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Reflexões do dia seguinte

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Day After é um termo em inglês que tem como tradução para o português, o dia seguinte. Confesso que não é do nosso feitio o uso de palavras que não sejam originárias da “última flor do lácio, Inculta e bela,” tratamento dado pelo poeta Olavo Bilac à nossa língua portuguesa.

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Apesar desse cuidado que não é somente nosso, no Brasil tem aumentado consideravelmente o uso de palavras de outros idiomas para nomear coisas e objetos. Está em curso um processo de substituição de tudo quanto é nome em português por nomes de outras línguas para nomear: Centros Comerciais, restaurantes, edifícios, bares, barbearias, salões de beleza. Nem mesmo o nosso matutês que é um dialeto, tem escapado dessa síndrome que cria neologismos do tipo: koisas do sertão, ristorante mandakaru, point sertanejo, kacique bar, katavento de sabores, bakamarte de feijão etc.

Mas vamos à questão do dia seguinte, que a rigor, é um dia posterior ao dia de realização do segundo turno das eleições de 2022, ou seja hoje, 31 de outubro de 2022.

Se o dia de ontem foi dia de muita alegria e festa para milhões de brasileiros, hoje é dia de reclusão e, de muita reflexão para nós e para o Presidente Lula.

Diferente das multidões fiéis e esperançosas que ele sempre arrasta atrás de si, em todos os dias de todas as suas campanhas eleitorais, hoje ele se faz acompanhar apenas da companheira de todos os dias, a sua onipresente Janja, para o descanso e as reflexões sobre o futuro: o que fazer?

Agora, neste momento, ao invés do séquito enorme de caravaneiros, seguem-no apenas os inúmeros compromissos assumidos para com o seu povo, em profundo estado de carência e de condições de vida digna. Ele deve estar dizendo neste momento, de si para si: enfim sós!

Rodrigo Vianna escreveu um livro, De Lula a Bolsonaro, onde ele diz logo na apresentação:

“Depois da surpreendente trajetória, na última década, o Brasil se decide se vai reatar o fio da história. E pela segunda vez pode ser Lula a liderar o projeto de reconstrução nacional, num cenário ainda mais difícil do que aquele que encontrou ao chegar ao poder pela primeira vez em 2003.”

Enquanto muitos ainda nem acordaram da noitada festiva de ontem, Lula já deve estar conversando com os seus botões. Em que pese só assumir em 01/01/2023, ele já deve estar em busca de uma fórmula para montar uma equipe competente para o enfrentamento do desafio que enfrentará.

Uma equipe que, além de comprometida, esteja sintonizada com as suas diretrizes de governo, nascidas da sua acurada sensibilidade social, para conciliar os anseios e as necessidade do povo, com os recursos que restaram disponíveis no erário público, depois de tantas investidas e achaques.

Tenhamos sempre em mente, que o trabalho de reconstrução de um país do porte do Brasil, sofrido como ele está e à beira de uma bancarrota, não é fácil, nem tampouco é um trabalho para uma só pessoa.

O novo congresso, com o qual Lula será obrigado a dialogar com frequência a partir da sua posse, tem uma considerável maioria oposicionista, grande parte de extrema direita prenhe de interesses em manter o status quo. Resultado de mais uma desatenção nossa que vem se repetindo a cada eleição e que desta vez extrapolou em má qualidade.

Durante a campanha e até mesmo antes dela, houve um amplo debate para ressaltar a importância das eleições de 2022, e mostrar a necessidade de construção de uma base parlamentar sólida no congresso nacional. Essa base deveria ser a parte representativa do congresso, nascida das urnas em apoio ao nosso projeto político, que Lula contaria como certa, para assegurar governabilidade.

Os apelos e às declarações constantes de Lula foram olvidadas. Ele que sempre fazia ver a necessidade de ter no congresso, parlamentares aliados e alinhados com o seu projeto de reconstrução nacional. Não se fez de rogado e não se cansava de apresentar nomes do nosso nicho político, de muita capacidade e compromisso suficiente, para ajudá-lo na difícil articulação política com o parlamento.

Aqui na nossa pequenina e heroica Paraíba, se apresentaram como candidatos, nomes da melhor qualidade tanto para o senado, como para a câmara federal e as assembleias legislativas, que acabaram por não conseguir se eleger. Aliás, em nível geral, foi o maior crescimento da bancada de direita desde 1982.

A composição das casas legislativas e do senado da república, não poderia ser de pior qualidade para os nossos interesses de classe   dominada.

A grande maioria da nossa população, tem amplas condições numéricas de eleger representantes mais confiáveis, mas acabou por dar uma no cravo e outra na ferradura. Votou em Lula com uma mão elegendo-o Presidente da República, e com a outra mão elegeu os  nossos inimigos políticos para ocupar o parlamento.

De um modo geral, o conservadorismo vai ocupar majoritariamente o congresso e as assembleias legislativas dos estados e do distrito federal com o voto das suas vítimas de uma classe operária sofrida, desempregada, sem teto, sem saúde, e sem educação.

Na Paraíba todas as velhas oligarquias foram contempladas com a eleição de um ou mais postulantes, quase todos eles eleitos, até a terceira geração.

Diante dessa lamentável realidade, nos resta agora nos organizar e permanecera em permanente estado de mobilização, para peitar o congresso e as assembleias legislativas. Temos de fazer funcionar a pressão popular e através dela, arrancar o apoio para o processo de reconstrução nacional que é a necessidade mais premente da nação.
Ninguém pense que as eleições de 2022 terminaram ontem, pelo menos para nós eleitores de Lula. Para nós, o processo de reunificação e reconstrução está apenas começando, em condições materiais muito difíceis.

Dizíamos no início que a nossa economia está à beira da bancarrota, vítima de uma política ultra neoliberal que o mundo capitalista na sua maioria não faz mais uso, nem mesmo na catedral do capitalismo, os USA.

Vejamos o cenário herdado por Lula, começando pelo resultado primário do PIB:
. 2014: -0,4%
. 2015: -2%
. 2016: -2,6%
. 2017: -1,9%
. 2018: -1,7%
. 2019: -1,3%
. 2020: -10%
. 2021: -1,1
. 2022: – O,4% (projeção)

O Produto interno Bruto-PIB mede a atividade econômica de um país como se fosse um termômetro da macroeconomia. Portanto é uma medida da riqueza, que não leva em conta nenhum compromisso com o aspecto distributivo.

Tomemos como exemplo Os Estados Unidos da América-USA, que é, por enquanto, a 1° economia do mundo e exibe um PIB de US$25,35 trilhões. Apesar do gigantesco volume de recursos disponíveis, o seu Índice de Desenvolvimento Humano-IDH ocupa o 17° lugar no ranking mundial.

Essa é uma brutal contradição entre tantas outras do sistema capitalista.

O Canadá que também faz parte da confraria liberal, com um volume de riquezas bem menor do que os USA medida por um PIB de US$1,99 trilhões, ocupa o 16° lugar com relação ao IDH. Esse exemplo é revelador de uma decisão política do povo do Canadá.

O nosso Brasil quem tem um PIB de US$1,83 trilhões e que no governo Bolsonaro caiu para 10° lugar no ranking mundial, em 2019 ocupava o 84° em IDH. De la para cá deve ter piorado.

Esse é este o cenário sombrio que está aguardando por Lula e clamando por uma revolução social que venha resgatar todo esse passivo.

É fácil? claro que não é! é possível? claro que é!

No primeiro minuto da primeira hora, a  decisão a tomar é inverter prioridades. É aí que a porca torce o rabo, pois é preciso mexer num vespeiro e, para fazê-lo, é imperativo que Lula tenha respaldo do congresso nacional.

Esse é o tal respaldo parlamentar tão falado  antes das eleições e que a maioria não entendeu. Agora ele terá de vir por gravidade ou por pressão popular sobre um congresso povoado de conservadores, ironicamente eleitos pelo próprio povo. Uma contradição profunda, desta feita vinda do mundo do trabalho.

Observando a parte amarela da pizza que se segue, constatamos facilmente que o país não pode continuar exportando capital, enquanto assiste seu povo morrer por desassistência e inanição. A usura não pode prevalecer sobre o objetivo maior que é o bem-estar da nação que clama por atendimento nos seus direitos fundamentais.

Esse bordão repetido por eles de reverência aos mercados, de falta de recursos, de controle das contas públicas etc, não faz nenhuma alusão ao rico dinheirinho destinado aos bancos.

Essa é a única missão intransferível confiada pelos grupos financeiros aos cuidados de Paulo Guedes que vigia com uma caixa de pandora debaixo do braço, que ele ameaça abrir depois da eleição e distribuir com os servidores públicos a partir de 2023.

Juntemos aos juros e amortizações provisionados na LOA de 2023 ao montante de recursos dispendidos para “dialogar” com os chefões do orçamento secreto e ai estará revelada a fonte de recursos para investimentos em obras estruturantes que venha proporcionar a criação de emprego e renda.

Essa é uma receita do “comunista” John Maynard Keynes, um liberal inteligente que tirou os USA do buraco causado pela hiper crise de 1929 quando da quebra (crash) da Bolsa de Nova York, mas essa é outra história que contaremos depois.

Os demais pepinos que estão à espera de enfrentamento também devem ser tratados simultaneamente e serão objeto de um próximo artigo.

Por enquanto mãos à obra e:

Todo apoio a Lula!

 

 

 

 

 

 

Consulta:
Bolsonaro e Guedes: o que fizeram pela economia? (uol.com.br);
Veja o ranking completo dos 189 países por IDH (cnnbrasil.com.br);

Fotografias:
Brasil volta ao top 10 no ranking de maiores economias do mundo (poder360.com.br)
Eleições 2022: g1 divulga resultados do 1º turno em municípios da Paraíba | Eleições 2022 na Paraíba | G1 (globo.com);
Lula reúne multidão em Recife (PE) enquanto Bolsonaro tem ato vazio – Vermelho;
Direita mantém crescimento, esquerda oscila negativamente e centro afunda (jota.info)

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