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Os efeitos da atual crise mundial

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Tivemos uma surpresa profundamente agradável no dia de hoje, em receber um telefonema de Paulo de Tarso,  um amigo de longas datas que conhecemos durante o período em que moramos no Rio de Janeiro. Nessa época  fazíamos  um curso de engenharia em saúde pública, na Escola Nacional de Saúde Publica- ENSP, da Fundação Oswaldo Cruz-FIOCRUZ. 

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Ele nos  dava conta de ter visto no dia de hoje, 10/03/2022, no programa da rede Globo “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga, uma matéria sobre COMMODITIES e os efeitos sobre elas provocados pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que acabou respingando economicamente para o restante do mundo.

Confessamos  que a ligação nos  foi muito gratificante por três motivos. O primeiro deles foi pelo nosso  reencontro, mesmo à distância, com um amigo fraterno com o qual   trocamos muitas ideias sobre a conjuntura da época, inicio da redemocratização pós golpe, ocasião em que o nacionalismo presidia a Assembleia Nacional Constituinte.

O segundo motivo, foi a revelação por ele feita ao telefone, da condição de leitor diário do nosso sitio: www.joaovicentemachado.com.br desde o seu lançamento. Ele teria lido  um  artigo que escrevemos, publicado no dia 08 de novembro de 2021, sob título COMMODITIES, um fantasma real que apavora, onde tratamos  dos efeitos da desindustrialização brasileira  e da dependência umbilical  que o país passou a ter das commodities na sua pauta de exportações. 
A última surpresa agradável foi a sugestão dele no sentido de republicarmos o referido  artigo, cujo conteúdo ao olhar dele, foi muito pedagógico e futurista.

Tivemos nessa afirmativa a certeza do acerto da nossa ideia de manter uma linha editorial séria, independente, corajosa e de qualidade, mesmo com toda perseguição de que temos sido vítimas, a ponto de termos os nossos leitores monitorados, para identificar  quem, ligado direta ou indiretamente  ao estado, curte, compartilha e repercute.

Fomos ver a matéria e constatamos que a abordagem foi especifica ao caso do preço do trigo, do milho e dos combustíveis e a perspectiva de aumento de preços no mercado interno. A matéria fez referência  apenas ao  efeito do conflito sobre as três commodities e isso para nós não foi novidade em se tratando da Rede Globo que sempre escamoteia as causas. O nosso artigo,  radical como o autor e procurou ir às  causas, às raízes do problema, para mostrar  a dependência perniciosa que a nossa economia tem no governo de lesa pátria de Jair Bolsonaro.
Por fim, repetimos aqui um pequeno  trecho do livro  Grandes Sertões Veredas do grande João Guimaraes Rosa, onde ele nos encorajava dizendo:

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperte e dai afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”

Nunca um  verbete foi tão usado como tem acontecido nos tempos atuais comO a palavra

de origem inglesa:  commodities.

Grande parte dos economistas procuram nos fazer crer que o conhecimento das ciências econômicas é inatingível pelos mortais comuns, nos tornando indefesos e entregues à “sapiência” e à vontade deles.

Criaram até um dialeto próprio para a comunicação interna corporis, muito usada principalmente nas relações com a imprensa oficial, caixa de ressonância do poder econômico. O propósito é escamotear aquilo que não é perceptível a nosotros,  mortais comuns.

Ao longo do tempo sempre fizeram questão de olvidar as dificuldades de percepção dos leigos, falando difícil e a dialogando entre eles num dialeto que o populacho tachou de economês. Essa é uma ficção imposta ao senso comum, que desenha a economia como algo que somente os iniciados podem dominar e entender.

Como a massa de leigos é muito numerosa, seria inimaginável  que do meio dela não brotasse notáveis expoentes, pensadores qualificados, que resolveram enfrentar o desafio e se medir com a metodologia deles para fazer o contraponto.

Fizeram uso do materialismo cientifico, uma corrente de pensamento filosófico baseado na tese de que a existência humana é uma decorrência da matéria, em contraposição ao conceito filosófico abstrato do idealismo, baseado em entidades metafísicas, sobrenaturais e imateriais.

Segundo a dialética marxista, “é a partir das condições materiais que os homens se organizam, criam leis e costumes, estabelecendo relações em torno da noção de trabalho.”

Para Marx não é a consciência que define a base material. Ao contrário, a base material é que define a consciência!

O filósofo grego Epicuro foi o precursor do materialismo e se contrapôs aos dois filósofos idealistas mais famosos e laureados da sua época, que foram Sócrates e Platão. Já o pensador francês Denis Diderot, concebeu o seu pensamento filosófico tendo a razão como o norte magnético do seu pensamento, embasado no materialismo cientifico.

Todavia foi  Karl Marx, na sua genialidade, que incorporando ao materialismo cientifico à teoria dialética concebida pelo  alemão Friedrich Hegel, apresentou ao mundo  uma teoria tão consistente que até os dias atuais tem sido o maior tormento burguês da história do capitalismo liberal em todos os tempos, o materialismo dialético!

A Filosofia Materialista de Karl Marx

Existe até um glossário de termos técnicos usados pelo mercado financeiro, que abarca verbetes que vão de A a Z, dos quais citaremos apenas alguns exemplos. Eis alguns deles: ações, ativos, CDI, cotação, liquidez, volatilidade, commodities, off shore, selic, joint venture, mercado, debentures, tesouro direto, CDB, LCI, ebitda etc. Todo esse arsenal faz parte do economês que, parafraseando o velho guerreiro Chacrinha: “veio para confundir e não para explicar!”

O Elenco dos Golpes de Estado no Brasil

O Brasil que sempre foi um país propenso a golpes de estado e, em 31 de agosto de 2016 assistiu a mais um deles, que foi um golpe parlamentar.

Atropelando a democracia, mas sem usar o acintoso método das armas, em conluio com o congresso, com o ministério público, o judiciário e a imprensa, usurparam a presidência da república da Presidenta eleita Dilma Rousseff. A partir de então a economia nacional entrou no ciclo ultraneoliberal, tendo como fachada os governos da dobradinha entreguista Themer/Bolsonaro.

O establishment fez opção clara por um modelo econômico onde o foco é o mercado e as instituições financeiras. Aos capatazes palacianos só restava o fiel cumprimento e é isso que vêm fazendo.

Até os países mais conservadores que sempre adotaram um modelo econômico ortodoxo, já o haviam abandonado por constatarem a sua ineficácia. Mas mesmo assim e apesar de todos esses paradigmas, deram início ao desmonte das bases da nossa economia para privilegiar o capital financeiro internacional, obedecendo a um projeto que tem como representante no governo o economista Paulo Guedes, nomeado por eles para cuidar das finanças do país, com a obrigação de garantir a preservação dos seus interesses.

O desmonte da economia nacional se iniciou de forma pretérita ainda na fase da campanha política, através da operação Lava Jato pilotada pelo entreguista Sergio Moro, coadjuvado pelo representante do Ministério Público Federal Daltan Dallagnol, a imprensa e o olhar complacente do judiciário. A farsa foi armada com o propósito de matar dois coelhos com uma só cajadada. Para tanto conciliou duas ações simultâneas: a inviabilização legal do candidato opositor nas eleições presidenciais de 2018 e o total desmantelamento da indústria da construção civil, à guisa de combate à corrupção.

Empresas de construção civil  com portfólio internacional, foram totalmente destruídas e somente a Construtora Norberto Odebrecht demitiu mais de 150 mil empregados, para citar apenas um exemplo.

Adotaram a velha e conhecida teoria de matar a vaca para acabar o carrapato, sem preocupação alguma nem com o prejuízo econômico para o país, nem com o prejuízo social para a nação.

Era uma operação de limpeza prévia do terreno econômico,  para a entrada em cena do governo entreguista que estaria por vir.
Sem levar em conta o direito positivo, que pressupõe a comprovação de crimes através de provas documentais juntadas aos autos, montaram  processos e mais processos baseados apenas em delações premiadas obtidas de forma quase que coercitiva.

Passaram a prender sem citações, sem denúncias e sem acusações formais contra os acusados e Dallagnol chegou ao cúmulo de proferir essa pérola jurídica referente à prisão de Lula: “nós não temos provas, mas temos evidências!”

Isso é de um cinismo imensurável, mas mesmo assim granjeou a simpatia da classe média (ah! classe média) que se encarregou de terceirizar os pobres de direita que não podiam bater mas “viraram amigos do dono do porrete!”

Mantinham os indiciados no cárcere em condições sub humanas e em tempo suficiente até  a capitulação total, ditada pelo desespero. Daí  celebravam  um contrato de delação premiada suspeitíssimo, em troca de alivio do martírio  da prisão.

Nesse passo e sem provas concretas contra o ex presidente Lula, conseguiram prende – lo e, ato continuo transformaram – no oficialmente em réu, para alija-lo legalmente da disputa eleitoral de 2018, na qual era imbatível como candidato à presidência da república.
Nesse diapasão, foi pavimentado o caminho para o mandato tampão de Michel Themer e a eleição desastrosa de Jair Bolsonaro com o uso de um aparato cibernético inusitado que ainda hoje desperta suspeitas de fraudes.

Uma vez empossado no governo, Themer deu início à preparação de  um processo mais célere de privatizações, ocasião em que foi decretado informalmente o marco inicial do desmonte da nossa indústria de transformação, a qual no ano 2000 era maior do que a da China.

Para tanto Themer listou um elenco de empresas e autarquias privatizáveis, promoveu desregulamentações no aspecto fiscal, financeiro e trabalhista, visando criar marcos regulatórios legais totalmente voltados para os interesses do capital.

Contudo, em virtude da proximidade das eleições de 2018 e o interesse maior no sequenciamento do projeto ultraneoliberal, Themer pisou no freio e promoveu alguns leilões de campos de petróleo já descobertos, aeroportos, estradas e ferrovias, ações menos perceptíveis ao olhar  da opinião pública.

Além disso, desarquivou a Lei n° 9478, de 06 de agosto de 1997, sancionada por Fernando Henrique Cardoso que estava em stand by, conhecida como a nova lei do petróleo. A Lei citada, remanescente à época de fundação da Petrobrás,  além de quebrar o monopólio da exploração, remanescente à época da sua fundação em 1953. A citada Lei também permitiu a abertura do capital da empresa até o limite de 49%.

Essa Lei estava   em desuso nos governos  Lula e Dilma pois como é perceptível no seu escopo, ela representa a abertura da porta de entrada para a passagem livre e sem controle do capital internacional como está  acontecendo no presente governo.

Foi amparado nela que foi dado  o pontapé inicial para o esquartejamento da Petrobrás, uma das maiores petroleiras do mundo, patrimônio do povo brasileiro.

Com a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência da república e a posse do representante do capital financeiro na pessoa do banqueiro Paulo Guedes, o projeto entreguista de FHC saiu do armário, ganhou corpo e celeridade e acabou conduzindo o país à situação de dependência em que se encontra atualmente e o que é pior, sem nenhum controle sobre a Petrobrás que hoje, a rigor  é uma multinacional.

Com a nossa  indústria de transformação em permanente declínio,  a única opção econômica que restava era a exportação de matéria prima e de alimentos denominados commodities, para atalhar o desequilíbrio do balanço de pagamentos, tendo como carro chefe as exportações de commodities.

Portanto “As commodities são produtos elaborados em larga escala e que funcionam como matéria-prima, possuem qualidade e características uniformes. Ou seja, não se diferenciam de local para local, nem de produtor para produtor. São exemplos as agrícolas (trigo, milho, açúcar), óleo e minerais (minério de ferro, petróleo, gás natural, metais (ouro, prata alumínio). Os preços das commodities são determinados pelas leis da oferta e da demanda no mercado internacional.”

Para obter maiores resultados na balança comercial e tornar as exportações de commodities competitivas no mercado internacional, as mineradoras e o agronegócio pressionam o Banco Central – BACEN, pela desvalorização do real frente ao dólar para lhes render mais. (lembremos que não é o dólar que aumenta, é o real que se desvaloriza).

Como o atual governo em mais um ato de subordinação ao capital tornou o Banco Central independente, o estado perdeu o controle sobre a moeda e sobre  o câmbio, fechando o círculo da dominação.

Explica – se: o exportador de commodities celebra os seus contratos no exterior em dólar, porém por ocasião do pagamento no Brasil ele, não recebe a sua parte  em dólares e  sim em real. O Banco Central – BACEN, faz a troca de moedas ficando com o dólar para fechar as contas do tesouro,   entregando o valor equivalente em real ao produtor. Dessa forma para o produtor obter mais reais e ganhar mais dinheiro, quanto mais estiver desvalorizado o real melhor será para o exportador. entendeu?

Exemplo: se o produtor estiver  vendendo o quilo de carne bovina no mercado interno a R$ 40,00 e consegue no mercado externo um preço de US$ 20 por quilo, ele receberá do BACEN R$ 110,00, ( com a cotação de US$1 por R$5,50)
Com esse simples exemplo, é possível perceber porque a carne está com o preço tão elevado nos frigoríferos, apesar da baixa demanda nacional.
O mesmo raciocínio  é valido  para a carne de frango, de porco e os chamados embutidos: presunto, mortadela, bacon, linguiça etc.

Mutatis mutandis nos voltemos para os derivados de petróleo que foram transformados em comodities, em que pese o Brasil ser autossuficiente e hoje sem nenhum controle e ao livre arbítrio dos acionistas da Petrobrás, estamos tendo aumentos de combustíveis semanais, o que se transformou na nossa angustia semanal.
Já nos reportamos à quebra do monopólio da Petrobras e a abertura do capital da empresa, como parte do desmonte da nossa indústria de petróleo  o que nos permite apreciar o seu papel nesse emaranhado econômico, como a nossa mais valiosa  commoditie.

Pois bem, o governo passou a fazer leilões de campos de petróleo que mudando de mãos retirou  a Petrobras do processo de prospecção, portanto não necessitando mais de plataformas. Essa ação que anulou a Petrobrás como cliente de plataformas, fez com que ela desse as costas à indústria naval que fora recuperada por Lula, inviabilizando – a, provocando desemprego generalizado nos estaleiros. Os estaleiros que não encerraram as suas atividades estão atualmente em dificuldades financeiras como é o caso do estaleiro do Porto de Suape e a aparente desistência da construção do estaleiro de Lucena na Paraíba.

Nessa saga demolidora do governo Bolsonaro, a Petrobrás passou a paralisar uma a uma as suas 14 refinarias, a mandar o petróleo bruto para ser refinado nos Estados Unidos a 30 dólares o barril, para em seguida importar derivados refinados, entre eles os combustíveis, que nos chega de volta a 80 dólares o barril.

O passo seguinte foi atrelar o preço dos combustíveis ao dólar para satisfazer o apetite insaciável dos acionistas, mesmo sendo o Brasil um país autossuficiente em petróleo.
Hoje em dia estamos enfrentando reajustes semanais de combustíveis, segundo eles por conta da variação dos preços internacionais do petróleo e “à mão invisível do Deus mercado.”

Agora que você sabe o que são commodities, terá condições de estudar e aprender mais, para que num futuro próximo, estejamos todos juntos numa só causa que é trazer o Brasil de volta para os brasileiros. Quem viver verá!

 

 

 

Consulta:https://brasilescola.uol.com.br/filosofia;https://www.marxists.org/portugues/Politzer;https://www.google.com/search?q=a+historia+da+riqueza+do+homem

Fotografias:http://terrabrasiliscomex.com/commodities-do-brasil;https://prezi.com/p/ouj2ywkgstzi/marx-e-hegel;Golpe faz Brasil retomar tradição antidemocrática – Blog da Cidadania; https://alfonsin.com.br/mercado-internacional-rssia-exportao-de-carne-bovin/www.sinttelrs.org.br/;

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2 COMENTÁRIOS

  1. Dona Anita Machado, a China até 1948 era um país agrário dominado pelo capitalismo Inglês .
    O chinês era tão humilhado que nos restaurantes estava escrito: “É Proibido Entrar Cachorro é Chinês”. O povo da China fez uma revolução, expulsou os imperialistas se fechou em copas e foi se desenvolver. Agora em 2025, apenas 77 anis depois, a China será a maior economia do mundo.
    O Brasil tem jeito sim! e como tem!

  2. Recebemos telefonemas e mensagens de watt zap nos parabenizando pelo artigo. Se disséssemos que não ficamos gratificados com a iniciativa estaríamos faltando com a verdade. O aplauso sempre nos lisonjeia mas aumenta em nos a responsabilidade.
    Entendo que muitos amigos não podem aparecer aqui para não serem perseguidos pela secretaria de comunicação do estado.
    Seguiremos na mesma linha que prioriza a verdade.

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