula?

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O filósofo alemão Friedrich Nietzsche escreveu um livro de título: Assim Falou Zaratustra, publicado em 1983, que hoje nos serve de inspiração diante da fala do presidente Lula no CTBB.

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Na obra citada:

“Nietzsche critica os indivíduos que se “preservam”, os acomodados com a condição atual. O homem que superaria essas pessoas e pensaria em avançar, ainda que ao custo de sua própria vida. Correr perigos, conquistar, guerrear. Dentro de seu sistema, faz sentido o posicionamento contrário à democracia, pois esta inibiria o homem superior de Nietzsche, impondo regras e protocolos para serem seguidos. Também o autor se coloca contra a compaixão entre os homens. Essas características em seu sistema tornaram Nietzsche um autor controverso.

A busca do Super-homem, termo que representa a quebra de valores correntes que moldam os indivíduos, a inflexão no comportamento dos homens, se libertando, em especial, da moralidade cristã, e passando a almejar glórias terrenas, desprovidas de senso de culpa ou de pecado, portanto, maior liberdade para agir, permeia toda a obra. Para atingir esse objetivo, um dos principais meios empregados é a coragem.”

Recorremos hoje a Nietzsche para tentar decodificar a fala de Lula, em discurso público proferido no centro de treinamento do Banco do Brasil – CTBB, no dia 10 de novembro de 2022, após a visita feita por ele aos demais poderes da esfera tripartite do estado.

No Centro de Treinamento do Banco do Brasil, ele falou à nação sofrida e esperançosa do nosso país, sem a preocupação em ferir a suscetibilidade da figura amorfa do mercado. Como um filho sofrido, do sofrido povo nordestino, ele arrancou as suas palavras do fundo d’alma e chegou às lagrimas ao falar da fome. Sim, a fome, feia e assustadora que está diante dos olhos de todos e que ele conheceu ainda em criança!

Segundo Lula o seu intuito em visitar os demais poderes, é na tentativa de restabelecer a harmonia entre eles, recorrentemente arranhada pela intolerância, pelas grosserias e pelo desequilíbrio emocional do futuro ex-presidente da república em exercício.

Da fala de Lula que assustou o melindroso mercado, pinçamos alguns trechos para uma apreciação e reflexão mais acurada conjuntamente com o leitor e/ou internauta. Disse ele:

Lula chorou ao falar da fome

Aquele era o discurso do Lula três, referindo-se não a abstrações, mas às conquistas concretas dos governos Lula um e Lula dois.

O terceiro governo de Lula deparou – se com uma grave situação de insegurança alimentar que aflige mais da metade da população brasileira.

A grande contradição com a qual todos nós nos deparamos, inclusive e principalmente o presidente eleito Lula, reside no fato de que este país, em sendo o terceiro maior produtor e exportador de alimentos do mundo, exibir também um contingente de 33 milhões de pessoas abaixo da linha da miséria e privado do direito animal ao alimento.

Na primeira figura abaixo, correspondente ao gráfico da riqueza e da opulência, o Brasil despontava em 2019 como o terceiro maior produtor e arrecadador com a venda de alimentos do mundo. Estava atrás apenas dos Estados Unidos e dos países baixos, posição que praticamente não se alterou em 2021.

A mandela representativa da segunda figura, revela a outra face, fria e cruel do liberalismo econômico, expresso na ciranda macabra da fome.

Maiores exportadores de alimentos do mundo

Retrato da fome no brasil
A parte azul do aro multicolorido da mandela, mostra que 41% da nação brasileira está em segurança alimentar, ou seja, se não são ricos na totalidade, têm a garantia das três refeições diárias: café da manhã, almoço e jantar.

As demais cores são indicativas da insegurança alimentar, onde a cor laranja mostra a insegurança alimentar leve e isso ocorre quando falta uma refeição por dia. A cor vermelha mostra a insegurança alimentar moderada, quando faltam duas refeições por dia. Pôr fim a cor roxa, indicativa de insegurança alimentar grave, ou seja, quando não há nada para comer.

O pranto de Lula diante de uma grave contradição como essa foi, em primeiro lugar, o pranto da rememoração da fome em Caetés; em segundo lugar o pranto da rememoração do Lula um e dois, onde esse grave problema da fome ficara equacionado!

Era o pranto da rememoração das secas nordestinas, atravessadas pelo seu governo sem um único saque nas feiras livres.

A quem Lula deveria dirigir a sua fala naquele momento: aos mercados ou aos famélicos? à opulência ou à miséria?

“Ouçam isto, vocês, povo tolo e insensato, que têm olhos, mas não veem, têm ouvidos, mas não ouvem”:
Jeremias 5-21

Diante de uma plateia plural, composta por ministros, senadores, deputados, diplomatas, empresários, muitos deles defensores do mercado e de uma imprensa sempre tendenciosa, tentando dar as boas novas à casa grande, Lula falou para os presentes e para os ausentes, principalmente para os famélicos. Falou para a nação brasileira majoritariamente pobre. Disse ele num dos trechos da sua fala:

“Qual é a regra de ouro deste país? É garantir que nenhuma criança vá dormir sem tomar um copo de leite e acorde sem ter um pão com manteiga para comer todo dia. Essa é a nossa regra de ouro.”

Este foi o gatilho que aterrorizou os mercados e colocou seus arautos em pé de guerra!

Ora, os mercados vinham tão bem e em paz com o Brasil, para que fustigá-lo com essa conversa de políticas públicas dispendiosas? bradaram eles aos quatros cantos, desenhando um cenário macabro.
Mas afinal o que pretende os mercados além de manter o status quo, eles que vêm sendo de há muito agraciados com vários mimos legais?

Vejamos:

A Emenda Constitucional N° 95 de 15 de dezembro de 2016 que dispõe no seu artigo 106:

Artigo 106. Fica instituído o novo Regime Fiscal nos Âmbitos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União, que vigorará por vinte exercícios financeiros, nos termos dos artigos 107 e 114 deste ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Artigo 107 no inciso II do§ 1°. para os exercícios posteriores, ao valor do limite referente ao exercício imediatamente anterior, corrigido pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, ou de outro índice que vier a substituí-lo, para o período de doze meses encerrado em junho do exercício anterior a que se refere a lei orçamentária.

Trocando em miúdos o investimento público para custeio ou investimento foi congelado por 20 exercícios fiscais, ou seja, até 2037.

O orçamento de 2037 será o mesmo de 2017, corrigido pelo IPCA.

Em 13 de dezembro de 2016 o governo Temer, pré Bolsonaro, havia aprovado a PEC 241 que estabeleceu um teto de gastos públicos para o Brasil que passou a vigorar em 2017.

Tudo isso somado à lei complementar 101 a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal sancionada por Fernando Henrique Cardoso em 04 de maio de 2000, criou o paraíso em terra para os mercados. O que querem mais?

Quando o mundo do trabalho se manifestou em contrário a esse protecionismo discricionário, vieram as ‘justificativas” montadas no tripé;
. Estabilidade econômica
. Crescimento econômico e
. Distribuição.
Ou seja, precisamos de estabilidade econômica para crescer e de crescimento econômico para distribuir.

Lembram de Delfim Neto sugerindo deixar o bolo crescer para dividi-lo? alguém comeu algum pedaço daquele bolo?
O disco é o mesmo!
E um jogo de xadrez onde a economia foi conduzida a um cheque mate. Isso precisa acabar!

 

 

Consulta:
Velha Economia: Resenha: Assim Falou Zaratustra (Friedrich Nietzsche);
Lula chora ao falar da fome e pede respeito à democracia (uol.com.br);

Fotografias:
O que colocou o Brasil de volta ao Mapa da Fome da ONU depois de oito anos fora · Global Voices em Português;
O Brasil volta ao mapa da fome. Podemos ter esperança? – Blog da Rede Anísio Teixeira (educacao.ba.gov.br;)
Lula chora ao falar da fome e pede respeito à democracia (uol.com.br;)
FRIEDRICH NIETZSCHE • Saindo da Matrix;
Lula diz que “regra de ouro” do governo será combater a fome | Prevaricação do Ministério da Defesa | Revista Fórum (revistaforum.com.br)

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