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O caminho silencioso das pedras

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Sem perceber o tempo nos mostra o significado e o ensinamento que a natureza nos proporciona. As pedras que julgamos tão insignificantes sem prestarmos atenção a sua importância para a História da humanidade. Ao contrário, sempre nos referimos a elas negativamente ou a vimos como empecilho ou entrave.

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São muitas as expressões negativas atribuídas às pedras. Como: fulano é uma pedra no meu caminho ou uma pedra no meu sapato, colocar uma pedra em cima, aqui não ficará pedra sobre pedra, quem em pedra pousa em pedra se torna, e por aí vai.

A pedra em sua essência é sólida, firme, dura, estática e silenciosa. De uma solidez imbatível, uma firmeza invejável, uma dureza estável, ela se destaca pelo silêncio solitário, criando seus abismos, abrindo fendas, brechas, grutas e furnas que abrigam aves, animais selvagens e silvestres transformando todo o conjunto em lendas envolto em mistérios e encantamentos.

Vamos relembrar alguns acontecimentos que teve a pedra como protagonista. Foi através do seu atrito que o Homo erectus descobriu o fogo impulsionando toda a civilização humana, foi ela a arma que praticou o primeiro fratricídio da humanidade, quando Caim assassinou Abel, Davi venceu Golias com pedrada na cabeça, foi Jesus Cristo a Pedra Angular para os que acreditaram nas suas palavras e a pedra de tropeço para os que não creram.

Durante séculos a pedra foi usada em construção de casas, fortalezas, senzalas, igrejas, armas, instrumentos, utensílios domésticos, mesas, bancos e esculturas, quem não aprecia as obras do Aleijadinho em Congonhas/MG?. Durante toda a história foi prisão e liberdade, em algumas ocasiões criava muros, paredes para aprisionar, em outras serviu de auxilio, de defesa e de utilidade. Embelezou lugares, templos e paisagens.

FONTE: https://calangoviajante.com/2017/10/06/congonhas-mg/

Na música a pedra é cantada e versada por grandes compositores. Para Djavan é sede de amor, febre de anseio e partida; para Caetano Veloso é um caminho que se desdobra em vários e velhos caminhos por onde passou carro de boi e passou seu carinho, caminho perdido que não passa mais ninguém nem nele e nem no caminho. Até o sambista viu pedras no seu caminho que só mesmo um bom professor pode ensinar a chegar. Sem falar nas músicas religiosas que tratam das pedras corriqueiramente em seus hinos de louvores.

A pedra é símbolo, sinônimo, ícone, signo, lenda e mito. Na antiguidade Platão usou a metáfora do Mito da Caverna para explicar a ignorância em que vivem mergulhados os seres humanos, a Pedra do Reino em São José do Belmonte/PE carrega uma tradição secular do Sebastianismo no Brasil, a furna do Boqueirão de Lavras da Mangabeira é repleta de aparições de carneiro de ouro, banquetes faraónicos e mães d’água, igualmente na Chapada do Araripe contam-se lendas semelhantes de cobras gigantes, lagoa encantada e mãe d’água.

No popular a pedra é um termo genérico para explicar todo componente sólido da crosta terrestre, tendo outras definições, classificações, utilidades e desdobramentos, pois, para descansar sentamos nas pedras, quando pensativos contemplamos as pedras, quando apreensivos pisamos em pedras, quando exaustos carregamos pedras, quando cansados dormimos feito pedra, quando queremos exterminar algo falamos não ficará pedra sobre pedra, quando resistentes é duro feito pedra, quando gelado frio como uma pedra, quando acusamos atiramos pedras, quando insensível coração de pedra, se generosos bons como as pedras preciosas, quando criativos tiramos leite de pedras, e a vida segue no caminho das pedras, não façamos dela motivo de tropeço, mas de degraus para o crescimento espiritual e intelectual.

 

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