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O Fiasco das Eleições Parlamentares de 2022

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Por diversas vezes já nos reportamos neste espaço, ao capitalismo como modelo econômico e sobre o seu modus operandis. Os seus tentáculos e os seus adereços, dentre eles o modelo eleitoral liberal burguês usado como forma de alternância do poder capitalista.

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As eleições parlamentares de setembro passado no seu primeiro turno, serviram para preencher as vagas em aberto na câmara federal, no senado da república, e também para eleger ou reeleger os governadores de alguns estados.

É muito importante que avaliemos com atenção o resultado do pleito e que façamos um balanço da correlação de forças resultantes dele entre a classe dominante e a classe dominada, além das consequências decorrentes para os próximos quatro anos.

Muito antes das eleições de setembro, e já a partir do mês de março de 2022, uma frase foi repetida inúmeras vezes, por incontáveis vozes, chamando a atenção dos eleitores da classe dominada de forma insistente:

“As eleições de 2022 serão as mais importantes da história da república!”

Fonte: Informe sobre Riqueza Global de Credit Suisse – El País

Esse mantra virou um bordão repetido em todos os foros em que tivemos a oportunidade de participar e intervir. Em alguns dos artigos escritos ou falados de nossa autoria nos incorporamos ao coro: “As eleições de 2022 serão as mais importantes da história da república!”

O apelo apesar de repetido não encontrou guarida e o resultado das eleições proporcionais foi catastrófico para a nação. Iremos aqui fazer uma apreciação sobre a nova composição do senado e da câmara, com o pensamento voltado para as futuras eleições, na esperança de que o erro de recorrência quatrienal não venha se repetir.

Costumamos sempre ilustrar o nosso raciocínio sobre esse tema com dados estatísticos que mostram claramente a divisão do trabalho e dos salários no mundo capitalista. Consideramos de fundamental importância, mostrar sempre para àquelas pessoas que desconhecem os estudos e os conceitos feitos por Karl Marxsobre a teoria do valor do trabalho, a mais valia absoluta e relativa, além dos métodos usados pela classe dominante para a exploração.

Os que acompanham os nossos escritos, já têm intimidade com as pirâmides socioeconômicas que sempre usamos para ilustrar o nosso raciocínio.

A pirâmide mostrada anteriormente, é a representação gráfica de toda riqueza global, e a forma como ela é apropriada pelas diversas classes sociais da face da terra.

Apesar de ser uma fotografia do ano de 2015, se houver alguma divergência numérica, podem ter certeza de que foi para pior.

Olhando para a pirâmide, é possível perceber claramente que o seu topo acomoda comodamente, 0,7% da população humana, detentora de 45,2% da riqueza mundial. É o endereço socioeconômico da alta burguesia e onde são encontrados os reais donos do poder.

Segundo os dados estatísticos sobre a população mundial, em novembro próximo ela chegará a 8 bilhões de pessoas e 0,7% dela representa apenas 56 milhões de habitantes do planeta.

Esse é um número um pouco menor do que as populações dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro juntas, o que em termos mundiais é um número muito pequeno.

Enquanto isso, os moradores de todos os andares de baixo da mesma pirâmide, representam 99,3% da população mundial, ou seja, 7,9 bilhões de pessoas.

O pavimento imediatamente inferior à cobertura, representa 7,4% da população e acumula 39,4% da riqueza mundial;

O pavimento inferior seguinte, abriga 21% da população e detém 12,5% da riqueza mundial.

Se juntarmos os três estágios superiores citados, no tocante à população, teremos 29,1% das pessoas, com a posse de 97,1% da riqueza mundial.

Por outro lado, 71% de população, detém apenas 3% da riqueza do mundo.

É dos pavimentos inferiores da pirâmide que a alta e média burguesia retiram os intelectuais orgânicos que irão manter e aprofundar a exploração. Do meio deles, um pequeno contingente ainda consegue adquirir poupança suficiente para integrar o mercado consumidor de forma mais franciscana. O restante compõe uma grande massa de pobres, muito pobres e miseráveis que deixaram de ser mercado a muito tempo e passaram a ser um fardo dispensável.

Algumas conclusões podem ser extraídas desses números e por oportuno iremos discorrer sobre elas:

. No período da revolução industrial inglesa, entre os anos de 1760 e 1840, a Inglaterra desenvolveu um grande esforço para o recrutamento de mão de obra para prestar serviço no seu parque industrial nascente.

As máquinas recém inventadas, apesar de modernas para a época, ainda exigiam um grande contingente de mão de obra para operá-las. Mesmo assim, o desemprego foi muito grande e o operariado sem entender a inovação que rompeu com a habitualidade, reagiu quebrando as máquinas como se fossem elas as verdadeiras culpadas pela onda de desemprego.

A mão de obra da indústria era quase toda oriunda dos escravos que foram gradualmente tornados “livres”. Nesse aspecto o nosso Brasil escravocrata foi um dos laboratórios da inovação fabril dos Ingleses.

A Paraíba teve inserção no modelo inglês de industrialização, e assistiu as linhas férreas da Great Western cruzar o seu território de leste a oeste. Os trens conduziam os produtos industrializados da Inglaterra para consumo no interior do nordeste e traziam de volta o nosso ouro branco que era o algodão, crescentemente usado pelos ingleses como matéria prima no seu parque fabril têxtil.

Campina Grande, que naquela época foi o maior polo algodoeiro do Nordeste e do Brasil, alcançou um desenvolvimento enorme, ganhando importância tamanha, a ponto de se ombrear com cidade inglesa de Liverpool.

A segunda revolução industrial que teve como protagonista a Alemanha, iniciou-se na segunda metade do século XIX, entre 1850/1870 e alcançou a segunda guerra mundial, 1939/1945. A segunda revolução industrial foi a motivação maior para as duas grandes guerras mundiais, onde a questão de fundo não foi o assassinato do arquiduque da Áustria e a sua esposa como conta a história oficial. A causa das duas grandes guerras foi o desfecho de uma disputa irreconciliável de mercado, tendo como protagonistas a Inglaterra e a Alemanha.

A descoberta do motor à explosão pela Alemanha, superou em eficiência, eficácia e qualidade a máquina a vapor inglesa. A partir de então surgiu a navegação aérea, tendo como ponto de partida o 14 bis de Santos Dumont, até chegar aos foguetes e mísseis mais modernos da atualidade. Esse foi o suporte técnico que faltava para a montagem da poderosíssima máquina de guerra que ainda assusta a humanidade.

A partir da segunda guerra mundial e em decorrência da guerra fria, teve início a revolução técnico científica fantástica da cibernética, que possibilitou às potências mundiais, a construção da máquina de guerra dos Estados Unidos, da URSS, depois Rússia, e da China.

O desenvolvimento da inteligência artificial mais recente, tem provocado sobressaltos e apreensões no mundo do trabalho.

Aquilo que podia ser catalogado como um benefício para a humanidade, paira como um fantasma ameaçador do desemprego e nos autoriza a afirmar sem receios que a inteligência artificial vai fazer com o mundo do trabalho, a mesma coisa que a máquina a vapor fez com o mundo fabril.

É esse modelo de desenvolvimento que precisa ser reinventado para assegurar oportunidades de melhoria de vida à todas as nações e não apenas a uma casta.

É bom que fique bem claro que nós não somos e nem nunca fomos contrários ao desenvolvimento técnico científico. O que questionamos é a forma predatória de apropriação e partilha da riqueza decorrente, e a sua distribuição igualitária.

Esta é uma equação em que a solução tem na política, seja ela eleitoral ou revolucionária, o seu caminho mais curto. Para tanto os mandatários eleitos precisam ser escolhidos a dedo, sendo essa uma decisão indeclinável e intransferível da grande massa trabalhadora, se desejar ter inserção no processo de desenvolvimento. É isso que há séculos não ocorre e os trabalhadores continuam a eleger os mentores da exploração.

Essa reação de indiferença das massas nos intriga profundamente e até nos deixa indignados. Assistimos a cada eleição, a classe trabalhadora de forma displicente se deixar dominar de forma tão humilhante. Ela que é numericamente superior, tem servido ao longo do tempo de massa de manobra para os interesses econômicos e políticos das velhas e mofadas oligarquias.

Sabemos que é através dos poderes do estado tripartite que o domínio da classe dominante se processa. Sabemos também que é no legislativo que se elaboram as leis de natureza econômica e social, que serão aplicadas pelo poder executivo sob o olhar fiscalizatório do poder judiciário, tudo sob a égide, a lógica e os interesses dos grupos econômicos e financeiros dominantes.

A ocupação dos cargos eletivos e de gestão do estado burguês, passou a ser reserva de domínio dos grupos econômicos tendo o povo como mero espectador.

A correlação de forças entre a classe dominante e a classe dominada seria tremendamente alterada se a classe dominada se desse conta do seu enorme poderio numérico e eleitoral. Ah se um boi soubesse a força que tem, não seriam três vaqueiros que o levaria para o matadouro!

Um povo consciente chamaria o feito à ordem e faria valer a sua condição de maioria para eleger os seus membros. De há muito, o domínio da minoria esmagadora tem prevalecido, e o pior, ainda usam os nossos como reservatórios de votos nos chamados currais eleitorais.

Basta olhar para a composição do congresso nacional, resultante das eleições de 2022 para constatar essa realidade cruel. Como amostragem, apreciemos como ficou a composição da Câmara e do Senado federal da Paraíba, após as eleições de setembro de 2022:

Senador Federal:

Efraim Morais Filho: Democratas: um Partido filhote da ARENA e da velha UDN, da base parlamentar de todos os governos, desde os generais ditadores até a base do governo desastrado do Sr. Jair Bolsonaro.

Faz parte do núcleo duro do Centrão e descende de duas oligarquias sertanejas que militam na política da Paraíba desde os seus ancestrais, por mais de 90 anos. Tempo maior do que levou a China para sair da condição de país atrasado e virar potência.

 

Deputados Federais:

Hugo Mota: Republicanos: é da base parlamentar do governo federal, membro do Centrão, e descendente de uma das oligarquias sertanejas da cidade de Patos: Nóbrega, Wanderley e Mota, duas delas com mais de 100 anos de dominação política na Paraíba.

Aguinaldo Ribeiro, (Veloso Borges Neto) PP: membro de outro partido da base do governo federal, Aguinaldo é de extrema confiança do establishment e pertence ao núcleo duro do Centrão. Descende de uma conhecidíssima oligarquia sucroalcooleira da várzea do Rio Paraíba, de extrema direita, que sempre ditou as cartas políticas do nosso estado à mão de ferro, desde o século XIX. Com destaque para o período da ditadura militar.

Cabo Gilberto Silva PL: um outsider da política paraibana, eleito na esteira do maior equívoco eleitoral que o nosso país já experimentou que foi Jair Bolsonaro. Sem maiores referencias, basta ver seu gesto na fotografia para defini-lo. Foi reeleito talvez pela apropriação de recursos do Centrão.


Mersinho Lucena PP: é filho do prefeito Cicero Lucena, ligado por laços familiares à oligarquia Lucena, nascido em berço conservador e filiado ao PP, partido já definido anteriormente. Integra o núcleo duro do Centrão e por hereditariedade elege Mersinho como deputado federal pela primeira vez.

 

Romero Rodrigues PSC: ex prefeito de Campina Grande, uma das maiores cidades do interior do nordeste surgiu na política como cria da oligarquia Cunha Lima à qual é ligado por laços familiares. Filiado ao PSC, partido aliado da base do atual governo federal. Bolsonarista convicto, de extrema direita e ligado ao Centrão e potencial comensal do orçamento secreto.

 

Murilo Galdino, Republicanos: Irmão do deputado estadual e presidente da assembleia legislativa Adriano Galdino, que vem construindo uma oligarquia familiar, incluindo a esposa e por enquanto o irmão Murilo é filiado ao Republicanos. Um político de direita, que pelas origens com certeza será sempre um aliado ao establishment. Murilo ainda é vereador em Campina Grande e pela origem não será diferente do irmão.

 

Wellington Roberto: filiado ao PL, autodeclarado representante de Jair Bolsonaro na Paraíba. É um outsider que ancorou na família Figueiredo de Campina Grande, e a partir de então fortaleceu a oligarquia decadente que teve como base o ex governador do estado Argemiro de Figueiredo.

 

Considera-se um bolsonarista puro sangue, e faz parte do núcleo duro do atual governo e um comensal do orçamento secreto para “perfurar poços.”

Ruy Manoel Carneiro Barbosa de Aça Belchior: filiado ao PSC, membro do Centrão, aglomerado já definido anteriormente, é tido como pertencente à famosa oligarquia Carneiro de Pombal, capitaneada pelo ex-senador Rui Carneiro. (?) De fato é um outsider nascido no berço político da néo-oligraquia de Cicero Lucena e um bolsonarista de quatro costados, participante do banquete do orçamento secreto.

Wilson Santiago: é egresso da construção civil, e filiado ao Republicanos, um partido componente da base de sustentação do governo federal aqui já descrito. Bolsonarista, membro do Centrão e comensal do orçamento secreto. Em que pese ter surgido como outsider na política, lançou as bases de uma neo oligarquia, da qual já faz parte o seu filho deputado estadual Wilson Filho.

Gervasio Maia: Filiado paradoxalmente a um partido dito de esquerda, o PSB da família Campos de Pernambuco, pertence por laços familiares à mais famosa oligarquia coronelista sertaneja da Paraíba, a família Maia, com origem em Catolé do Rocha e com tentáculos na política do Rio Grande do Norte.

 

Gervasio é neto daquele que mesmo pertencendo a uma oligarquia, depois do governador Ricardo Coutinho foi o maior gestor da história da Paraíba. João Agripino era um filósofo da política no campo da direita que não conseguiu transmitir o seu gene político à posteridade. Era um nacionalista que acreditava num projeto de desenvolvimento inclusivo para o estado nacional.

 

Damião Feliciano: é filiado ao União, o último partido político criado no país, com o objetivo de ser o centro do sistema planetário da política ultraneoliberal, na órbita do orçamento secreto. Atualmente faz jus ao nome de Centrão, porque em torno dele, gravitam os satélites do orçamento secreto. Damião é um outsider que teve o Vo (da equação física V=Vo + at) impulsionado através do velho oligarca da política de Campina Grande, Aloisio Campos, que o enxergou como médico e lhe deu a mão.

Luiz Couto PT: Luiz Albuquerque Couto é um padre secular da igreja católica, sem genética política, sem berço ilustre, professor universitário por mérito próprio, foi deputado federal de 2003 a 2019, secretário da agricultura familiar e do desenvolvimento do semiárido da Paraíba. Como deputado teve um desempenho que para descrever não caberia nesse espaço.

Para a sorte da classe trabalhadora é o único representante dos oprimidos da Paraíba nos próximos quatro anos. Poderíamos ter elegido os 12 mas não o fizemos!

O nosso relato pode até ter sido longo, mas para a indagação que iriamos fazer no final, foi de grande valia.

A segunda pirâmide ostra a distribuição da riqueza no Brasil e é o minarete representativo da exploração e da nítida divisão de classes no nosso país.

 

Pirâmide Cruel da Exploração
A base da terceira pirâmide, mostra a carga pesada da exploração. A base espremida da pirâmide, no pavimento térreo, carrega sobre os ombros: os que comem; os que matam; os que enganam através da ideologia e os que governam.

Temos um número de eleitores suficientes para reverter esse quadro? Os números mostram que sim e mostram mais, mostram que temos condições de eleger: o presidente da república; os 81 senadores; os 513 deputados federais; o governador do estado, no caso da Paraíba os 36 deputados estaduais; os 223 prefeitos e todos os vereadores.

Mas de quem depende que tudo isso para que o sonho aconteça?
De nós, povo, que representamos pelo menos 82% da população brasileira, ou seja:

Depende exclusivamente de nós!
Para tirar a prova, vamos fazer um teste logo agora, no dia 30 de outubro de 2022, com a nossa mobilização para eleger Lula. Vamos lá?

Depende de nós!

 

 

Consulta:
Desenvolvimento do Homem e da Sociedade: da Comunidade Primitiva ao Fim do Feudalismo (marxists.org); arquivo pessoal de João Vicente Machado;

Fotografia:
Desigualdade social: 1% da população mundial concentra metade de toda a riqueza do planeta | Economia | EL PAÍS Brasil (elpais.com);
Site Social – Estudos Peruanos: Pirâmide do Sistema Capitalista (davinnie05.blogspot.com)

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