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Até onde vai o oportunismo eleitoral?

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Por definição, oportunismo é um substantivo masculino que o dicionário define assim:

“no sentido pejorativo representa uma tendência, prática ou política de tirar proveito de, ou de acomodar-se a oportunidades, CIRCUNSTÂNCIAS ou fatos frequentes, em transigência ou em detrimento dos princípios ou de normas.”

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As eleições que irão ocorrer em 02 de outubro de 2022, são consideradas por muitos, inclusive por nós, como as eleições do século. Elas alimentam a perspectiva da ocorrência de profundas transformações que poderão ocorrer, a depender dos resultados eleitorais obtidos pelas classes antagônicas que defendem o mundo do capital e o mundo do trabalho.

De um lado está a classe dominante. Uma minoria esmagadora, representada pelas oligarquias, pelas neo – oligarquias, pela parentela, pelos outsiders e pela arraia miúda que são os cupinchas incorrigíveis, todos eles acometidos de um oportunismo patológico.

Do outro lado a classe dominada. Representada pela grande massa representativa do mundo do trabalho, ela é composta de: assalariados, pequenos empresários, trabalhadores informais, desempregados, subempregados e miseráveis. Majoritariamente sem estudo, sem qualificação sem perspectiva de vida sem informação e sem consciência da sua própria força e poder. Por tudo isso tem sido milenarmente submetida à exploração.

Essa dicotomia, aponta como única saída pacífica para a classe dominada, as eleições de outubro próximo. A partir delas, poderemos assistir o início de um processo de reversão desse estado de coisas, em favor dos oprimidos.

Como não há mal algum que não traga sempre um bem, o atual presidente da república com o seu descompromisso com a nação e os seus métodos atrabiliários, nos despertou de um sono letárgico de classe, para a necessidade de assumirmos o nosso verdadeiro papel enquanto cidadãos no modelo econômico e social vigente no Brasil.

O receituário ultraneoliberal que adotou, é voltado para a atenção aos grupos econômicos e financeiros, excluindo a imensa maioria de brasileiros. Portanto, em nome da maioria não pode e não deve prosperar.

Pela grande importância que as eleições de 2022 assumiram, inclusive para restabelecermos o estado democrático de direito, elas devem ser vistas pelo mundo do trabalho como um momento decisivo para uma mudança radical desse modus operandis excludente e cruel.

É preciso tornar sem efeito algumas leis lesivas aos direitos dos trabalhadores, as quais nos foram empurradas goela abaixo, com a conivência do congresso nacional. Precisamos restabelecer, nas primeiras horas do próximo governo, o papel do estado e os direitos fundamentais que nos foram subtraídos.

Ademais precisamos avançar na conquista de direitos sociais que venham garantir o bem-estar pleno das pessoas. Direitos que vêm sendo insistentemente e ao longo do tempo negados, cerceados e surrupiados. Os direitos fundamentais que nos restavam foram conquistados durante um longo período histórico e à custa de muita luta, do suor e do sangue dos nosso ancestrais. tudo isso está sendo jogado no depósito de lixo pelo atual governo.

Uma gama de conquistas sociais e trabalhistas remanescentes à era Vargas, foram simplesmente rasgadas pelo atual governo, com a conivência, o assentimento e o acumpliciamento da maioria deste congresso submisso, a pior composição parlamentar da nossa história.

Não necessitamos ir muito longe para entendermos desde já que, para executar essa tarefa cívica de reestruturação, não será possível fazê-lo pelas mãos desse parlamento de grande maioria subserviente, corrupta, pusilânime e oportunista, a serviço da classe dominante.

Portanto é imperativo que façamos uma merecida faxina eleitoral cívica, onde o produto de limpeza mais eficaz de que dispomos é o nosso voto.

Precisamos fazer uma varredura geral e substituir: do presidente da república, à grande maioria do congresso nacional, a grande maioria dos governantes estaduais, a maioria das assembleias legislativas, prefeituras municipais e câmaras de vereadores.

É importante que os mandatos eletivos sejam reversíveis e quaisquer mandatário que não honrar os compromissos assumidos com os seus representados, sejam substituídos ad nutum, numa assepsia pontual permanente.

Para balizar o nosso comportamento enquanto eleitores, e dirimir as nossas dúvidas que porventura ainda pairem sobre o comportamento dos atuais mandatários, basta observar o intenso trânsito interpartidário dos políticos com mandatos. Constataremos a entronização do jogo de acomodação de interesses pessoais dos candidatos, a fragilidade ideológica da grande maioria, e o oportunismo epidêmico, prática nefasta da grande maioria conservadora.

A grande quantidade de partidos existentes no modelo eleitoral liberal burguês, torna quase impossível a hegemonia de quaisquer agremiações partidárias, sem que haja a celebração de alianças. Todavia as alianças partidárias que deveriam ser construídas em torno de propostas convergentes e celebradas através de um compromisso formal, são majoritariamente celebradas à luz do oportunismo.

O que observamos com frequência são filiações partidárias feitas em função de conveniências eleitorais, a movimentação interpartidária frequente, com as trocas constantes de legendas, como se troca de roupa. Essa é prática usual do modelo eleitoral liberal burguês, que nosotros  temos aceitado e por ele disputado eleições sucessivas. As regras do jogo são ditadas pela classe dominante e ela não iria traçar o baralho político para nos beneficiar.

Essa ação comportamental nos reforça a convicção de que o multipartidarismo posto em prática pela política liberal burguesa, ao invés de ser um exemplo de prática democrática como querem nos fazer crer, mostra clara e nitidamente, que os partidos políticos, com honrosas exceções, são literalmente iguais. Representam tão somente um jogo de interesses, além de servir de instrumento de sobrevivência política, para os agentes do capitalismo selvagem.

Logo no início do ano 2022, começaram as escaramuças e movimentações políticas, as quais foram se intensificando na medida que se aproximavam as convenções partidárias que definiriam, legalizariam e certificariam os candidatos majoritários e proporcionais em todas as instancias para concorrerem as eleições que se aproximam.

As articulações e as coligações partidárias, são tão incríveis que o vulgo popular criou frases antigas e atuais, tais como:

“Não há correligionário com o qual eu não rompa, nem adversário do qual eu não me alie.”

“Com governo a gente não rompe, governo a gente trai.”

“Em política a gente só não vê boi voar”

Convenhamos que até agora temos assistido acontecer mais ou menos a realização dessas sentenças deprimentes de cunho profundamente oportunistas. Nos faz lembrar um poema antigo de Carlos Dumond de Andrade, publicado em 1930 com o título Quadrilha onde ele diz:

“João amava Tereza que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili, que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Tereza para o convento. Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia.
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
Que não tinha entrado na história.”

Foi mais ou menos o que aconteceu aqui na pequenina e heroica Paraíba, à medida que se aproximavam as convenções partidárias. O tabuleiro do xadrez político teve uma movimentação frenética de peças, onde ocorreu todo tipo de: blefe, malabarismo, contorcionismo e oportunismo político, posto em prática por políticos de quase todos os matizes, tendo como abrigo as seguintes legendas partidárias e dirigentes políticos:

. Partido Socialista Brasileiro-PSB
. Progressista
. Republicanos
. Partido Liberal
. Partido Social Democrático-PSD
. Partido da Social-Democracia Brasileira-PSDB
. Podemos
. Partido Democrático Trabalhista-PDT

O PSB, é o partido do atual governador do estado, que jura de pés juntos apoiar Lula, que pertence aos quadros do PT. Todavia, desde o início do ano corrente, o governador cortejava contraditoriamente o Dep. Aguinaldo Veloso Borges Neto, um bolsonarista de quatro costados, filiado ao Progressistas outro partido bolsonarista. O governador lhe fez a corte desde março de 2022, acenando com um convite para que ele viesse compor sua(dele) chapa, na condição de candidato ao senado.

Aguinaldo que é conhecido pela “firmeza” dos seus compromissos políticos, é o mesmo que, como ministro da presidenta Dilma e com o golpe já em marcha, esteve a chamado da presidenta, no Palácio da Alvorada. Por lá permaneceu até receber dela a missão de comparecer ao congresso para coordenar as articulações para a sua (dela) defesa.

Após beijar-lhe as mãos, ele dirigiu-se ao congresso na condição de parlamentar, uma vez que tinha sido destituído provisoriamente do ministério que ocupava, para incorporar-se ao contingente dos contrários ao golpe parlamentar. A sessão era dirigida por Eduardo Cunha, que já tinha colocado o processo de impeachment na pauta de votação de forma açodada, encontrando-se em discussão pela minoria que tentava reverter o processo.

Ao invés de cumprir a missão para a qual foi designado e defender a presidenta de quem era ministro, ele mais uma vez foi “coerente” com os seus compromissos e de forma oportunista votou a favor do impeachment, da pessoa que há pouco havia beijado as mãos.

Voltando aos fatos da nossa Paraíba e à pretensa candidatura de Aguinaldo ao senado, ele que pertence aos quadros do Progressistas, permaneceu o tempo todo em cima da ponte, à espreita da decisão sobre a candidatura do ex governador Ricardo Coutinho pelo PT.

Com medo da derrota iminente, ao invés de saltar ele mesmo sobre a canoa do PSB, oportunisticamente empurrou como vice-governador o sobrinho Lucas Veloso Borges, filiado ao Progressistas e filho da senadora Daniela Veloso Borges sua irmã, que é filiada e controla o PSD.

O Democratas, por sua vez, tem como um dos seus filiados, o deputado Efraim Morais Filho, o qual houvera sido recrutado pelo também deputado Pedro Cunha Lima filiado ao PSDB, para ocupar a vaga de senador. A composição teria apoio do Republicanos do Deputado Hugo Mota e do presidente da Assembleia Legislativa Adriano Galdino. O mesmo Adriano que houvera herdado as bases de Efraim, o filho, para entregá-la nas mãos do seu irmão Murilo Galdino do Cidadania, candidato a deputado Federal.

Murilo Galdino conseguira o apoio da deputada estadual Polyana Dutra do PSB, a qual fora escolhida para tapar o buraco deixado por Aguinaldo, passando da condição de candidata a deputada estadual, para candidata ao senado.

Uma vez escolhida, e talvez acometida da Síndrome de Poliana, ela declarou que “o jogo havia mudado” e ao invés de apoiar Murilo Galdino como se propusera, passou a apoiar Mersinho Lucena do Republicanos, aplicando uma rasteira em Adriano Galdino.

Para não perder o espaço na assembleia legislativa que considera seu, Polyana do PSB ainda tentou emplacar o marido Francisco Dutra, codinome Barão, filiado ao PL como deputado estadual. Na impossibilidade de viabilizar o marido ela se voltou para a irmã RamaIana Kevia filiada ao PL, pelo qual foi candidata a prefeita em Pombal e ao que se informa, parece impedida legalmente de disputar.

O cúmulo do oportunismo reside no fato de que uma chapa majoritariamente composta de bolsonaristas, tenha nas suas entranhas alguns componentes que se vestem de vermelho e anunciam alto e bom som seu apoio a Lula, por não enxergar competitividade no candidato da sua simpatia que é Bolsonaro.

A chapa oficial atraiu ainda para a sua composição, até um incesto autodenominado PT de raiz. Numa fotografia eles aparecem em companhia de filiados do PSB gritando contraditoriamente pelo nome de Lula e noutra aparecem apoiando uma chapa bolsonarista.

Depois de tanta cambalhota, de tanta pirueta, de tanta tropelia, de tanto cambalacho, de tanto equilíbrio na corda bamba, de tanta aliança estranha, coloca-se a nu a fragilidade do modelo eleitoral brasileiro, que se arrasta desde a primeira constituição da república outorgada por D. Pedro I em 25 de março de 1924. São os chamados vícios de origem.

A constituição de 1824 foi outorgada de forma autoritária e manteve as rédeas do estado nas mãos do imperador “para evitar surpresas desagradáveis”.

A propósito disso, uma matéria publicada em 06/10/2015, no periódico Século Diário e atualizada em 08/03/2020, traz uma manchete atribuída a Bertold Brecht:

Diz o corpo da matéria:

“O direito ao voto como conquista da sociedade brasileira. passou por várias fases; na primeira eleição em 1824 o voto era censitário, excluindo as mulheres, os escravos, os libertos não nascidos no Brasil e os que não atingiam uma renda mínima. Portanto, um reduzidíssimo número de pessoas exercia naquela época o direito ao voto.As mulheres conquistaram o direito ao voto somente em 1932. Os analfabetos, os adolescentes, os cabos, soldados e os marinheiros depois da nova constituição.”

Mesmo com a conquista do voto, ele nunca ocorreu de forma linear nem contínua. Nos períodos ditatoriais era sempre suprimido, como aconteceu no estado novo e por ocasião do golpe militar de 1964.

Eis aí a demonstração daquilo que afirmamos no início deste artigo, quando classificamos as eleições de 2022 como as mais importantes do século.

Elas nos conferem a responsabilidade enorme de estabelecer um paradeiro nessa enganação e construir algo de novo e de mais democrático e duradouro em benefício da nação.

Depende unicamente da nossa decisão e da nossa vontade. Vamos lá?

 

 

 

 

 

Consulta:
A cadela do fascismo está sempre no cio’, Bertoldt Brecht – Século Diário (seculodiario.com.br;)
Classe Social. – Classe dominante e classe dominada, característica da sociedade capitalista. | Filosofando & CO. Amino (aminoapps.com)

Fotografias:
Classe Social. – Classe dominante e classe dominada, característica da sociedade capitalista. | Filosofando & CO. Amino (aminoapps.com);
Capitalismo selvagem | Humor Político – Rir pra não chorar (humorpolitico.com.br);
Aprenda quais produtos de limpeza não misturar na hora da faxina | Extras Estúdio C | Rede Globo;
Com o fim da janela partidária, PL obtém a maior bancada da Câmara – Notícias – Portal da Câmara dos Deputados (camara.leg.br);
http://www.azinteligencia.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=735:a-quadrilha-carlos-drumond-de-andrade&;
Tudo sobre cadelas no cio (tudosobrecachorros.com.br);

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