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Água: um recurso essencial e necessário

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A água presente na natureza, depois de uma longa trajetória percorrida obedecendo ao ciclo hidrológico, se precipita sobre a face da terra em forma de chuva e em estado de relativa pureza. Volta de forma natural ao seu ponto de partida, onde novamente vai se armazenar nos oceanos, nos mares, nos lagos, nos rios e no subsolo para retomar o ciclo contínuo que se repete desde a origem   dos tempos.

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As alterações dessa dinâmica, ocorrem em 99% das vezes por ações antrópicas, que contribuem para alterar a frequência e o ritmo do ciclo hidrológico, comprometendo a qualidade da água no seu aspecto físico, químico e bacteriológico, tornando-a imprópria para o consumo dos seres vivos, inclusive do animal humano.

A movimentação natural da água, resume os passos da mãe natureza no seu moto próprio, sem se importar com os anseios e a vontade humana, pois na natureza tudo é feito ao seu tempo!

 

Quando a nossa necessidade de água supera a capacidade de tratamento da mãe natureza, torna-se necessário arranjar uma forma de acelerar o processo de tratamento de forma artificial, de modo a atender às nossas necessidades de consumo.

Essa azáfama, como tudo na vida, tem um preço. Esse preço poderá ser mais ou menos oneroso e, em qualquer das duas hipóteses, terá de ser sincronizado com a sustentabilidade. Portanto, na opção por qualquer tipo de tratamento de água, teremos que levar em conta a variação dos custos dispendidos com energia, com insumos e com mão de obra, para só então cotejarmos a viabilidade da opção.

Existem casos, em que se torna mais barato adquirir toda área de uma bacia hidrográfica, construir um lago de acumulação e captação, pagar aos moradores da área para mantê-la em estado natural e em condições de uso, ao invés de adotar sem um estudo prévio, a forma artificial.

Um exemplo clássico de avanço tecnológico foi o caso da decisão revolucionária adotada pela cidade de Nova Iorque, de não mais construir grandes estações de tratamento de água a partir do ano de 1990.
A municipalidade nova iorquina e os municípios que lhe são fronteiriços, ao invés de insistirem na construção de novas ETAs, limitaram-se a promover conjuntamente a reformulação, a modernização e a adequação dos ativos existentes, para integrá-los à uma   nova e bem-sucedida concepção de projeto, deveras inovadora.

Os gestores públicos preferiram adotar o modelo natural de tratamento da água para o abastecimento daquela megalópole e adjacências e apenas clorá-la ou ozonizá-la antes da distribuição.

O Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo publicou uma matéria em 09/09/2016, de autoria de Sylvia Miguel, onde a manchete principal proclama:
NOVA YORK, a metrópole com a água mais pura do planeta!

Está escrito no corpo da matéria: “Em Nova York-uma das líderes das chamadas “cidades de elite,” a água que chega às torneiras de 9 milhões de pessoas, tem origem em fontes superficiais, dispensa tratamento e recebe apenas cloro e flúor antes de ser distribuída.”
Diz mais:

“A famosa cadeia de montanhas de Catskill, a oeste das nascentes do Rio Hudson e a 160 quilômetros ao norte da cidade de Nova York, é um reduto preservado que compõe o complexo sistema de abastecimento do estado nova-iorquino. Além da estonteante paisagem que inspira artistas e atrai praticantes de diversas modalidades esportivas, o lugar também guarda uma das mais bem sucedidas histórias de pagamentos por serviços ambientais (PSA).”

Em 1997 o Memorandun off Agreement MOA) elaborou um documento, o New York Watershed Agreement, a rigor um marco de gestão hídrica avançado, que reconhece Catskill como uma valiosa reserva de água do estado e tem como signatários 73 municipalidades, além da prefeitura de Nova York e mais 30 comunidades do entorno das bacias além de 05 ONGs.

O orçamento inicial destinado à aquisição de terras, passou de US$ 300 milhões, para US$ 580 milhões e o acordo entre os atores custou U$ 1,4 bilhão. Segundo eles uma economia significativa diante dos custos de construção de mais uma ou mais estações de tratamento de água.

Para resolver a questão da poluição difusa causada pelos raros e esparsos moradores da área da bacia, foram construídos microssistemas isolados de tratamento de esgotos sanitários simplificados de baixo custo.

O enquadramento da área numa lei ambiental rigorosa que exigisse a retirada dos moradores, poderia inviabilizar o acordo intermunicipal, por afrontar a lei de propriedade privada, uma lei pétrea do modelo capitalista. Como o impacto ambiental seria irrelevante e possível de ser minimizado e mitigado, houve o consenso pela inteligente solução adotada.

A rede de abastecimento de Nova York, é integrada por 03 lagos controlados e 19 reservatórios distribuídos numa área de 5 mil quilômetros quadrados. Essas unidades fornecem conjuntamente mais ou menos 5 bilhões de litros de água por dia para Nova York e os condados vizinhos, ou seja, uma vazão de 57,87m3/s.

A tubulação desce as encostas das montanhas de Catskill a uma distância de 200Km ao norte da metrópole, com 1200m de altitude e uma área de 1.969 Km2, quase equivalente ao estado de Delaware.

Para estabelecermos um comparativo, tomaremos como exemplo as duas maiores estações de tratamento de água do Brasil que são:
. A estação de tratamento de água do Guandu que abastece o Rio de Janeiro:

 

. Estação de tratamento de água de Guaraú na serra da Cantareira, uma das unidades de fornecimento de água de São Paulo:

Pelo que foi resumido no conteúdo desta matéria, dá para perceber que o sistema de abastecimento de água de Nova York é público e todas as tratativas para a governança que foram pactuadas entre os municípios envolvidos, foram feitas sob a égide do estado nacional.

Os Estados Unidos, império que dá as cartas na mesa do jogo do liberalismo econômico internacional e às suas variantes, ao contrário de muitos países periféricos, inclusive o nosso Brasil, sempre mantêm o controle sobre os seus ativos essenciais estratégicos.

O atual governo brasileiro, trafegando na contramão, fez aprovar no congresso nacional, o que denominou de “o novo marco do saneamento”. Trata-se da Lei 14026, de 15 de julho de 2020, a rigor um novo velho marco de saneamento, que no seu formato atual, ao invés de universalizar, tornará inviável o atendimento pleno.

Dedicamos esta matéria de cunho informativo, aos companheiros do SINDIÁGUA que estão enfrentando uma luta sem trégua em defesa da água. A água nossa de cada dia é um recurso natural essencial e insubstituível, que os governantes brasileiros insistem em entregar o seu controle à logica capitalista, transformando em mercadoria.

A defesa da água não é apenas a defesa da CAGEPA como pode parecer. É a defesa da vida!

 

 

 

Consultas:
Nova York, a metrópole com a água mais pura do planeta — Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (usp.br);
http://www.brasilengenharia.com/portal/noticias/destaque/9779-o-plano-b-do-exemplar-sistema-de-abastecimento-de-agua-da-ci;

Fotografias:
EPAL – Empresa Portuguesa das Águas Livres, SA;
Nova York, a metrópole com a água mais pura do planeta — Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (usp.br)
Cedae vai realizar manutenção preventiva em Guandu amanhã – ZM Notícias (zmnoticias.com.br);
Sobre – Diário do Sistema Cantareira;

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